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Arquivo : Ministério do Esporte

Está sendo gasto dinheiro público no revezamento da tocha?
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Daniel Brito

GO - Anapolis - 04/05/2016 - REVEZAMENTO DA TOCHA RIO 2016 - Revezamento da Tocha Olimpica para os Jogos Rio 2016. Foto: Rio2016/Fernando Soutello

Ginasta Rebecca Andrade em Anápolis, Goiás: prefeituras bancam evento (Fernando Soutello/Getty)

A resposta para a pergunta que dá título a esta nota é “sim, há dinheiro público no revezamento da tocha”. E a quantia deve superar os R$ 10 milhões, somando todas as fontes pagadoras: especialmente governo federal e prefeituras municipais. O evento é de propriedade da iniciativa privada, que tem na Nissan, Coca-Cola e Bradesco seus financiadores. Os custos da operação das três empresas no revezamento é mantido em sigilo.

Mas da parte do dinheiro público, só o governo federal bancou pelo menos  R$ 3.5 milhões. O restante saiu do caixa das prefeituras, após rápida pesquisa do blog nas páginas oficiais de 25 executivos municipais de sete unidades da Federação (cerca de R$1.8 milhão). Soma-se a isso os R$ 4.3 milhões gastos somente pelo Distrito Federal, primeira parada da tocha no Brasil, em maio. Aí chegamos a R$ 9.6 milhões. É natural que a conta aumente, dado que mais de 300 cidades serão visitadas no país até 5 de agosto, data da abertura dos Jogos-2016.

Foram contemplados com verba da União além de Brasília, 14 capitais (ES, BA, AL, RN, PI, TO, MA, AP, RR, AC, RS, SC, SP e MA). Foi repassado pelo MinC (Ministério da Cultura) a cada uma dessas cidades um limite máximo de R$ 250 mil.

De acordo com a assessoria de imprensa da pasta, entre 50% e 75% do valor total do projeto deveria ser destinado para custeio dos cachês dos artistas, grupos e bandas “reconhecidos como expoentes da cultura local e com trabalho de repercussão local e regional”. O restante deveria ser alocado em infraestrutura, recursos humanos e comunicação.

“O programa de celebração das cidades do revezamento da tocha prevê o apoio para a implementação de programação cultural durante a passagem da chama olímpica com apresentações artísticas, além da realização de feira de cultura alimentar, gastronômica e artesanato”, informou o MinC.

Justiça ainda faz as contas

RECIFE, BRAZIL - MAY 31: A runner carries the Olympic flame as security and onlookers follow on May 31, 2016 in Recife, Brazil. The Olympic flame will pass through 329 cities from all states from the north to the south of Brazil, before arriving in Rio de Janeiro on August 5, for the lighting of the cauldron for the Rio 2016 Olympic Games. The games will be held amidst an economic and political crisis in the country. (Photo by Mario Tama/Getty Images)

Segundo o Ministério da Justiça, 29 mil agentes de segurança estão envolvidos (Mario Tama/Getty)

Os ministérios do Esporte e  da Justiça também contribuíram com o custeio do revezamento. O Esporte não informou o valor dos gastos, já a Justiça, por intermédio da SESGE (Secretaria Extraordinária de Segurança de Grandes Eventos), ainda não fechou a conta. Mas explicou que um total 29 mil agentes de segurança serão empregados ao longo dos mais de 20 mil quilômetros que serão percoridos pela chama olímpica no Brasil. “Contamos, também, com equipes de inteligência e monitoramento nas mais diversas mídias e redes sociais”, informou a SESGE, por meio da assessoria de imprensa.

Brasília ganhou dobrado

BRASILIA, DF - MAY 03: Former Marathon runner Vanderlei Cordeiro passes the Olympic Torch to Paula Pequeno in Cathedral of Brasilia during the Olympic Flame torch relay on May 3, 2016 in Brasilia, Brazil. The Olympic torch will pass through 329 cities from all states from the north to the south of Brazil, until arriving in Rio de Janeiro on August 5, to lit the cauldron. (Photo by Handout/Getty Images)

Vanderlei Cordeiro (E) e Paula Pequeno em Brasília: cidade gastou mais que todas as outras (Getty Images)

O Ministério do Turismo contribuiu com R$ 250 mil ao Distrito Federal, ponto de partida do revezamento. Aliás, a capital federal ganhou duas vezes da União, com um total aproximado de R$ 500 mil, somando os aportes do Turismo e do MinC.

