Blog do Daniel Brito

Polêmica do City aumenta histórico de Guardiola com suspeita de doping

Daniel Brito

A Associação Inglesa de Futebol (FA, na sigla em inglês) deu o prazo até esta sexta-feira, dia 27, para o Manchester City justificar as infrações no controle de dopagem cometidas por seus jogadores já nesta temporada 2016-2017. O clube deixou de passar a informação precisa sobre o local onde alguns jogadores estariam para os coletores de urina (ou sangue) que seriam submetidos a testes antidoping.

No vocabulário da Wada (Agência Mundial de antidoping), se chama wherebaout: ou seja, dar o paradeiro dos atletas que serão testados. O City falhou três vezes ao informar locais de treinamento ou endereços de localização dos atletas. Falta grave. O City pode ser multado 25 mil libras esterlinas (cerca de R$ 100 mil) se não apresentar justificativa plausível até amanhã.

A falta é grave, porém, até certo ponto comum. Por isso, seria mais um caso de infração de “whereabout” não fosse pelo fato de o clube, atualmente, ter como treinador o espanhol Pep Guardiola. O treinador tido como vanguardista e revolucionário, especialmente pela época em que comandou o Barcelona de Messi (2009-2012), tem o currículo maculado pelo doping. E vem de há muito.

MANCHESTER, ENGLAND - DECEMBER 03: Josep Guardiola, Manager of Manchester City gestures during the Premier League match between Manchester City and Chelsea at Etihad Stadium on December 3, 2016 in Manchester, England. (Photo by Laurence Griffiths/Getty Images)

(Laurence Griffiths/Getty Images)

Remonta dos tempos de Pep no modesto Brescia, da Itália. Em 2001, ainda quando era jogador, ele foi flagrado em exame antidoping com uma substância proibida chamada nandrolona. A nandrolona é um esteróide anabolizante que ajuda na recuperação física, entre outras muitas coisas.

O curioso é que Pep fora flagrado em exame após seu time levar uma goleada de 5 a 0 da Lazio. Foi suspenso por quatro meses pelo Comitê Olímpico Italiano, que geria os julgamentos às violações de doping no país à época. Chegou até a ser condenado a prisão, decisão que nunca foi levada a cabo.

É que a Itália estava numa luta intensa contra o doping e o fato de ser flagrado em exame já era possível de sanção penal. O processo arrastou-se por anos, até que em 2009 Guardiola foi declarado inocente, embora o exame comprovasse a presençapresença de nandrolona em seu organismo. O ex-volante alegou que seu corpo produzia naturalmente a substância e isso seria o motivo do flagrante. A corte italiana reabriu o caso, mas não foi adiante.

Anos depois daquele exame em que foi encontrado nandrolona em seu organismo, Pep treinava o Barcelona de Messi, com Xavi e Iniesta voando baixo, e o ataque com Eto’o, Messi e Ibrahimovic, quando começaram a surgir os primeiros casos de falha de “whereabout”. O Barcelona pagou multa de 30 mil euros (R$ 102 mil em valores atuais) à UEFA. Uma rádio  de Madrid acusou o Barcelona de doping, mas nunca conseguiu comprovar com fatos.

Ao se transferir para o Bayern de Munique, em 2013, Guardiola chegou com toda a pompa e toda a circunstância, mas não faltaram suspeitas. A TV pública MDR lembrou dos casos de doping. As suspeitas aumentaram quando o treinador dispensou o médico que atuava no clube havia mais de três décadas, numa tentativa de ter o controle do que os atletas consumiam, principalmente durante período em que estavam contundidos. Porém, nenhuma violação grave foi notificada durante a gestão do técnico na agremiação.

Até que veio o caso dos “whereabout” do City.

O diário esportivo As, de Madrid, lembrou o caso de outros atletas, especialmente os olímpicos que testaram positivo para nandrolona e foram suspensos por anos e não meses como Pep. Lembrou ainda de casos de problemas de whereabout punidos severamente por entidades do esporte olímpico.

Como dizem os céticos sobre doping no futebol, o consumo de substâncias proibidas para melhorar a performance na modalidade não fará o jogador acertar mais passes ou chutes a gol, diferentemente do desempenho em esportes de força e/ou resistência. Por isso que a violação do Manchester City de Pep Guardiola passou tão timidamente pelo noticiário futebolístico neste início de 2017.