Judô do Brasil repensa treinos e irá à Mongólia e Georgia após Mundial ruim
Daniel Brito
Voltar do Mundial de Astana, no Cazaquistão, com duas medalhas, quando a expectativa era trazer cinco, vai fazer com que o judô nacional repense alguns de seus métodos e procedimentos. Desde o fim da competição, em 30 de agosto, a CBJ (Confederação Brasileira de Judô) diz estar promovendo reuniões pensando em mudanças.
Pelo discurso de Ney Wilson, gestor técnico de alto rendimento da confederação, novos treinamentos serão montados e dojôs (pisô de disputa) nunca antes frequentados devem ser visitados.
“Estamos fazendo uma revisão dos treinamentos temáticos em função do que vimos neste Mundial. e já temos três agendados para este ano”, avisou Wilson, durante debate da Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados, na quinta-feira, 10, em Brasília, “Os treinos temáticos são feitos após avaliações técnicas. Cria-se um treinamento voltado apenas para o trabalho de solo, por exemplo, caso se identifique uma deficiência de determinado atleta neste ponto. São treinamentos direcionados e têm dado resultado. Os atletas absorveram bem”, explicou o dirigente.
Wilson foi bastante cobrado pelo deputado João Derly (PC do B-RS), ex-judoca, que nessa quinta celebrou 10 anos de seu título mundial, no Egito – o primeiro do judô nacional. Na condição de presidente da sessão de ontem, Derly questionou, entre outras coisas, sobre a falta de renovação na equipe brasileira, a opção por algumas competições de menor nível técnico na fase preparatória para o Mundial, e sobre a busca por novas escolas de judô no cenário internacional.
O dirigente respondeu a todos os itens e informou que a CBJ projeta parcerias de treinamento com países pouco conhecido do esporte brasileiro. “Estamos tentando parcerias, mas eles são muito fechados. Países como Uzbequistão, Cazaquistão e a Mongólia, que vêm crescendo, ainda que não tenham feito uma grande campanha no Mundial, tal qual o Brasil. O Cazaquistão deve vir ainda neste ano ao Brasil, e, assim, a gente abre uma porta para ir treinar lá também. E tem uma escola bem fechada, que é a Georgia, que a gente busca um maior contato”, vislumbrou.
O Mundial de Astana ficou marcado como o de pior desempenho do Brasil na modalidade em seis anos. Na edição de Roterdã-2009, o país voltou para casa sem medalha. Neste ano, apenas a brasiliense Érika Miranda (até 52 kg) e o carioca Victor Penalber (até 81 kg) subiram ao pódio no Cazaquistão. Foram dois bronze para o Brasil na competição.
“Não dá para apagar tudo que foi construído até hoje e avaliar só um Mundial. Sem dúvida, o resultado esteve longe da qualidade dos nossos atletas, do comprometimento que eles sempre demonstraram e do projeto do judô nacional, mas tivemos problemas de lesão de diversos atletas importantes. Isso foi só um momento”, ponderou Ney Wilson.