Um dia de passagem da tocha pelo DF custou R$ 4.3 milhões aos cofres públicos. O GDF anunciou que pouco mais de R$ 3.8 milhões foram de recursos próprios, dos quais R$ 2 milhões foram só em publicidade e promção do evento.

Jaú-SP fará de graça. Patos-MG por R$ 300 mil

A menos de 30 dias para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, todos os Estados já receberam a tocha. O blog pesquisou no portal da transparência de diversas prefeituras e outras páginas oficiais sobre o investimento de cada município para receber o evento. Obteve informação em 25 delas. Acumulando um total de R$ 1.8 milhão. É sempre bom relembrar que este valor não vai para os patrocinadores ou para o Comitê Organizador: ele deve ser alocado na estrutura e promoção do revezamento.

Há, por exemplo, o caso de Jaú, São Paulo, em que o chefe do executivo local garantiu publicamente que a cidade não gastará um tostão para sediar o evento. Ipatinga, Minas Gerais, e Goiana, Pernambuco, desistiramde receber a chama considerando ser alto o investimento para a dimensão do acontecimento na cidade.

Em diversas localidades, a tocha não passa mais que uma manhã. São mais de 300 cidades a serem visitadas, e o comboio tem que passar sem perder tempo. Por isso, a estrutura do local deve ser fornecida pelas autoridades municipais.

Em Patos, Minas Gerais, o Ministério Público abriu inquérito para apurar o gasto de R$ 300 mil, dos quais R$ 133 mil seriam para grades de proteção. Porto Seguro, Bahia, também anunciou gasto semelhante. Já em Ijuí, Rio Grande do Sul, terra do ex-técnico da seleção, Dunga, a prefeitura anunciou investimento de R$ 10 mil.

Em junho, meu amigo e companheiro de UOL Esporte, Adriano Wilkson, revelou que o governo do Pará desembolsou R$ 21 mil para que o lutador Lyoto Machida carregasse a tocha em Belém.

O jornal Gazeta, do Espírito Santo, compilou o investimento de todas as cidades que receberam o evento no Estado e chegou-se a um total de R$ 197 mil distribuídos em seis municípios.

Ainda restam cinco Estados e mais de 100 cidades até o fim do revezamento.

BRASILIA, BRAZIL - MAY 03: Detailed shot of the Olympic Torch during the Olympic Flame torch relay on May 3, 2016 in Brasilia, Brazil. The Olympic torch will pass through 329 cities from all states from the north to the south of Brazil, until arriving in Rio de Janeiro on August 5, to lit the cauldron.

(Getty Images)


Dono de helicóptero apreendido com cocaína é nomeado para o Esporte
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O Diário Oficial da União, em sua edição desta sexta-feira, 17, publicou a nomeação de Gustavo Henrique Perrella Amaral Costa para o cargo de  Secretário Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor do Ministério do Esporte. Ele substitui a Ricardo Crachineski Gomyde, que ocupou o cargo até a semana passada, remanescente da gestão Dilma Rousseff na presidência da República.

Gustavo Perrella, 28, é filho do senador e ex-presidente do Cruzeiro de Belo Horizonte, Zezé Perrella (PTB-MG). Em novembro de 2013, uma operação da Polícia Federal apreendeu meia tonelada de cocaína no helicóptero de Gustavo Perrella em uma fazenda no município de Afonso Cláudio, interior do estado do Espírito Santo.

Após as investigações, a Justiça entendeu que não havia envolvimento dos Perrella. O helicóptero foi devolvido à família.
Este não é o único secretário nomeado pelo novo ministro do Esporte, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), que leva um histórico polêmico à Esplanada.

