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Arquivo : Mané Garrincha

Palco da estreia da seleção na Rio-16 abandona energia solar, sem dinheiro
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Daniel Brito

BRASILIA, BRAZIL - JUNE 15: General View of fans in the stands enjoying the match action during the FIFA Confederations Cup Brazil 2013 Group A match between Brazil and Japan at National Stadium on June 15, 2013 in Brasilia, Brazil. (Photo by Robert Cianflone/Getty Images)

Sol de Brasília deveria ser a fonte de energia do Estádio Nacional na Rio-16 (Robert Cianflone/Getty)

Não saiu do papel o projeto de alimentar o Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, com energia solar. Duas empresas do GDF (Governo do Distrito Federal) rescindiram, de forma amigável, o contrato para obra, estimada em R$ 12,2 milhões e com previsão de ficar pronta para os Jogos Olímpicos do Rio-2016.

O motivo: falta de dinheiro.

O Nacional foi contemplado com 10 partidas de futebol nos Jogos do Rio-2016 em um período de oito dias, de 4 a 12 de agosto. Os holofotes que vão por luz na seleção brasileira masculina a partir das 16h do dia 4, ante a África do Sul, na estreia do time de Rogério Micale na Olimpíada, serão alimentados por redes de alta tensão vindas das usinas hidroelétricas de Corumbá III e Corumbá IV, em Goiás.

Não era essa a promessa feita no início de 2014. O compromiso oficializado à época era que 75% da cobertura do Nacional pudessem ser utilizados para abrigar os painéis de captação de energia solar fabricados com silício cristalino. Seria ali a Usina Fotovoltáica (USF), nome técnico para produção desta matriz energética. De acordo com a CEB (Companhia Energética de Brasília) atenderia uma demanda da Fifa que gostaria de fazer uma “Copa sustentável”.

Em abril deste ano, contudo,  o DODF (Diário Oficial do Distrito Federal) publicou o balanço da CEB no qual constava a informação da rescisão amigável entre a companhia e a Terracap, agência de desenvolvimento do DF, igualmente uma empresa pública do governo local. A Terracap era a responsável pelo consórcio que tocaria a obra.

“A Terracap solicitou inicialmente a suspensão do convênio e realização de estudos de viabilidade do empreendimento. Depois, a Gerência de Engenharia da Terracap sugeriu a rescisão contratual. Dentre os motivos elencados está a conjuntura econômica/financeira em que a Terracap se encontrava, sem recursos disponíveis, visto que essa despesa não foi contemplada na proposta orçamentária de 2015”, informou a Terracap, por meio da assessoria de imprensa.

A empresa também informou que a obra nem sequer foi iniciada e não há outra alternativa, a não ser continuar alimentando o Estádio Nacional com as linhas de Corumbá III e IV.

E eu com isso?

A arena brasiliense, reerguida ao custo estimado de RF$ 1,9 bilhão, ganhou duas sub-estações de energia cujas redes de alta tensão estão sendo fornecidas pelo SIN-Furnas (Sistema Interligado Nacional) e das usinas de Corumbá III e IV, responsáveis por abastecer todo o DF, que custaram R$ 23 milhões, segundo anunciou o GDF, em 2013. Além dessa, haveria a tal usina fotovoltáica no valor de R$ 12 milhões, que nunca saiu do papel.

A energia solar é limpa e renovável, embora mais cara que a hidroelétrica. Brasília reúne características especiais para aderir a esta matriz energética, uma vez que possui uma estação seca que se estende por quase seis meses no ano em média.

Se a usina fotovoltáica do Nacional tivesse saído do papel, ela substituiria de alguma maneira o consumo da energia da hidroelétrica. As redes de alta tensão de Corumbá poderiam, assim, ter uma destinação muito mais útil para o cotidiano da capital.  Por exemplo, contribuindo para diminuir a incidência de apagões na região central da capital do país, onde estão localizadas diversas autarquias, ministérios, tribunais superiores e sede de bancos públicos.

Além de amenizar a diminuição do nível dos reservatórios no Estado de Goiás, que nesta época do ano começa a preocupar as autoridades, em razão do minguado índice pluviométrico registrado até agora em 2016 na região.

