Ciclista militar é flagrada no doping. É o terceiro caso na mesma família
Daniel Brito
A ciclista matogrossense Uênia Fernandes, 31, testou positivo para EPO (eritropoietina) em exame antidoping surpresa realizado antes dos Jogos Mundiais Militares deste ano, na Coreia do Sul. A CBC (Confederação Brasileira de Ciclismo) divulgou nota suspendendo provisoriamente a atleta por 30 dias, até que seja apresentada a defesa.
Uênia é 3º sargento da Força Áerea Brasileira e é beneficiária do programa de alto rendimento das Forças Armadas nacional. Representou o país na prova de estrada nos Jogos Militares, na cidade sul-coreana de Mungyeong, e conquistou o ouro por equipes na prova de estrada, ao lado das primas Clemilda e Janildes. Flávia Paparella também compôs o time, mas sobre esta não recai nenhuma suspeita de doping. No inidividual, Uênia terminou em nono, Clemilda foi prata e Janildes, bronze.
Curiosamente, a família Fernandes tem uma história maculada pelo doping no ciclismo. Além de Clemilda, e Uênia, há registro de utilização de substância proibida por parte de Márcia, irmã de Clemilda e Janildes. Mais curioso ainda, todas foram flagradas utilizando-se da mesma substância: EPO.
O caso mais grave foi o de Clemilda. Em 2011 ela foi flagrada em teste realizado em 2009, durante o Giro d’Italia. Foi suspensa por dois anos, mas a CBC ainda a avalizou para receber a bolsa atleta do Ministério do Esporte. Foi denunciada pelo jornal O Estado de S.Paulo em 2011 e teve de devolver mais de R$ 70 mil aos cofres públicos. Após o fim da sanção, voltou a competir e a representar o Brasil em competições internacionais.
O episódio mais recente é de Márcia Fernandes, 24, cuja suspensão está em curso. Em outubro do ano passado, a goiana, então campeã brasileira de ciclismo de estrada na prova de resistência, foi suspensa por dois anos, por ter sido flagrada com EPO após a conquista do título brasileiro em São Carlos (SP). Notificada pela Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC), ela abriu mão da contraprova e acabou automaticamente punida. Além da suspensão, ela teve todos seus resultados anulados pela entidade, inclusive o título nacional.
Janildes, por sua vez, nunca foi flagrada. Mas falhou em realizar um teste em 2004, também em competição na Itália. Ela não foi encontrada pela a equipe de controle de dopagem para fazer a coleta da urina, o que representa uma infração grave. Esteve ameaçada de ser excluída da delegação brasileira que disputou os Jogos Olímpicos de Atenas-2004, mas apresentou a defesa e foi inocentada.
Reincidente
No mesmo dia em que foi realizado o exame surpresa com Uênia, antes dos Jogos Mundiais Militares, outro sargento da Força Aérea Brasileira, Alex Arseno, também testou positivo para EPO. Seu caso tem um agravante. Ele é reincidente. Em 2009, foi punido por dois anos após ser flagrado pela primeira vez fazendo o uso de EPO. A legislação prega que em caso de reincidência, o atleta deve ser banido do esporte. Em seu Facebook, Arseno desculpou-se pelo ocorrido e anunciou aposentadoria.