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Arquivo : Federação Equestre Internacional

Remo, hipismo, aquáticos…Rio-16 acumula críticas de órgãos internacionais
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Daniel Brito

A espiral de polêmicas em que estão metidos os Jogos do Rio-2016 faz o evento acumular reprimendas e questionamentos públicos de entidades esportivas internacionais. São críticas, muitas das vezes duras, de instituições diretamente afetadas pelos problemas que teimam em brotar com frequência quase que semanal neste período de preparação para os Jogos.

Toda organização para receber mega eventos é marcada por imprevistos, mas o imponderável parece estar jogando contra o Rio-2016 até agora. E as federações internacionais que podem, não perdem a oportunidade de cobrar soluções rápidas e satisfatórias.

A mais recente cobrança veio de Ingmar De Vos, presidente da FEI (Federação Equestre Internacional). As obras no Centro Olímpico de Hipismo, em Deodoro, estão paralisadas desde o rompimento do contrato com a construtora Ibeg, em janeiro.

“Claro que estamos desapontados que toda a infraestrutura não está pronta. Em um mundo ideal, isso teria sido feito antes do evento-teste [realizado em agosto de 2015]. Mas temos de ser realistas e entender a situação e o contexto da crise econômica. Esta é uma das desvantagens de se escolher a sede dos Jogos tão antecipadamente”, comentou Ingmar De Vos, no início desta semana.

Remo: “redução de custos, redução de receita”

117380_8-MD-SDSete dias antes da crítica do dirigente do hipismo, os Jogos-2016 foram questionados por Jean-Christophe Rolland, presidente da FISA (Federação Internacional de Remo, na sigla em francês). A modalidade foi diretamente afetada pelo recente anúncio de corte de gastos feito pelo Comitê Organizador-2016.

Uma das medidas de contenção de despesa é exclusão do projeto de construção de uma arquibancada móvel com capacidade para 4.000 espectadores na Lagoa Rodrigo de Freitas.

O que é curioso porque uma das fontes de renda dos Jogos é justamente a venda de ingressos. Mas o Rio-2016 eliminou essa possibilidade para uma das modalidades mais tradicionais do evento e com certa popularidade na cidade, que é o remo . Mais um indicativo de que a procura por bilhetes patina para atingir suas metas.

“Originalmente, a arena do remo foi planejada para acomodar 14.000 espectadores. Então, este número foi reduzido para cerca de 10 000 lugares. Com o anúncio da remoção de uma plataforma flutuante, estaríamos hoje em 6 000 lugares, talvez menos. Para uma competição olímpica de remo, é algo jamais visto. Em Londres, a raia tinha arquibancadas para até 25.000 espectadores. Foram vendidos ingressos para fora todos os dias”,disse o dirigente.

“Rio-2016 evoca uma questão de redução de custos. O problema é que a decisão foi tomada sem consultar-nos e sem nos dar a oportunidade de encontrá-los com uma solução que seja satisfatória para todos. Seria interessante estudar o assunto como um todo, ou seja, os custos, mas também a receita da competição. Depois de remo, haverá canoagem na Lagoa Rodrigo de Freitas, em seguida, os Jogos Paraolímpicos. Ao remover uma arquibancada, os organizadores reduzem as despesas, mas eles também perdem receita”, completou o cartola da FISA em entrevista ao site francês FrancsJeux.

Grita geral nos desportos aquáticos

parque-aquatico-maria-lenk-no-rio-de-janeiro-uma-das-instalacoes-construidas-para-o-pan-de-2007-02052011-1304381000441_615x300Em setembro do ano passado, o repórter Guilherme Costa, meu colega de UOL Esporte, revelou outros dois casos de federações publicamente insatisfeitas com o Rio-2016. A FINA (Federação Internacional de Natação na sigla em francês) não está satisfeita com a organização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016. Segundo o órgão, as competições de esportes aquáticos estão sendo tratadas com “desrespeito” e as instalações estão abaixo do padrão.

Na mesma semana, a United States Aquatic Sports, entidade responsável pelos esportes aquáticos dos Estados Unidos, ampliou a discussão. Os norte-americanos endossaram críticas da Fina e cobraram ação do prefeito Eduardo Paes (PMDB).

Críticas provocam demissão na vela

fb26b9d0-f545-40ee-8267-4bd30907b3ad Até agora, nem o dirigente do remo e nem tampouco do hipismo tiveram destino semelhante ao do inglês Peter Sowrey. Há pouco mais de duas semanas ele anunciou em sua conta no Twitter que fora demitido do cargo de CEO da ISAF (sigla em inglês para Federação Internacional de Vela) por ser um crítico voraz da realização das provas na Baía de Guanabara. Ele defendia que a vela no Rio-2016 fosse para Búzios.

Além da sugestão de mudança do local de competição da vela, a postura agressiva de Sowrey, que reconheceu que tinha pouca experiência em lidar com a política de federações esportivas, pesou para a saída.

Reunião inédita de “atualização” na Suíça
Essas são apenas algumas das entidades que verbalizaram suas insatisfações com o Rio-2016. No final de janeiro, o COI (Comitê Olímpico Internacional) realizou uma até então inédita reunião com representantes de 28 federações internacionais para que debatessem suas ideias em conjunto com o Comitê Organizador-2016. Segundo informou o site inglês Inside The Games, as federações “sentiram-se agradecidas pelas atualizações feitas pelo Rio-2016 e pela abertura em ouvir a situação individual de cada entidade”.


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