O filho do cantor Wando, Vanderley Alves dos Reis Júnior, conhecido como Vandinho Pitbull, foi nomeado no início do mês como assessor especial do Ministério dos Esportes. Ele já foi condenado na Justiça do Rio de Janeiro por porte ilegal de armas, de drogas e dupla tentativa de homicídios, conforme mostrou meu colega de UOL aqui em Brasília, Leandro Prazeres.

O secretário executivo do Esporte, Fernando Avelino, é ex-diretor do Detran do Rio e ganhou destaque na imprensa por estacionar seu carro blindado em local proibido, em frente à sede do Detran —foi flagrado pelo jornal “O Dia’‘ cometendo a infração por dois dias seguidos. Numa das vezes, o motorista parou o carro no corredor exclusivo de ônibus. Na outra, o carro do presidente do Detran ficou embaixo da placa de proibido estacionar.

Em maio,  Leandro Cruz Froes da Silva tomou posse como secretário nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social. No currículo, carrega a mácula de ter sido preso em flagrante por porte ilegal de arma e desacato à autoridade.


Dilema de um campeão olímpico: ir para o ministério ou tentar a Rio-16?
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Dante foi vice-campeão japonês e maior pontuador do time na temporada (Divulgação/FIVB)

O ponteiro Dante, 35, campeão olímpico com a seleção de võlei, está chegando a uma daquelas esquinas da vida. Recentemente, encontrou-se com o novo ministro do Esporte, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), e ouviu dele que pensa em contar com o atleta para o cargo de secretário Nacional de Esporte de Alto Rendimento.

Para assumir o posto, contudo, ele teria que dar um tempo na carreira de jogador. Seria impossível conciliar as duas funções.

Mas Dante ainda vive a expectativa de disputar os Jogos Olímpicos pela quinta vez seguida – disputou Sydney-2000, foi campeão em Atenas-04, vice em Pequim-08 e em Londres-12. Ele não foi convocado por Bernardinho para a equipe que se prepara para a Rio-16, mas seu nome já foi lembrado pelo treinador, caso a seleção necessite de uma “bola de segurança” na ponta. Ou seja, há chance de estar no Maracanãzinho em agosto, mês dos Jogos. com a seleção.

Dante foi vice-campeão japonês com o Panasonic Panthers, o maior pontuador da equipe na temporada, e entende que ainda tenha muita lenha para queimar em quadra. Largar a carreira de atleta e aceitar a proposta de Picciani seria entrar num ambiente que pouco o tocou ao longo da carreira.

A Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento com seus programas de bolsas e convênios influenciaram  em quase nada na carreira deste goiano da cidade de Itumbiara. É que o Ministério não é exatamente a principal fonte de recursos do vôlei nacional. Por outro lado, se aceitar o convite, Dante agregaria um valor até aqui esquecido por Picciani na montagem de sua pasta.

Os secretários escolhidos pelo pemedebista do Rio são, no mínimo, controversos. No início desta semana, Picciani nomeou Leandro Cruz Froes da Silva para secretário nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social. No currículo, carrega a mácula de ter sido preso em flagrante por porte ilegal de arma e desacato à autoridade.

Gustavo Perrela, filho do senador Zezé Perrella (PTB-MG) deve ser o secretário de futebol. Em novembro de 2013, uma operação da Polícia Federal apreendeu meia tonelada de cocaína no helicóptero de Gustavo Perrella em uma fazenda no município de Afonso Cláudio, interior do estado do Espírito Santo.

Já o provável secretário executivo do ministério será Fernando Avelino, ex-diretor do Detran do Rio e ligado ao PMDB fluminense. Na semana passada, a Folha de S.Paulo publicou que Avelino ficou famoso por estacionar seu carro blindado em local proibido, em frente à sede do Detran —foi flagrado pelo jornal “O Dia” cometendo a infração por dois dias seguidos. Numa das vezes, o motorista parou o carro no corredor exclusivo de ônibus. Na outra, o carro do presidente do Detran ficou embaixo da placa de proibido estacionar.

A maior acusação que se tem notícia contra Dante diz respeito à sua atuação contra a Argentina nas quartas de final de Sydney-2000, o que causou a eliminação da seleção daquela Olimpíada. Nada que a torcida já não o tenha perdoado.