BRASILIA, BRAZIL - JUNE 03: Traffic passes (BOTTOM) as some buses are parked (MIDDLE) in front of the 72,000-seat Mane Garrincha Stadium, which is now used primarily as a municipal bus parking lot, on June 3, 2015 in Brasilia, Brazil. Brazil constructed a number of expensive stadiums for the 2014 FIFA World Cup which now sit mostly empty in part because there is no popular local team to draw attendance. (Photo by Mario Tama/Getty Images)

Sol por seis meses: DF reúne características para projeto de energia solar (Mario Tama/Getty)


Rio-16 tenta o que DF não conseguiu: salvar o gramado do Mané Garrincha
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Imagem reproduzida da TV do gramado do Estádio Nacional, no início desta semana

O Comitê Organizador Rio-2016 tem 25 dias para salvar o gramado do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Desde 11 de julho a arena está entregue à organização dos Jogos, que montou força-tarefa dedicada ao campo de jogo. No próximo dia 4, às 16h, a seleção masculina estreia contra África do Sul, no Distrito Federal.

O gramado é um ponto de preocupação no gigante de 72 mil lugares erguido para receber o Mundial da Fifa, dois anos atrás. No último dia 10, o Flamengo enfrentou o Atlético-MG com o campo em condição lastimável. A grama estava queimada, dava até a impressão de que um trator havia arado o terreno minutos antes de a bola rolar. Havia areia em todo o campo, a pequena área estava remendada com placas de grama. Os jogadores reclamaram das condições publicamente.

De acordo com a Comitê Rio-2016, nada disso será visto quando começarem os Jogos. “Uma equipe de especialistas trabalha na recuperação e preparação do gramado. Com a interrupção do uso do estádio e o trabalho intensivo dos agrônomos, o campo estará em melhores condições para receber as dez partidas programadas para Brasília”, informou o Rio-16, por meio de sua assessoria.

Serão vetados treinamentos no Nacional. Nem sequer o tradicional reconhecimento de gramado, no dia que antecede à partida, será permitidos, apenas um passeio, sem chuteira, só de tênis, pelo campo.

Problema crônico

Brasília foi contemplada com 10 partidas de futebol nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 em um período de oito dias, de 4 a 12 de agosto. Assim, o Estádio Nacional terá quase 50% a mais de jogos nas Olimpíadas do que no Mundial Fifa-14. A Copa do Mundo levou ao Distrito Federal sete partidas em um período de 24 dias. Após os primeiros 270 minutos de bola rolando (três jogos), contudo, o gramado brasiliense começou a apresentar algumas falhas.

Para a Rio-16, o prazo de 72 horas entre duas partidas, respeitado pela Fifa, só será considerado uma única vez. Até porque os Jogos Olímpicos têm 16 dias de duração, contra 30 da Copa do Mundo. Para aumentar o drama do gramado, haverá rodadas duplas do torneio olímpico nos dias 7, 9 e 10 de agosto.

O gramado é um dos problemas crônicos desta arena, de valor estimado em R$ 1,9 bilhão, de acordo com o Tribunal de Contas do Distrito Federal. O GDF (Governo do Distrito Federal) até agora não se mostrou capaz de deixar o campo de jogo em estado perfeito, ainda que ele seja subutilizado. O mesmo Tribunal de Contas também estimou que houve um superfaturamento de R$ 1 milhão do gramado quando da reconstrução do estádio.


Com metade dos visitantes da Copa, DF espera faturar R$ 150 mi com a Rio-16
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O GDF (Governo do Distrito Federal) acredita que vai ter um ganho aproximado de R$ 150 milhões com turismo durante os Jogos Olímpicos do Rio-2016. Brasília receberá 10 partidas do torneio de futebol no Estádio Nacional Mané Garrincha, duas das quais da seleção brasileira masculina.

As contas são baseadas na experiência com a Copa do Mundo Fifa-2014.

De acordo com dados do Ministério do Turismo, passaram mais de 600 mil turistas pela capital federal durante o Mundial, há exatos dois anos. E o gasto médio de cada um com hospedagem, transporte, alimentação e diversão girou na casa de R$ 520. O GDF crê que os Jogos Olímpicos, que até agora não engajou a cidade, consiga atrair metade desse público em Brasília.

