Blog do Daniel Brito

Como Eike foi peça fundamental para o Rio receber os Jogos Olímpicos-2016

Daniel Brito

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Eike e Cabral riem em evento de 2009, muito antes da Lava Jato (AP /Ricardo Moraes)

Impossível não associar Eike Batista aos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Ele teve atuação direta na campanha vitoriosa para sediar o evento, ainda em 2009, e deixou muitas promessas não cumpridas para a cidade. Ele é procurado até pela Interpol por ser alvo de um mandado de prisão preventiva expedidos pela 7ª Vara da Justiça Criminal do Rio pela operação Eficiência, segunda fase da operação Calicute – braço da operação Lava Jato no Rio de Janeiro.

Nos meses que antecederam a eleição da sede dos Jogos-2016, ainda em outubro de 2009, Eike contribuiu com uma doação de R$ 23 milhões para a campanha brasileira. Isto representa cerca de 16% do valor da candidatura, estimada em R$ 138 milhões (em valores de 2009). Ainda emprestou seu jatinho para o então governador Sérgio Cabral, atualmente detido em Bangu, também alvo da operação Calicute, para se deslocar até a capital dinamarquesa.

Uma de suas empresas, a MGX adquiriu a concessão da Marina da Glória em setembro de 2009. À época, o custo da compra também não foi revelado, porém, entre aquisição e investimentos, Eike desembolsaria R$ 150 milhões. Ele pretendia revitalizar, abrir restaurantes, lojas e casa de shows. Segundo informou a Folha de S.Paulo, em 2014.

O local era ponto das embarcações que disputaram as provas de vela nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos-2016. Eram necessárias adequações para atender às exigências da competição. Em 2013, com seu império já em começando a desmoronar, Eike repassou a administração da Marina à BR Marinas, em negócio aprovado pelo CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)..

Pertinho dali, havia o Hotel Glória, o mítico prédio que o empresário adquiriu com a promessa de restaurar e reabrir para receber turistas na Copa do Mundo Fifa-2014 e Jogos Olímpicos e Paraolímpicos-2016. Seu projeto foi um fiasco. O Hotel Glória foi adquirido em 2008 pela REX, braço imobiliário do grupo de Eike, por R$ 80 milhões. A Folha de S.Paulo noticiou em fevereiro de 2014 que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) liberou R$ 50 milhões em financiamento. Paredes foram quebradas e a obra até começou, mas não terminou.

Em 2014, Eike vendeu por R$ 200 milhões o hotel a um grupo suíço.

A coleção de insucessos de Eike conta ainda com uma aventura no vôlei. Ele montou um time e contratou algumas estrelas da seleção brasileira, como o levantador Bruninho. Porém, atrasou os salários e Bruninho deixou a agremiação antes do fim da Superliga 2013-2014.

Eike também contratou atores para emplacar um macaco como mascote dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio-2016. Camila Pitanga, Marcos Pasquim, até Chico Buarque e o chef Claude Troigros entraram na campanha de uma das empresas de Eike.

Não logrou êxito, como se sabe.

Em 2012, os jornais O Globo e Folha de S.Paulo noticiaram que a IMX, empresa de Eike responsável pelo estudo de viabilidade econômica do Complexo Esportivo do Maracanã, receberia R$ 2,4 milhões apenas para realizar o estudo.

No futebol, ele associou-se à Odebrecht quando da concessão do Maracanã, em 2013. Dois anos mais tarde, com o império em ruínas, Eike abriu mão de sua participação (5%) na administração do estádio.