Novo secretário do Ministério do Esporte foi preso por porte ilegal de arma
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O ministro do Esporte, Leonardo Picciani (PMDB-RJ) nomeou Leandro Cruz Froes da Silva para secretário nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social. A efetivação no cargo foi publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira, 23.
Froes foi assessor da liderança do PMDB na Câmara quando Picciani fazia as vezes de líder do partido na Casa. E também fez parte da equipe de Picciani em seu gabinete na Câmara. Ele carrega no currículo, no entanto, uma mácula.

Quando era secretário de Transportes e Serviços Públicos de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Froes foi preso em flagrante por porte ilegal de arma e desacato à autoridade. O caso ocorreu em setembro de 2006, quando Froes estava em um carro com outros três amigos no momento da prisão e teria discutido com os policiais, que chegaram ao local através de uma denúncia anônima.

Aqui está a notícia da época da prisão do novo secretário escolhido por Picciani.

Outros secretários escolhidos por Picciani também chegam ao ministério com um histórico de controversias. Basta lembrar que Gustavo Perrela, filho do senador Zezé Perrella (PTB-MG) deve ser o secretário de futebol. Em novembro de 2013, uma operação da Polícia Federal apreendeu meia tonelada de cocaína no helicóptero de Gustavo Perrella em uma fazenda no município de Afonso Cláudio, interior do estado do Espírito Santo.

Já o secretário executivo do ministério será Fernando Avelino, ex-diretor do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) do Rio e ligado ao PMDB fluminense. Na semana passada, a Folha de S.Paulo publicou que Avelino ficou famoso por estacionar seu carro blindado em local proibido, em frente à sede do Detran —foi flagrado pelo jornal “O Dia” cometendo a infração por dois dias seguidos.
Numa das vezes, o motorista parou o carro no corredor exclusivo de ônibus. Na outra, o carro do presidente do Detran ficou embaixo da placa de proibido estacionar.


Governo brasileiro vai pagar por iluminação em estádio grego
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A tocha olímpica da Rio-16 percorre a Grécia desde 21 de abril (Roberto Castro/ME)

É de responsabilidade do governo brasileiro o custeio da iluminação do histórico estádio Panathinaikos, na Grécia, na noite desta quarta-feira, 27, para cerimônia de encerramento do revezamento da tocha olímpica na Grécia e entrega da chama ao Brasil.

O DOU (Diário Oficial da União) publicou em sua edição desta terça-feira, 26, o termo aditivo no valor de e R$ 23.136,79 (vinte e três mil cento e trinta e seis reais e setenta e nove centavos) para “custeio da iluminação do Estádio Panathinaikos, que estará aberto ao público para festejar a passagem da Chama Olímpica na noite de 27 de abril de 2016”.

De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério do Esporte, será uma iluminação especial para o Brasil. “O Governo Federal está realizando uma ação de iluminar o estádio em verde e amarelo. É uma demanda do Brasil. A ação (iluminação do estádio em verde e amarelo) ocorrerá nos dias 27 de abril e também no dia 4 de agosto, véspera da abertura dos Jogos Rio-2016”.

A tocha foi acessa pela primeira vez em 21 de abril, em Olympia. O revezamento percorreu seis ilhas gregas e diversos pontos históricos. Chegou a Atenas, capital do país, nesta terça-feira. Amanhã, antes de entrar no Panathinaikos, que foi sede da primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, em 1896, passará pelo museu de Acrópolis.

A iluminação não é o único gasto do governo brasileiro no revezamento da tocha na Europa. Em 14 de abril, o DOU publicou a despesa de R$ 26.325,97 (vinte e seis mil, trezentos e vinte e cinco reais e noventa e sete centavos) para “acendimento da Tocha Olímpica na Grécia e posterior revezamento na Suíça / Genébra, com a participação do Senhor Ministro de Estado do Esporte [Ricardo Leyser] e comitiva, no período de 19 a 30 de abril de 2016”.