“Se estimarmos 300 mil diárias ao longo da realização dos Jogos Olímpicos, com o gasto médio de R$ 520 por dia, teremos R$ 150 milhões gastos na nossa cidade. Quando digo 300 mil diárias eu me refiro à possibilidade de recebermos 100 mil pessoas por, em média, três dias, ou 60 mil pessoas por cinco dias. Ou 300 mil pessoas passarem, em média, um dia. Se efetivamente tivermos 300 mil turistas com duas diárias poderíamos chegar a até 600 mil diárias. O que significaria um gasto de R$ 300 milhões”, calculou o governador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).

As contas, contudo, não levaram em consideração as importantes diferenças entre Copa e Jogos Olímpicos. O Mundial levou ao Distrito Federal sete partidas em 24 dias. Já para a Rio-16, Brasília foi contemplada com 10 partidas de futebol em um período de oito dias, de 4 a 12 de agosto.

Alguns dos maiores jogadores do planeta desfilaram no Nacional no evento da Fifa: Neymar, Cristiano Ronaldo, Messi, James Rodriguez, Yaya Tourè, Karim Benzema…

Para a Rio-16, Neymar é a estrela solitária confirmada para Brasília até agora. A venda de ingressos patina para pelejas como Coreia do Sul e México ou Dinamarca e África do Sul. Talvez por isso, a cidade parece alheia à realização dos Jogos Olímpicos.
Ainda assim, o GDF entende que faz uma previsão realista.

O fato é que em se confirmando a estimativa de Rollemberg, o Distrito Federal pode receber um retorno quase cinco vezes maior ao investimento que diz estar pronto para fazer para a Rio-16. Segundo o governador, as despesas chegarão na casa dos R$ 32 milhões, sendo R$ 13 milhões apenas para a segurança e R$ 7 milhões em estruturas temporárias.

E mesmo que a capital fature os R$ 150 milhões previstos, ficarão faltando R$ 1.7 bilhão para ao menos empatar com o custo da reconstrução do Estádio Mané Garrincha, orçado pelo TCDF (Tribunal de Contas do DDF) em R$ 1.9 bilhão.

BRASILIA, BRAZIL - JUNE 12: The National Stadium of Brazil is pictured ahead of the 2014 FIFA World Cup on June 12, 2014 in Brasilia, Brazil. (Photo by Phil Walter/Getty Images)

Reconstruído ao custo de R$ 1,9 bi, Estádio Nacional pode trazer R$ 150 mi ao DF na Rio-16 (Phil Walter/Getty)


DF pedirá mais partidas decisivas no Mané Garrincha durante a Rio-2016
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Estádio Nacional Mané Garrincha receberá 10 jogos na Rio-16 (Daniel Brito/UOL)

Brasília se prepara para fazer um pedido para receber mais jogos de futebol durante os Jogos do Rio-2016. A cidade foi contemplada com 10 partidas em agosto, duas das quais envolvendo a seleção brasileira masculina. Mas o governo da capital quer uma participação maior.

A secretária-adjunta de Esporte e Lazer do DF, Leila Barros, contou ao blog, durante a passagem da tocha olímpica por Brasília, que a ideia é que o Estádio Nacional Mané Garrincha possa sediar uma partida de semifinal ou decisão do terceiro lugar. “Queremos um jogo decisivo aqui no nosso Estádio. Não posso falar muito, mas vamos pedir”, avisou Leila ao blog.

Com exceção das partidas da seleção masculina, jogos pouco interessantes serão realizados no gigantesco estádio com capacidade para 72 mil espectadores construído ao custo de R$ 1,9 bi para a Copa do Mundo Fifa-2014. Em 10 de agosto, por exemplo, Brasília vai receber o duelo entre as seleções sub-23 masculina de Coreia do Sul e México. Duelo que fará a preliminar de Argentina, sem Messi, e Honduras. Antes, porém, haverá o embate entre Iraque e Dinamarca. A participação do estádio na Rio-16 se encerra com dois jogos das quartas de final.

A adição de um jogo decisivo diminuiria o tempo ocioso do Mané Garrincha, daria exposição internacional à arena, uma vez que o governo local busca parceiros da iniciativa privada para geri-lo, além de aumentar a importância de Brasília nos Jogos.

Para concretizar o plano, o DF precisará desbancar tradicionais praças futebolísiticas. Porque as semifinais e o jogo pela medalha de bronze serão no Maracanã, Arena Corinthians e Mineirão.


