Cartola da canoagem veta Petrobras em uniforme de equipe olímpica
Daniel Brito
A CBCa (Confederação Brasileira de Canoagem) vetou a possibilidade de seu melhor atleta, Isaquias Queiróz, de exibir a logo da Petrobras no uniforme de competição. Esse foi um dos motivos pelo qual o maior canoísta do país boicotou o evento teste da modalidade no início de setembro, na Lagoa Rodrigo de Freitas.
Três vezes campeão mundial, o baiano de Ubaitaba questionou, entre outras coisas, o fato de ostentar a logo do BNDES, banco que patrocina, via lei de incentivo, a CBCa. “Mesmo sem receber, a gente leva a camisa do BNDES para competir, se não é punido”, reclamou à época. Isaquias é um dos 25 atletas do Time Petrobras, montando neste ano com potenciais medalhistas nos Jogos do Rio-2016. É o único canoísta neste grupo, sua remuneração mensal pelo patrocínio é de cinco dígitos. Complementa a renda de bolsas que recebe do governo federal e da própria CBCa, por intermédio do BNDES.
Mas como a Petrobras é um patrocinador individual, a CBCa vetou a exposição no uniforme oficial de competição. “Jogador da seleção brasileira de volei pode colocar patrocinio individual na camisa da CBV?”, questionou João Tomasini, que há 27 anos ocupa o cargo de presidente da CBCa. “No uniforme nacional não terá patrocínio da Petrobras, a gente dá a possibilidade de colocar a marca no remo, que é até melhor para foto, e dois espaços no barco”, explicou o cartola.
Ele disse que não é contrário ao investimento direcionado da estatal a Isaquias, mas já há regras estabelecidas antes do acordo entre o atleta e o patrocinador. “Excelente que a Petrobras patrocine ele, excelente que dê condições para montar estrutura de vida futura e para o agora também, mas não é patrocinadora da CBCa. Nosso patrocinio é do BNDES, GE [General Eletrics] e Itapu Binacional, no caso da canoage slalom. Quando nós fechamos o patrocinio para toda a modalidade, cedemos nosso espaço para cumprir, então nós estamos cumprindo”, avisou.
As declarações foram dadas em audiência pública realizada na Câmara dos Deputados, há uma semana. Após o fim da sessão, Tomasini disse a este blogueiro que tanto Isaquias quanto os demais atletas jamais deixaram de receber seus rendimentos mensais, reforçando o que já dissera no evento teste, quando do boicote. E garantiu que, “com moderação”, está conversando com atletas e comissão técnica para evitar futuros desentendimentos.