Conselheiro do Coritiba é nomeado secretário nacional de futebol
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Ricardo Gomyde (à dir.) com presidente da CBF, Del Nero (Divulgação)

O ex-deputado federal Ricardo Crachineski Gomyde (PCdoB-PR) foi nomeado nesta sexta-feira, 22, novo Secretário Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor do Ministério do Esporte. O cargo estava vago havia duas semanas desde que Rogério Hamam (PRB-SP) fora exonerado, na esteira do desembarque de seu partido do governo Dilma.

Gomyde é membro vitalício do conselho deliberativo do Coritiba, clube do qual já foi diretor. A secretaria que ora ocupa no Ministério trata diretamente dos interesses dos clubes de futebol, com a fiscalização dos clubes devedores por meio do Profut, a lei de responsabilidade fiscal, e ações sociais.

Pela lei 12.813, em seu artigo 5º, há regras de veto para atuação de altos funcionários públicos (cargos de confiança) em empresas ou entidades. Um dos itens diz: “exercer, direta ou indiretamente, atividade que em razão da sua natureza seja incompatível com as atribuições do cargo ou emprego, considerando-se como tal, inclusive, a atividade desenvolvida em áreas ou matérias correlatas.” No artigo 6o., está previsto que até seis meses depois de sair do cargo público é proibido ser conselheiro de entidade relacionada a sua atividade.

O ministério não se posicionou sobre a hipótese de conflito de interesse.

Gomyde foi deputado federal de 1995 a 1998, vereador em Curitiba, secretário de Esporte do Estado do Paraná e presidente da Paraná Esportes (empresa estatal de desenvolvimento ao esporte). É correligionário do ministro interino, Ricardo Leyser. Em 2015, o Tribunal de Contas do Estado incluiu o nome de Gomyde na lista de 35 vereadores que teriam de devolver dinheiro aos cofres públicos por salários recebidos indevidamente em 2003.


“O esporte está acima da crise”, afirma novo ministro
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Leyser premia jogadora do Praia Clube em seu primeiro evento público como ministro do Esporte (Ivo Lima/ME)

O paulistano Ricardo Leyser foi nomeado oficialmente como ministro do Esporte há uma semana, na terça-feira, 29, e no domingo, 3, fez seu primeiro compromisso público no cargo. Esteve na final da Superliga feminina de vôlei, no ginásio Nilson Nelson, em Bras ília, premiou as três melhores equipes da competição e conversou por cinco minutos com o blog.

A crise econômica e política que o Brasil atravessa parece, pelo discurso de Leyser, passar ao largo da organização dos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Ele vê a realização do mega evento esportivo em agosto como um mecanismo para não só aliviar como superar as vicissitudes.

O novo ministro, que tem um orçamento inicial de R$1,3 bilhão, aproveitou para apontar sua preocupação com a gestão dos recursos públicos aportados nas entidades esportivas do país – de acordo com o TCU, serão R$ 7 bilhões desde 2012.

Já é possível notar no tom de Leyser um prenúncio de que após os Jogos-2016 esse investimento deixe de existir, por isso tem como meta “aproximar a iniciativa privada ao financiamento de projetos esportivos”.
Confira abaixo trechos da conversa com Leyser após a final da Superliga feminina de vôlei, no domingo, 3, em Brasília.

BLOG DO BRITO: como você vê a realização dos Jogos Olímpicos em meio a esta crise política e econômica?
RICARDO LEYSER: Os Jogos vêm na hora certa. Porque nas horas de dificuldade que nós precisamos achar projetos que unam a nação. Acredito que todas as pessoas, apoiem o governo ou sejam contra, gostam do esporte, torcem pelo Brasil, querem melhor para o país. E os Jogos Olímpicos é um projeto em que não importa em quem você tenha votado, você é o Brasil. Além disso, você tem a oportunidade de conhecer atletas que nunca teria acesso normalmente. Acredito que a população vai gostar demais dos Jogos, vai ajudar a superar o momento de crise e intolerância e é a contribuição do esporte para geração de emprego, de renda.

