Mais uma da Rússia. Atleta diz que atropelamento na infância causou doping
Daniel Brito
A russa Irina Maracheva, 31, entrou para a história como mais uma atleta do país a ser flagrada no exame antidoping e, principalmente, por aumentar o inventário de justificativas para que seu teste de sangue detectasse alguma substância ilegal.
“Há muito estou tentando provar a inocência de Irina [Maracheva]. O fato é que quando ela era criança, sofreu um grave acidente, foi atingida por um carro, bateu a cabeça, sofreu uma concussão séria. Isso alterou os parâmetros do sangue dela”, disse à imprensa russa Zamira Zaytseva, ex-meio-fundista da União Soviética e treinadora de Maracheva.
A atleta, bronze nos 800m no Europeu de atletismo em 2012, na Finlândia, falhou no teste do passaporte biológico, que consiste em mapear individual o sangue de cada competidor. Por isso, foi suspensa por dois anos do esporte pelo Comitê Olímpico da Rússia.
“Não conseguimos provar 100% a relação entre o trauma da infância e a alteração no sangue, mas Irina já fez exames antidoping diversas vezes antes. Por que só agora deu resultado anormal? Porque foi feito apenas o teste de sangue, quando fazem exame de sangue e urina nunca dá positivo”, explicou à agência de notícias Tuss, da Rússia.
A cruzada contra o doping no atletismo russo é grande. O país ainda não está confirmado nos Jogos Olímpicos do Rio-2016, desde que foi revelado, na segunda metade de 2015, o caso de ocultação sistemática de doping envolvendo estrelas da modalidade na Rússia. O esquema envolvia os competidores de melhores resultados em competições internacionais e há a suspeita de que havia até a participação de membros do alto escalão do governo nacional. Até o antigo presidente da IAAF (sigla em inglês para Federação Internacional de Atletismo), o senegalês Lamine Diack, e seu filho, estão envolvidos. Recentemente, a Adidas anunciou a retirada do patrocínio milionário da entidade (cerca de R$ 123,6 milhões).