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Estrangeiros vão treinar mais no Rio antes da Olimpíada do que brasileiros
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Daniel Brito

Poluída ou não, a Baía de Guanabara não pode ser considerada uma região desconhecida para os velejadores nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Ingleses, franceses, americanos, e outros estrangeiros completarão três anos de rotina quase que diária de treinamentos no local que receberá as provas de vela em agosto próximo.

Os times mais fortes da modalidade botaram praça e instalaram suas bases em diversos pontos da Baía e dedicam-se a estudar o local, as marés, as correntes de vento, o clima e a poluição que predominam na raia olímpica. Disputam até a Copa Brasil de Vela, encerrada há dez dias, principal competição no calendário nacional.

E mais: quando os Jogos Olímpicos do Rio-2016 começarem, terão mais horas de treino na maré da Guanabara do que a própria equipe brasileira. “Algumas equipes internacionais já treinaram igual ou mais que a seleção brasileira de vela na raia olímpica na Baía de Guanabara”, apontou Marco Aurélio de Sá Ribeiro, presidente da CBVela (Confederação Brasileira de Vela).

“Os Estados Unidos não se encontram na melhor fase na nossa modalidade, mas estão aqui [na Baía de Guanabara] há um bom tempo. Mas as potencias Inglaterra, Austrália, França, que fez nos últimos quatro anos um trabalho impressionante, estão na Baía de Guanabara treinando e conhecendo tudo desde 2013”, acrescentou o cartola.

Na Copa Brasil, por exemplo, os ingleses ficaram com sete medalhas, sendo quatro de ouro. Eles são tidos como os grandes rivais da seleção brasileira nos Jogos-2016. “Brasil e Reino Unido são inimigos dentro da água, não trocamos nenhuma informação, quando o assunto é competição. Mas fora da água, a gente coopera, passa informações, até porque, politicamente, eles nos ajudaram em Londres-2012 e nós os ajudamos em 2016 em vários pontos”, explicou o presidente da CBVela.

Culpa no ministério
Segundo Ribeiro, a responsabilidade pelo pouco tempo de treinamento dos brasileiros na região é pelos critérios exigidos para receber o bolsa pódio, programa do Ministério do Esporte, que contempla os melhores brasileiros no ranking mundial com até R$ 15 mil mensais.

“Nosso atleta é obrigado a correr atrás de resultado lá fora para poder ter ranking mundial e estar no bolsa pódio. Enquanto que o estrangeiro fica no Brasil treinando. No primeiro semestre de 2016, o atleta brasileiro vai passar quatro meses no exterior. Um velejador daqui faz pelo menos dez competições internacionais no mesmo ano. Se ele não está no ranking, perde o acesso ao bolsa podio, porque precisa daqueles resultados, e a bolsa pódio é muito importante para ele e para nós”, justificou Ribeiro.

As declarações foram dadas em audiência pública na Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados, em Brasília.

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