Acredita que as manifestações populares também atinjam a organização dos Jogos-2016?
Tudo o que temos visto é apoio, todos felizes apoiando. As pessoas entendem que o esporte está acima de tudo isso e o país está acima de tudo isso.

Agora na condição de ministro, você tem algum projeto que pensa em se dedicar?
Estamos vindo de uma linha já de anos com vários ministros mantendo o trabalho dos antecessores. Isso explica um pouco do sucesso do Ministério do Esporte, por isso que o Ministério consegue entregar suas obras, como Copa do Mundo e Jogos Olímpicos. Mas temos algumas questões a olhar estrategicamente. Um deles é a gestão das entidades esportivas, como é que a gente consegue dar um salto nessa gestão. É claro que tem melhorado, já há bons indicadores, mas ainda precisamos melhorar muito. Temos que nos preparar para gerir o legado dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos e o da Copa do Mundo. Com uma infraestrutura sensacional, como receber outros eventos? Do ponto de vista nacional, você tem 12 cidades que receberam a Copa, fora outros estádios que foram construídos, como do Palmeiras e do Grêmio. E todo o legado olímpico, com pistas de atletismo e ginásios. É importante um trabalho para gerir isso. Outro trabalho que achamos importante, é aproximar mais a iniciativa privada do financiamento do esporte. O esporte ainda depende demais do governo federal. Esporte é prioridade no governo Dilma, mas nós gostaríamos que houvesse uma maior aproximação das empresas privadas, para que a gente possa ir realocando os recursos públicos mais na base e na inclusão, para identificar o segmento que está precisando mais e destinar o investimento público. Trazer a iniciativa privada é uma das nossas tarefas.

Qual é o acordo com o Palácio do Planalto? Você fica como interino até que seja nomeado novo ministro?
A presidente me convidou para tocar Jogos Olímpicos e estamos normalmente, um dia depois do outro nos dedicando ao trabalho.


Ricardo Leyser deve ser efetivado como ministro do Esporte
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Daniel Brito

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Está na mesa da presidente Dilma Rousseff a nomeação de Ricardo Leyser como ministro do Esporte, em substituição a George Hilton, demitido na manhã desta quarta-feira, 23. Leyser é remanescente da gestão PC do B na pasta, e está diretamente envolvido com a preparação da delegação brasileira nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio-2016.

Leyser é do PC do B do Rio Grande do Sul e até então ocupava o cargo de secretário Nacional de Esporte de Alto Rendimento (SNEAR). Durante os primeiros 11 meses da administração Hilton na pasta, respondia como secretário-executivo do ministério, o segundo na hierarquia. Porém, para agradar o PRB, então partido de Hilton, Leyser foi exonerado do cargo e realocado na SNEAR. Em sua vaga, assumiu Marcos Jorge, presidente do PRB de Roraima.

Marcos Jorge permanece onde está. Faz parte do acordo político entre Palácio do Planalto e PRB, manter os secretários no Ministério do Esporte e ejetar George Hilton, que transferiu-se para o PROS na esperança de continuar como senhor de um orçamento estimado em R$ 1,3 bilhão só para este ano.

Participou da organização do Pan-07
Diferentemente de Hilton, Leyser conhece os atletas e os dirigentes. Ingressou no Ministério do Esporte em 2003H, na fundação da pasta, como assessor de Agnelo Queiroz. Entre 2005 e 2007, Leyser foi secretário-executivo para os Jogos Pan-Americanos do Rio-07. Trabalhou diretamente na candidatura carioca para receber os Jogos Olímpicos-2016.

Em junho de 2010, o TCU (Tribunal de Contas da União) condenou Leyser a devolver R$ 18 milhões aos cofres públicos por irregularidades cometidas na época do Pan. Segundo o jornal O Globo, a conta incluiu, por exemplo, R$ 4,1 milhões de pagamentos feitos em duplicidade. O dirigente se declarou inocente e chegou a dizer que a decisão parecia encomendada para atingí-lo. Recorreu da decisão e foi inocentado posteriormente.

O dirigente assumiu em 2009 a Secretaria Nacional de Alto Rendimento – substituiu ao ex-nadador Djan Madruga.

