Ex-diretora do COB integra comitê de educação da Agência Mundial Antidoping
Daniel Brito
A hoje ex-diretora do COB, Christiane Paquelet, representa o Brasil na Comissão de Educação da Wada (sigla em inglês para Agência Mundial Antidopagem). É um grupo de 17 pessoas de diferentes países chefiados pela lenda do atletismo olímpico Edwin Moses, americano ´dono de dois ouros olímpicos nos 400m com barreiras, em Montreal-1976 e Los Angeles-1984.
A Comissão de Educação é responsável por fornecer recomendações e orientações para Wada sobre a estratégias de abordagens para políticas educativas dos programas de combate ao doping da agência.
Christiane é uma das três observadores do grupo. Uma de suas atribuições como diretora Cultural e de Educação do COB era estabelecer uma política educacional de combate ao doping para os atletas olímpicos brasileiros. Por diversas vezes, representou o comitê em reuniões com autoridades federais deste tema no Rio. Mas o controle de dopagem não era de sua responsabilidade, e sim do médico Eduardo de Rose.
Conforme nota divulgada pelo COB no início da noite de quinta-feira, 1º de outubro, Christiane Paquelet não possui mais vínculos com o comitê. Para o cargo da Wada, ela está mantida.
Entenda o caso
No início desta semana, este blog publicou a história de uma atleta que mentiu para figurar no livro ''Atletas Olímpicos Brasileiros'', escrito pela pesquisadora Katia Rubio, talvez o mais importante trabalho da literatura olímpica do país. Em seu blog, a autora relatou o caso de Christiane Paquelet, mas sem revelar o nome da atleta.
“Em seu depoimento, gravado em vídeo, ela conta detalhes do embarque para os Jogos Olímpicos, do uniforme que era feio, do treinamento no qual se lesionou e do retorno ao Brasil. Para mim, teria sido mais um dos casos pitorescos que exprime o desejo de ser olímpico, facilmente explicável pelas teorias psicológicas, não fosse a indignação das colegas de modalidade que no mesmo dia do lançamento do livro me alertaram sobre o erro.”
No dia seguinte ao post, que veio a ser terça-feira, 30, Juca Kfouri revelou o nome da atleta em seu blog no UOL Esporte:
“O nome de quem falsificou a história é Cristiane Paquelet (foto), uma ex-nadadora do Fluminense que depôs como se tivesse participado da Olimpíada de Munique, em 1972, para indignação das nadadoras que, de fato, foram aos Jogos na Alemanha e tiveram suas histórias, de certa forma, furtadas pela farsa.
Seria apenas um caso para os consultórios de psicologia não fosse o fato de a museóloga Paquelet ser simplesmente Diretora Cultural do Comitê Olímpico do Brasil, em tese uma guardiã de nossa memória olímpica, com sala ao lado de Carlos Nuzman, o cartola que preside o COB e o Rio-16.”
Paquelet desculpou-se para Kátia Rubio, desligou-se do comitê na quinta-feira. Mas seu nome continua lá na primeira edição da obra prima de Kátia como uma atleta olímpica. Somente na versão virtual e na segunda edição impressa do livro que ela terá seu verbete riscado dos registros.
Ela e Zequinha Santos, outro nadador que mentiu e também disse ter participado dos Jogos de Moscou-1980, sem nunca, jamais, ter estado em uma edição dos Jogos,.