Lei Piva vai mal e COB deve ter arrecadação abaixo do esperado
Daniel Brito
Nos nove primeiros meses de 2016, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) arrecadou R$ 147,7 milhões da Lei Piva. A informação é da Caixa, o banco estatal que administra e promove as loterias federais, fonte desse recurso. Na média, o comitê está arrecadando R$ 16,4 milhões por mês.
Se mantiver este ritmo nos três últimos meses de 2016, a entidade pode ver seu faturamento perder mais de R$ 40 milhões ao final de 2016. É que em 2015, o COB foi contemplado com R$ 242 milhões das loterias. Assim, o comitê pode entrar em 2017 com R$ 196 milhões da lei. Seria o menor valor desde 2013, quando amealhou R$ 186 milhões.
Será também o caso raro de erro de previsão do COB para mais. Todos os anos, o comitê divulga uma estimativa de ganhos com a lei, que frequentemente é feita de forma conservadora. No final do ano, o COB acaba recebendo até 20% além do que previra no exercício anterior. Tem sido assim desde 2012. A meta agora em 2016 era de R$220 milhões
''Não há na lei nenhuma garantia de que o volume de apostas em um determinado ano será igual ou maior no ano seguinte. Para garantir a execução do planejamento de 29 confederações e o planejamento do próprio COB precisamos partir de premissas conservadoras'', justificou o comitê, em reportagem de 2014.
Mas em 2016 o cenário está diferente.
Para chegar aos R$ 240 milhões de 2015, o COB teria que estar recebendo, em média, R$ 20 milhões mensais. Em geral, o período de final de ano costuma registrar um aumento nas apostas, o que pode trazer um pouco de alívio nas contas. Mas atingir esta média de 2015 parece fora da realidade, num cenário de crise.
Basta lembrar que em 2015, em que pese tenha sido agraciada com montante recorde das loterias federais, o comitê gastou R$ 21 milhões além do que arrecadou.
A Caixa informa que o ritmo das apostas não diminuiu. “O desempenho dos produtos lotéricos sofre influência direta de diversos fatores, como a ocorrência de feriado prolongado, sequência de concursos acumulados e realinhamento de preços das apostas, dentre outros”, explico o banco, via assessoria de imprensa.
Desde 2001, 2% do prêmio das loterias federais é destinado ao Comitê Olímpico (1,7%) e Comitê Paraolímpico Brasileiro (0,3%). A partir de 2016, os paraolímpicos passaram a receber 1%, enquanto o COB manteve seu percentual.