Estádio da Copa no DF teve superfaturamento de R$ 365 mi, indica tribunal
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Foto de 2013 do Estádio Nacional Mané Garrincha (divulgação)

Fiscalização do TCDF (Tribunal de Contas  do Distrito Federal) apontou um superfaturamento de R$ 365 milhões na reforma do Estádio Nacional Mané Garrincha para a Copa do Mundo Fifa-2014. E o valor final da obra ficou na casa de R$ 1,9 bilhão.

O desfalque financeiro se deve a contratos que ainda estão ativos, como reformas no entorno da arena. Ela deveria estar pronta para o Mundial da Fifa, realizado há quase dois anos, mas nem sequer teve inicio. Há, também, duplicidade de custo de alguns equipamentos alugados; utilização indevida de encargos trabalhistas, valor de vale transporte super dimensionado, pagamento indevido de serviços não executados e sobrepreço em alguns itens.

Só a obra do gramado, que foi motivo de muita polêmica, custou R$ 1 milhão acima do previsto, de acordo com a auditoria permanente do TCDF no Estádio Nacional. “O nivelamento foi feito em três etapas que não eram necessárias, e isso foi cobrado. Também houve pagamento por metragem maior do que a executada no serviço”, informou Renato Rainha, presidente do TCDF, em entrevista coletiva nesta quinta-feira, 5.

Outro ponto de superfaturamento exposto pela fiscalização foi a reforma da cobertura. Houve antecipação de pagamento da estrutura metálica, cabos e partes fundidas sem o devido desconto, além de aplicaçao indevida de desoneração indevida prevista no Recopa (regime de benefício fiscais aprovados para a Copa do Mundo).

Há ainda uma última etapa da auditoria permanente do TCDF, que examinará os demais aditivos financeiros do contrato de construção do estádio e a reavaliação do Recopa. O Tribunal vai fazer uma avaliação da qualidade da arena. Neste processo, os auditores vão analisar o conforto, a acessibilidade, a segurança e o acabamento da obra de construção do Estádio.

Sobre as obras do entorno, que nunca começaram, o TCDF encaminhou ofício ao governador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) recomendando a suspensão desse contrato no valor R$ 287 milhões.

É importante ressaltar que as obras do Estádio Nacional estão no escopo das investigações da Operação Lava Jato. Em novembro de 2015, a empreiteira Andrade Gutierrez revelou que pagou propina para realizar algumas obras da Copa do Mundo.  A empresa atuou, sozinha ou em consórcio, na reforma do estádio do Maracanã, no Rio, do Mané Garrincha, em Brasília, no Beira-Rio, em Porto Alegre, e na construção da Arena da Amazônia, em Manaus, Amazonas.


Distrito Federal estima gastar R$ 700 mil com tocha olímpica em um só dia
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Enquanto a Rio-16 não começa, Mané Garrincha segue como garagem de ônibus (crédito: Daniel Brito/UOL)

Somente no dia 3 de maio, o GDF (Governo do Distrito Federal) vai organizar um estrutura que vai custar R$ 726 mil aos cofres da capital federal. Será nesta data que terá início o revezamento da tocha olímpica no Brasil. O fogo virá da Grécia, cuja cerimônia de acendimento ocorrerá na próxima semana, e desembarcará no país sede dos Jogos-2016 em Brasília.

O DODF (Diário Oficial do Distrito Federal) publicou nesta quinta-feira, 14, o valor da licitação para realizar o desembarque e o acendimento da tocha do Rio-2016. A previsão do pregão é de R$ 726 mil. Detalhe da publicação do Diário Oficial é que o evento olímpico será no terceiro dia de maio. Já o pregão eletrônico está previsto para ser realizado em 27 de maio, ou seja, quase um mês após a utilização dos serviços.

O Governo do Distrito Federal, que diz atravessar uma crise financeira herdada da gestão anterior, de Agnelo Queiróz, vai arcar com todas despesas do tipo sistema de som, estruturas metálicas, banheiros químicos, até passagens aéreas, alimentação e hospedagem dos participantes. As informações estão contidas no DODF.

Em novembro, nós mostramos aqui no blog que a situação financeira da capital da República é tão precária que o GDF pediu ao Comitê Organizador do Rio-2016 que fornecesse ambulâncias para atender atletas e torcedores durante os Jogos.

