Ginástica gasta meio milhão em Mundial e pede isenção de impostos
Daniel Brito
O Mundial de Glasgow de ginástica artística acabou e o Brasil ficou longe do pódio, mas com um gasto de meio milhão de reais. Para participar da competição, a CBG (Confederação Brasileira de Ginástica) informou ter gasto R$ 500 mil com os atletas e comissão técnica.
Gastos com inscrição, passagens, hospedagens, alimentação na aclimatação e durante o torneio. Dos quais, R$ 160 mil foram para pagar impostos, segundo informou Klayler Mourthé, supervisor de seleções da CBG.
“Daqui do Brasil nós fizemos transferência internacional para hospedar nossos atletas lá na Escócia, pagamos imposto para hospedar nossos atletas campeões brasileiros, campeões olímpicos, na transferência de dinheiro. Vamos pagar 33% de imposto para hotel, alimentação, e inscrição do atleta que vai disputar a vaga olímpica”, lamentou Mourthé, durante audiência pública da Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados.
Por este motivo, ele pediu que a Câmara estude uma medida para isentar de impostos os gastos com as equipes olímpicas nacionais. “Esta norma poderia ser estudada dentro desta Casa [Câmara dos Deputados] para não existir para os atletas que estão na seleção brasileira. Porque com esses R$ 160 mil, poderíamos utilizar em três etapas da Copa do Mundo de ginástica. Mas vai virar imposto. Todas as seleções de todas as modalidades pagam esse imposto”, apontou.
Sempre beneficiados
O discurso de Mourthé foi avalizado por João Tomasini, presidente da CBCa (Confederação Brasileira de Canoagem), e Ricardo de Moura, diretor executivo da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos). Eles participaram da mesma audiência pública na Câmara. em outubro.
Acontece que todas as três entidades, assim como as outras que administram modalidades olímpicas, são amplamente financiadas com recursos públicos. A CBG, por exemplo, vai ter desembolsado, ao final de 2015, mais de R$ 15 milhões da Caixa Econômica Federal em patrocínio de 2013 para cá. Fora os recursos da Lei Piva e os convênios com o Ministério do Esporte. Recurso da iniciativa privada é raro no esporte olímpico nacional.
O que Mourthé pede, portanto, é que a CBG e as demais confederações não sejam tributadas pelo governo para utilizar a verba que recebe do próprio governo. Sendo, assim, beneficiada duas vezes pela máquina pública federal para enviar nossos atletas a competições internacionais.
Objetivos atingidos
Apesar de ficar sem medalhas, o Brasil deixou Glasgow com um de seus dois objetivos alcançados. A equipe masculina ficou em oitavo lugar e garantiu classificação direta e inédita para os Jogos do Rio-2016. Já o time feminino terminou em nono e agora terá que disputar o evento-teste do ano que vem, em abril, para ficar com uma das quatro vagas olímpicas restantes.
Por outro lado, o Brasil passou em branco pela primeira vez desde 2009 e apenas pela segunda vez desde 2002.
Em tempo…
Nenhum deputado manifestou-se a favor da sugestão de Mourthé na audiência pública da Câmara.