Blog do Daniel Brito

Ditador da Coreia do Norte também quer conquistar o mundo do esporte

Daniel Brito

23nov2013---nesta-foto-de-18-de-novembro-o-ditador-norte-coreano-kim-jong-un-a-frente-inspeciona-a-construcao-do-complexo-de-natacao-de-munsu-1385251246620_956x500Entre todas as excentricidades do ditador Kim Jong-un, da Coreia do Norte, a paixão fervorosa por esporte tem uma atenção especial. Desde sua amizade, um tanto quanto improvável, com Denis Rodman, até o desejo de transformar o país em uma potência esportiva. Em seu desejo megalomaníaco, o país deve ser referência na maior quantidade de modalidades possível, começando pelas que expressam virilidade.

É o caso, por exemplo, do levantamento de peso. No último Mundial, realizado em Houston, Estados Unidos, em novembro de 2015, a nação do ditador foi o terceiro maior medalhista, atrás apenas das potências China e Rússia. A estratégia era impressionar os Estados Unidos mostrando em solo americano a força de seus esportistas, muito embora os americanos pouco se dediquem à esta modalidade.

Mas o fato é que no pouco que se sabe do planejamento de Kim Jong-un há um capítulo sobre reforçar as características mais marcantes. E aí entra o levantamento de peso como marco zero da jornada. Braços e pernas curtos e tronco alongado em relação aos membros dão aos norte-coreanos a medida exata para serem os melhores lançadores de barras com anilhas. Chineses e sul-coreanos também tem este biotipo, caso Kim Jong-un não saiba.

O ditador criou, assim que assumiu a cadeira de “presidente” da Coreia do Norte, um órgão que pode ser chamado de Comissão de Orientação Estatal de Cultura Física e Esportes. É lá que Kim Jong-un aloja e treina os atletas do levantamento. Ninguém sabe ao certo o que se passa nas instalações  e nem os métodos de treinamento.

Há quase um ano, durante encontro anual de esportistas em um estádio de futebol na capital Pyongyang, ele ordenou que fosse lida no sistema de som uma carta na qual dizia que o esporte “aumenta o poder da pátria, exalta a dignidade e a honra da nação, despertando o orgulho nacional e a auto-estima da população, fazendo o espírito revolucionário prevalecer em toda a sociedade”, segundo reportou a KCNA (sigla em inglês para Agência Central de Notícias da Coreia do Norte).

Kim Jong-un quer receber grandes eventos internacionais. Já esboçou candidatura para Copa do Mundo Fifa e pediu para ser uma das sedes dos Jogos Olímpicos de inverno de 2018, que será na cidade sul-coreana de Pyeongchang. Localidade que, por sinal, tem sofrido certo preconceito com a semelhança no nome com a capital norte-coreana. A ideia do ditador nunca foi adiante. A imprensa internacional noticiou a possibilidade de uma competição de judô ser realizada no país no próximo ano. Em 2014, recebeu 12 países para uma copa asiática  interclubes de levantamento de peso. Entre os visitantes estavam atletas da Coreia do Sul, que pela primeira vez foram ao vizinho do norte competir desde o fim da guerra entre as duas Coreia, em 1953.

Para os Jogos do Rio-2016, Kim Jong-un garantiu a presença de, pelo menos, 26 atletas. Em Londres-2012, foram 51 atletas, que fizeram a Coreia do Norte voltar para casa com quatro ouros olímpicos, um a mais que o Brasil.

Resta saber e o país está pronto para encher de orgulho o ditador viciado em esporte e superar a marca de quatro anos atrás nas arenas cariocas.