O GDF estipulou que os Jogos custarão no máximo R$ 25 milhões à administração local. O Estádio Nacional Mané Garrincha receberá os dois primeiros jogos da seleção brasileira masculina na primeira fase, em 4 de agosto, um dia antes da cerimônia de abertura, e o segundo em 7 de agosto.

O DF receberá dez jogos, sendo três do feminino.


Estádio sede dos Jogos Olímpicos Rio-2016 “bebe” R$ 2 mil de água por dia
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Daniel Brito

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Elefante branco: arena também sofre com manutenção do gramado (Crédito: Daniel Brito/UOL)

O Estádio Nacional Mané Garrincha, palco de 10 jogos de futebol na Rio-2016, vai consumir uma média diária de aproximadamente R$ 2 mil em serviço e água e esgoto. O contrato da arena com a CAESB (Companhia de Água e Esgoto de Brasília) foi divulgado em fevereiro no Diário Oficial do Distrito Federal no valor de R$ 700 mil ao ano.

Para ser mais preciso, é como se todo dia o Mané Garrincha consumisse R$ 1.912,56 em água e esgoto. É mais uma conta que se soma ao custo do estádio, que abocanha quase R$ 800 mil mensais do GDF (Governo do Distrito Federal) em manutenção.

Para efeito de comparação, o Maracanã pagou em anos passados entre R$ 50 mil e 60 mil por mês à Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro). O que dá uma média de consumo semelhante à do Estádio Nacional de Brasília. A diferença é que o Maracanã recebe jogos de futebol com grande público com uma frequência muito mais regular do que o Mané Garrincha.

De acordo com a secretaria-adjunta de turismo do DF, responsável pela administração do estádio, o valor é apenas uma estimativa. “Trata-se de uma previsão orçamentária  para os gastos de 2016 (inclui jogos e eventos), feita com base nos gastos do Estádio anteriormente. Todo ano é necessário fazê-lo. Caso o valor real extrapole o orçamento é ​necessária justificativa pelo executor do orçamento (Terracap). Todas as secretarias fazem plano orçamentário para gastos anuais”, explicou a pasta, em nota da assessoria de imprensa.


Fechamento do Mané Garrincha para Rio-2016 interrompe corte de gastos no DF
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A realização de 10 partidas de futebol dos Jogos Olímpicos-2016 no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, em agosto fará o GDF (Governo do Distrito Federal) voltar a gastar com aluguel de salas. De acordo com o DODF (Diário Oficial do Distrito Federal) da quinta-feira, 18, o GDF deve liberar as dependências do estádio até março.

As secretarias de Economia, Desenvolvimento Sustentável e Turismo (SEDST) e a de Educação, Esporte e Lazer utilizam as salas que estavam desocupadas desde o fim da Copa do Mundo Fifa, em julho de 2014. A SEDST criou um grupo para cuidar da “mudança e ocupação” do novo imóvel alugado. Embora o DODF seja claro na informação de que as salas devem ser desocupadas “até março de 2016, em decorrência das Olimpíadas-2016”, a assessoria de imprensa da pasta garante que o prazo para saída dos servidores é 10 de junho.

Crise financeira
Por contenção de despesas, servidores dessas duas grandes secretarias de Estado trabalham nas dependências da arena desde maio do ano passado.

A medida fora adotada pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB) para economizar, segundo cálculos do GDF, cerca de R$ 15 milhões em aluguéis somente em 2015 para alojar os servidores das duas pastas.

Cessão de quase dois meses
A secretaria informou também que o estádio será de exclusividade dos Jogos Olímpicos do Rio-2016 de 3 de julho, um mês e um dia antes da estreia da seleção de Dunga no Mané Garrincha, até 20 de agosto. Serão quase dois meses de dedicação à Olimpíada.

No entanto, não foi publicada previsão de retorno da SEDST ao estádio após o término da ocupação olímpica.

Uma alternativa que poderia onerar menos o caixa do DF seria ocupar um imóvel do próprio GDF, mas muitos deles foram colocados a leilão ou não reúnem condições para sediar uma secretaria tão importante.