Na secretaria, Leyser estreitou o contato do governo com confederações esportivas e atletas. Trabalhou pela reformulação de políticas de apoio governamental a esportistas e foi um dos grandes responsável pelo plano Brasil Medalhas, lançado em 2012 visando a colocar o Brasil entre os dez países com mais medalhas na Olimpíada de 2016 (nos Jogos de 2012, o país foi 22º).


Ex-ministro podia não ser chegado ao esporte, mas se divertiu para valer
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Daniel Brito

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Havia sete meses que George Hilton caíra de paraquedas no Ministério do Esporte. Na cerimônia de entrega de medalhas dos Jogos Pan-Americanos de Toronto-2015, ele subiu ao degrau mais alto do pódio para entregar o ouro ao judoca brasileiro Charles Chibana. Mal percebeu a grande heresia que cometera, ou na linguagem das ruas, uma tremenda gafe.

Quem é do esporte sabe: pódio é solo sagrado, só os atletas premiados podem pisar nele.

Com o gesto, George Hilton apenas confirmou o que deixara avisado no dia de sua posse, ainda na primeira semana de janeiro de 2015: “Posso não entender de esporte, mas entendo de gente”.

O destino reservou a Semana Santa para que o pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, egresso do PRB e hoje no PROS, fosse ejetado do cargo de ministro do Esporte.

Hilton vai-se da Esplanada com um inventário raso para o Esporte, com poucos programas de autoria própria. Foi beneficiado pelo trabalho feito na gestão anterior, de Aldo Rebelo, hoje na Defesa. Mas ocupou o quadro de secretários do segundo escalão com antigos correligionários do PRB, partido que ele trocou para permanecer no cargo. O que não ocorreu. E os secretários permanecem, sem perspectiva de sair.

Pode orgulhar-se, contudo, de ter passado alguns dos 15 meses mais divertidos da sua vida.

Se não, vejamos:

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PRB se reaproxima de Dilma e derruba ministro do Esporte
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Daniel Brito

O deputado federal George Hilton (PROS-MG) deixou o cargo de ministro do Esporte na manhã desta quarta-feira, 23. George Hilton estava no cargo desde janeiro de 2015, em substituição a Aldo Rebelo. Ele é deputado federal e deve retornar à Câmara dos Deputados, agora pelo PROS.

Uma reviravolta política nos últimos dias selou o destino de Hilton.

Tudo por conta da reaproximação do PRB, antigo partido e Geroge Hilton, com o Palácio do Planalto. Há 10 dias, o presidente da legenda publicou um artigo na Folha de S.Paulo em favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ao longo da semana anterior, o PRB deixou clara a resolução de que todos os membros do partido com cargos no governo federal pedissem exoneração.

Pressionou Hilton repetidas vezes, que, em vez de atender ao partido, trocou de legenda. Deixou o PRB, pelo qual havia sido reeleito deputado federal por Minas Gerais, em 2014, e filiou-se ao PROS.

Porém, Dilma e PRB se reaproximaram. Na tarde de ontem, o presidente do PRB, Marcos Pereira, selaram um acordo de paz e cooperação. Pereira pediu o ministério de volta, e no início da noite de ontem, a saída de George Hilton do cargo estava consumada.

Ele teria um evento no Rio de Janeiro com o ministro da Cultura, Juca Ferreira, nesta quarta-feira, 23, mas já não participará mais.

Ricardo Leyser, secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento, remanescente do PC do B na pasta, assume interinamente. Resta saber se o PRB indicará um substituto para a vaga deixada por George Hilton. Os secretários do segundo escalão do Ministério do Esporte, membros do PRB, também devem continuar no cargo.

*ATUALIZAÇÃO: Em nota divulgada na quarta-feira, 23, o PRB negou que tenha retornado à base de apoio da presidente Dilma e mudou o tom do discurso. Em vez de ser pró-impeachment, como no artigo da Folha de S.Paulo de 11 de março, defende uma postura “independente” dos parlamentares do partido. Não informou, contudo, se os secretários vão pedir para deixar os cargos no ministério do Esporte.