Blog do Daniel Brito

Novembro foi um mês trágico para os atletas olímpicos mais velhos do mundo

Daniel Brito

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Ingeborg Sjöqvist foi a única mulher da delegação sueca em Los Angeles-32 (Crédito: arquivo)

Durou só sete dias o status de mais velha atleta olímpica viva para a sueca Ingeborg Sjöqvist. Ela conquistou o posto em 15 de novembro, quando o chinês Guo Jie morreu na cidade de Xi’an, na região central da China, aos 103 anos, nove meses e 29 dias. A causa da morte não foi divulgada pela imprensa internacional.

Ele disputou a prova de lançamento de disco nos polêmicos Jogos de Berlim-1936, apenas um ano após iniciar-se no esporte, por incentivo de um amigo. Chegou à final olímpica, mas não alcançou o pódio.

Jie carregou a chama olímpica da tocha para os Jogos de Pequim-2008. Ao morrer, no último 15 de novembro, passou o posto de mais velho atleta olímpico vivo para Sjöqvist.

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Guo Jie, ainda aos 96, conduziu a tocha de Pequim-2008 (Crédito: Divulgação)

A sueca chegou a disputar Los Angeles-1932 nos saltos ornamentais. Era a única mulher da delegação da Suécia que demorou mais de um mês para atravessar o Atlântico de navio para atracar nos Estados unidos. Terminou com o quarto lugar. Quando celebrou seu 100º aniversário, em 2012, a ex-saltadora contou que a maior alegria da sua vida foi pisar nos Estados Unidos após tanto tempo no navio sendo a única atleta a bordo.

Em Berlim-1936, lá estava Sjöqvist novamente, mas acabou em nono entre 23 competidoras na plataforma de 10m.

Morreu também aos 103 anos, sete meses e três dias, em Rydebäck, na Suécia, no último dia 22, domingo seguinte ao falecimento do chinês. Talvez por ter partido em uma data tão próxima à de Guo Jie, o noticiário internacional não tenha registrado o fato com tanta ênfase quanto como foi a notícia do chinês.

Recorde é de atirador americano

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O atirador Walter Walsh, aos 39: morreu em 2014 aos 106 anos (crédito: Arquivo)

Nem a sueca e nem Jie superaram, no entanto, o recorde do americano Walter Walsh. Ele está na história como o atleta olímpico que mais tempo viveu. Foram 106 anos desde maio de 1907, quando nasceu no Estado de Nova Jersey, até abril de 2014, um dia desses, quando se foi deixando nos arquivos olímpicos sua 12ª colocação na pistola livre de 50m nos Jogos Olímpicos de Londres-1948.

Com as perdas de Jie e, posteriormente, de Sjöqvist apenas neste mês de novembro, o status de mais longevo competidor a ter participado de uma edição dos Jogos, volta, portanto, para os Estados Unidos. É a ex-atleta do atletismo Simone Schaller. Ela completou 103 anos em agosto, e disputou a prova dos 80m com barreiras (que já não faz mais parte do programa dos Jogos) em Los Angeles-32 e Berlim-36.

E no Brasil?
O mais velho atleta olímpico brasileiro ainda vivo é Jean-Marie Faustin Goedefroid Havelange, mais conhecido apenas como João Havelange. Ele é de maio de 1916 e nadou pelo Brasil em Berlim-36 e em Helsique-1952, antes de se tornar cartola e chegar até a presidência da Fifa (1974-1998). A professora Kátia Rubio, da Escola de Educação Física e Esporte da USP (Universidade de São Paulo), em seu livro  “Atletas Olímpicos Brasileiros”, publicado em agosto pela editora Sesi-SP, registrou Havelange como o desportista olímpico do país há mais tempo entre nós nos dias de hoje.

O ex-dirigente e ex-nadador estava internado em decorrência de problemas pulmonares, mas recebeu alta no último sábado, 28. A professora Kátia Rubio faz planos de entregar a ele até a próxima semana, no Rio, um exemplar do livro com informações sobre todos os atletas olímpicos do Brasil.

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Havelange em 1951, antes dos Jogos Olímpicos de Helsinque (arquivo)