Ruim para o Flamengo
O fechamento do Mané Garrincha para o Rio-2016 é uma notícia que pode desagradar ao Flamengo. O clube que venceu o Fla-Flu do domingo, 22, por 2 a 1 diante de mais de 30 mil pagantes na arena do Distrito Federal, busca uma alternativa ao Maracanã, cujos portões serão lacrados para os Jogos-2016 já em março.

O técnico Muricy Ramalho cogitou, em entrevista coletiva após o triunfo, adotar Brasília como “casa” na ausência do Maracanã. “Campeonato brasileiro não dá para ficar pulando de casa em casa”, justificou Muricy.

No clássico do final de semana, o Flamengo embolsou cerca de R$ 1 milhão da renda, de acordo com o borderô publicado ontem pela FERJ  (Federação de Futebol do Estado do Rio). Portanto, uma mudança para Brasília faria o clube faturar alto a cada apresentação só com a bilheteria – desde que, claro, o time esteja em boa fase.

Só o Candangão confirmado
Daqui até os Jogos Olímpicos, em agosto, já há 15 eventos agendados para a área do Mané Garrincha, segundo a assessoria da SEDST. Apenas três são partidas de futebol, todos do Candangão, o campeonato de futebol profissional do Distrito Federal.

O último evento confirmado antes de a bola rolar pela Olimpíada no Mané será um festival de música sertaneja no estacionamento, em 7 de maio. Só voltará a ter eventos regulares no final de agosto, após o término do Rio-2016. “Os eventos são previsões, baseadas em pedidos recebidos. Ainda não há processo confeccionado e pagamento para a confirmação”, explicou em nota a assessoria da SEDST.

A Secretaria de Educação, Esporte e Lazer, ,outta ocupante da arena, não divulgou planos de mudança.

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A cidade planejada que não sabe se planejar para receber eventos esportivos
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Sabia-se havia pelo menos três meses que a seleção feminina de handebol faria em Brasília seus últimos amistosos antes da defesa do título mundial na Dinamarca. A cidade está longe de ter qualquer ligação histórica ou emotiva com a modalidade, mas foi escolhida porque a sede dos dois patrocinadores do esporte estão no Distrito Federal: Correios e Banco do Brasil.

É de conhecimento geral que o ginásio  Nilson Nelson tem um problema crônico de goteiras. Basta lembrar do fiasco internacional de 2011, durante o Campeonato Mundial de patinação artística, em que atletas de outros países até se lesionaram após quedas decorrentes da umidade no piso em razão das goteiras.

Anos antes, em 2009, o ex-governador José Roberto Arruda, fora acusado de improbidade administrativa pela reforma do ginásio sem licitação por R$ 5,5 milhões. A 4ª Vara da Fazenda Pública do DF, no entanto, absolve o mandatário, que logo em seguida cairia em desgraça por causa do esquema de corrupção conhecido como Mensalão do DEM.

E sabe-se, desde sempre, que novembro é um mês de chuva na capital federal.

Portanto, não dá para dizer que o cancelamento dos amistosos com Brasil, Eslovênia, Sérvia e Argentina no Nilson Nelson foi uma surpresa. Só compõe um rosário de eventos frustrados em Brasília, Distrito Federal, nos últimos anos.

Ayrton Senna, Nelson Piquet e outras incoerências

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Foto de 2013 do Complexo Esportivo Ayrton Senna: projeto perfeito, péssima execução (Dilvugação/GDF)

A foto acima é do Complexo Esportivo Ayrton Senna. Fica no centro da capital, a um quilômetro de quase todos os hotéis da cidade, a três quilômetros do Ministério do Esporte e a cinco do Congresso Nacional. É um setor desenhado pelo genial arquiteto e urbanista Lúcio Costa quando da concepção da cidade, há mais de 50 anos.

Seria o local perfeito para receber todo e qualquer evento esportivo. Reúne um autódromo, um ginásio de médio porte coberto, com uma piscina coberta, quadras poliesportivas ao ar livre, quadras de tênis, um complexo aquático, além do Estádio Mané Garrincha. Havia até um velódromo.

Mas esta região está longe de ser um polo esportivo. Ainda em 2013, o repórter Aiuri Rebello mostrou a propaganda enganosa do GDF, sob a gestão de Agnelo Queiroz, sobre a utilização do Complexo.

Hoje, menos da metade desses espaços reúne condições de uso.

