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Amizade com Teixeira evitou propina na CBF, diz Kleber Leite em CPI
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Daniel Brito

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Kleber Leite depôs na CPI da Máfia do Futebol nesta terça, 7 (Daniel Brito/UOL)

Em depoimento à CPI da Máfia do Futebol, na Cãmara dos Deputados, nesta terça-feira, 7, o empresário Kleber Leite, dono da empresa Klefer, negou que tenha pagado propina para cartolas da CBF e afirmou que o empresário J.Hawilla não está em “pleno gozo da sanidade mental”.

Foi a primeira exposição pública de Kleber Leite desde que eclodiu o escândalo de corrupção na FIfa, em maio do ano passado. Em diversos momentos, o empresário citou o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, de forma elogiosa. Até chegou a ensaiar um choro ainda no início da sessão de quase três horas de duração.

“Ricardo Teixeira é meu amigo, sou padrinho da filha dele, me sensibilizo com o momento que ele vem passando agora, nossa relação é afetiva, nunca houve interesse em um mísero centavo na minha relação com Ricardo Teixeira”, disse. O empresário também defendeu Teixeira da acusação de ter recebido propina. “O Ricardo Teixeira me garantiu que nunca recebeu um centavo nos contratos com J. Hawilla. Isso eu posso garantir”.

Quando, já no fim da sessão, o deputado Silvio Torres (PSDB-SP) perguntou sobre os contratos com a CBF, Leite afirmou que o vínculo pessoal com Teixeira o impediu de pagar propina. A Klefer detém os direitos de comercialização da Copa do Brasil (de clubes) até 2022.

Veja como foi o diálogo entre os dois:

SILVIO TORRES (PSDB-SP) – Eu tenho a convicção de que todos os contratos que Ricardo Teixeira ele teve algum tipo de benefício
KLEBER LEITE – Desculpe, com o nosso não houve.
SILVIO TORRES – Eu ia perguntar justamente isso. Por que o senhor foi escolhido para o contrato da Copa do Brasil e não outra empresa do ramo? E se essa escolha foi por sua proximidade e afetividade e amizade com ele?
KLEBER LEITE – Deputado, não posso negar que isso [amizade] não tenha feito parte. seria hipocrisia. Claro que quando se tem afeto e carinho, se aproxima a relação. (…) Pouquíssimas empresas estavam estruturadas para essa operação [da Copa do Brasil].
SILVIO TORRES – O senhor foi escolhido pela amizade?
KLEBER LEITE – Mas minha empresa não foi escolhida pela amizade que temos, e sim pela competência da empresa.
(…)
SILVIO TORRES -O senhor está dizendo, obviamente, que não deu propina para ninguém, que o senhor foi reconhecido como capaz e escolhido pela amizade.
KLEBER LEITE -Exatamente. E dentro de uma situação de ordem financeira absolutamente interessante para a CBF.

Teste de sanidade em Hawilla

J. Hawilla é dono da Traffic, e um dos protagonistas do escândalo de corrupção envolvendo dirigentes de futebol do Brasil e de países do continente. Em um de seus depoimentos à Justiça dos Estados Unidos, Hawilla declarou que a empresa Klefer pagou propina para adquirir os direitos de comercialização da Copa do Brasil de 2015.

Por este motivo, quando as prisões dos cartolas foram efetuadas no hotel Bar-au-Lac, em Zurique, na Suíça, em maio do ano passado, Ministério Público no Rio de Janeiro e da Polícia Federal promoveram busca de documentos e computadores na sede da Klefer, no Rio. “Eu pediria um teste de sanidade mental no senhor J. Hawilla. Duvido que ele esteja em pleno gozo de sanidade mental. Até entendo, porque ele teve um problema de saúde recentemente e eu cheguei a dizer que isso deve ter afetado a saúde dele. Porque é inadmissível o que eu ouvi dizer o que ele tinha feito”, começou Leite “Hawilla é uma pessoa de dupla personalidade: existe um cara amigável, doce, gentil, amável. Mas quando tem dinheiro envolvido ele é o ser mais materialista que existe. Impressionante. Ele se transforma em outra pessoa”, continuou.

Kleber Leite explicou em seu depoimento que, por determinação da Conmebol, Ricardo Teixeira deixou de firmar contratos com a Traffic de Hawilla. E, por opção de Teixeira, a Klefer firmou contrato para comercializar a COpa do Brasil. Em razão desta substituição, segundo disse Leite na CPI, Hawilla incluiu a Klefer em seu depoimento.

“Hawilla não se conformou com isso. Ele tem a ideia de que eu passei a perna nele. Mas eu não fiz nada que não estivesse dentro de um plano ético. Ele não perdoa por ter perdido a Copa do Brasil nesse contrato com a CBF”, comentou o empresário,

O deputado Major Olímpio (SD-SP) foi incisivo no questionamento a Kleber Leite. No debate, o empresário confirmou que já realizou diversos projetos em conjunto com a Traffic, de Hawilla, ao que o parlamentar questionou:

MAJOR OLÍMPIO (SD-SP) – Durante esses projetos ele [Hawilla] nunca foi declarado insano? Vocês sempre foram parceiros firmes?
KLEBER LEITE – Não, não, não. Parceiro firme fomos nós, leais. Quem acreditou na dignidade dele fomos nós, porque eram projetos desenvolvidos pela Traffic, que era uma empresa mais forte que a Klefer, e sempre acreditamos na palavfra dele.
MAJOR OLÍMPIO – Ele disse que sempre pagou propina. Ele nunca pagou propina na sua relação com ele?
KLEBER LEITE – Nunca. A nossa relação era só desenvolver o projeto. Ganhamos a concorrência do Maracanã, Mineirão, Morumbi. Então, competia à Klefer a publicidade em cada pedaço do estádio. Se J.Hawilla afirma que pagou propina, quem sou eu para desmenti-lo, ate porque não compactuamos com esse tipo de prática.,


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