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Arquivo : Campinense Clube

Ele foi cotado como substituto de Zico no Fla. Morreu só, aos 53, no Recife
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Daniel Brito

Por Leonardo Alves*

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Henágio foi campeão pernambucano em 1983 pelo Santa (divulgação)

Morreu em casa, no Recife, sozinho, na segunda-feira, 26, aquele que já foi apontado como o substituto de Zico no Flamengo. Henágio Figueiredo dos Santos, 53, sergipano de Aracaju, morreu sem que se tenha sido divulgada a causa da morte. Deixou lembranças na memória dos torcedores do Santa Cruz, Sport, Campinense-PB, e Flamengo.

Tinha como característica a habilidade, o “drible curto e imprevisível”, como definiu o obituário no site do Santa Cruz, o futebol vertical, sempre em direção ao gol, e, principalmente, o jeito boêmio de levar a carreira de atleta e a vida.

Henágio acreditava que a bebida e o cigarro nunca o atrapalhariam. Foi ídolo na década de 80 no Santa Cruz e no Sport. Conquistou o estadual de 1983, o tri-supercampeonato, com sete gols. Já em 1986, fez 17 gols no Leão da Ilha do Retiro comandado por Ênio Andrade.

Chegou àquele timaço do Flamengo com a expectativa da imprensa de que seria o substituto de Zico. Desde que Tita trocara o Rio por Porto Alegre, era preciso encontrar um 10 para ocupar o vácuo que a iminente aposentadoria de Zico causaria. Mas jogou apenas 28 vezes, entre 1987 e 1988. Compôs o grupo que conquistou a controversa Copa União-87 e a Taça Guanabara da temporada seguinte. Fez quatro gols, acumulou atuações apagadas que não justificavam estar ao lado de craques como Jorginho, Aldair, Leonardo, Bebeto e Zinho.

O quase-gol mais incrível da carreira
Em 1993, já aos 32 anos, foi o principal jogador do Campinense Clube, de Campina Grande, na conquista do estadual. Levou para a Paraíba seu hábito de beber muito nas folgas, mas ser decisivo em campo.

“Henágio era uma referência, um líder natural. Chamava a responsabilidade e nós tínhamos muitos jogadores jovens e ele era um paizão.Tinha o carinho e o respeito de todos. Muito amigo fora de campo”, comentou o ex-volante Gilmário, que na Paraíba jogou também no Treze e no Botafogo.

O momento mais marcante na passagem de Henágio pelo Campinense não foi o título, mas uma jogada, que como sua passagem pelo Flamengo, ficou no quase. Era um sábado de agosto de 1993, os rivais de Campina Grande, Treze e Campinense se enfrentavam no estádio Amigão com mais de 30 mil torcedores.

O jogo estava 1 a 0 para o Treze, quando Henágio roubou a bola próximo à grande área do Campinense, arrancou, cruzou quase toda a extensão do campo, passou por cinco adversários mas, de cara com o goleiro, chutou por cima.

“Ganhava 100, gastava 100”
Como a maioria dos boleiros não fez fortuna. Nos últimos anos trabalhava nas categorias de base do Santa Cruz depois de comandar uma escolinha de futebol em Aracaju. Para a maioria dos amigos e ex-companheiros, Henágio desperdiçou a vida com a boêmia. Ele sempre pensou o contrário. “Se ganhasse 10, gastava 10. Se ganhasse 100, gastava 100. Cheguei a levar para casa três sacolas de supermercado cheias de dinheiro de uma premiação. Mas tudo acaba um dia. Não me arrependo de nada. Conheci o mundo sem gastar nada e ainda recebendo por isso jogando futebol”, disse em entrevista a João de Andrade Neto, publicada no Jornal do Comércio, de Recife, em 2010.

O sergipano ainda tem no currículo passagens pelo Guarani, antes de ir para o Flamengo, e Treze de Campina Grande, já no fim da carreira, sem o mesmo brilho.

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Henagio trabalhava nas categorias de base do Santa Cruz (divulgação)

Santa Cruz e Sergipe no caixão
No sábado que antecedeu sua morte, dia 24, passou mal durante um jogo comemorativo do aniversário de Luís Neto, ex-goleiro do Santa Cruz. Foi internado em uma Unidade de Pronto Atendimento de Paulista, na região metropolitana de Recife. Segundo relatos dos amigos, Henágio foi submetido a um cateterismo e recebeu alta.

Na segunda-feira, contudo, foi encontrado morto em casa, próximo ao Estádio do Arruda, onde foi ovacionado tantas vezes. Foi sepultado em Aracaju com bandeira do Santa Cruz e do Sergipe no caixão.

* Leonardo Alves é amante do futebol, acompanhou quase todos os jogos de Henágio pelo Campinense no Amigão. Mas perdeu o mais importante: o do quase-gol contra o Treze. É assessor de comunicação do Núcleo de Tecnologias Estratégicas em Saúde da Universidade Estadual da Paraíba.

 


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