O Nilson Nelson, como vimos no final de semana, sofre com goteiras e uma estrutura precária.

O Autódromo está sem metade da pista desde o cancelamento da F-Indy, em janeiro. Ironicamente, o autódromo do Complexo Esportivo Ayrton Senna recebe o nome de Nelson Piquet, duas figuras que dificilmente poderíamos chamar de amigos próximos. Não há previsão para que a reforma seja concluída.

Entre a pista e o estádio Mané Garrincha está o ginásio Cláudio Coutinho, com capacidade estimada em até oito mil espectadores, prestes a completar duas décadas de abandono. Está trancado e deteriorando-se a cada dia. Ali também havia uma piscina coberta. As quadras poliesportivas e de tênis são decrépitas e inapropriadas para uso, apesar de ainda ser utilizada por alguns corajosos. O velódromo foi derrubado com a promessa de ser construído um novo, o que nunca se concretizou.

Ao lado do Cláudio Coutinho, há o complexo aquático, em que são oferecidas aulas de natação e saltos ornamentais pelo GDF. Este funciona sem sustos.

E a joia da coroa é o Mané Garrincha, que além de servir como terminal de ônibus, não despertou interesse da iniciativa privada e ainda por cima não consegue arrecadar o suficiente para cobrir o rombo de R$ 800 mil mensais de manutenção.  Neste final de semana, recebeu um jogo de futebol amador em que terminou com a morte de uma pessoa por parada cardíaca.


Rio-2016 e DF assinam acordo para o futebol olímpico. Falta só o valor
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Daniel Brito

O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB) assinou na tarde desta segunda-feira, 16, o termo de compromisso que oficializa Brasília como uma das sedes dos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Mas não houve a confirmação de quanto o evento vai custar à capital.

O GDF (Governo do Distrito Federal) ainda não definiu a matriz de responsabilidade e não cravou uma data para que o documento seja apresentado. O documento engloba os compromissos assumidos governo para organização dos Jogos do Rio-2016. A Matriz relaciona projetos e responsabilidades pela execução e aporte de recursos.

“Nós já temos parte do recuso destinado no Orçamento do ano que vem, temos o compromisso do Ministério do Esporte de continuar nos ajudando e nós queremos também fazer parcerias com a iniciativa privada, já que as Olimpíadas não são um evento apenas do GD, mas de toda a cidade”, afirmou Rollemberg, em entrevista após a assinatura.

“Acreditem, é uma Olimpíada barata. Nós temos o mínimo possível de estrutura temporária, temos toda a intenção de usar o que já é usado, de deixar muito legado, proporcionar a cidade, quando sairmos daqui, melhores campos e melhores estrutura para formação de atletas no futuro”, afirmou, em discurso, o general Marco Aurélio Vieira, diretor executivo de operações do Rio-2016.

Ele representou o Comitê Organizador-2016 no evento desta segunda-feira, no Palácio do Buriti, sede do GDF.

Há uma semana, a secretária adjunta Leila Barros estimou em R$ 25 milhões para que os Jogos fossem disputados na capital. Nesta segunda-feira, ela explicou que neste valor está incluído o revezamento da Tocha Olímpica. O percurso será iniciado em Brasília, em maio. Este valor, contudo, não é o oficial.

Se confirmado, representará quase o dobro do que São Paulo estima gastar para sediar as partidas de futebol da Rio-2016. Há sete meses, a prefeitura informou que seriam necessários R$ 13 milhões.

Estreia brasileira
A Fifa anunciou há uma semana que o Mané Garrincha receberá os dois primeiros jogos da seleção brasileira masculina na primeira fase, em 4 de agosto, um dia antes da cerimônia de abertura, e o segundo em 7 de agosto.

O DF receberá dez jogos, sendo três do feminino.

Crise fincaneira
O GDF atravessa um momento de muita dificuldade financeira. Uma semana atrás, a capital da República atravessou greve dos professores, médicos, agentes do Detran, e funcionários do metrô.

O governo Rollemberg informou que não conseguiria cumprir os compromissos salariais firmados durante a gestão de Agnelo Queiroz (PT) no GDF, encerrado no último 31 de dezembro. Após quase um mês inteiro de greve, o governador conseguiu negociar o fim das paralisações com novos prazos para pagamento de reajustes e retroativos.