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COB gastou mais de R$ 300 mil em hospedagem a cartolas no Canadá
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Daniel Brito

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Sheraton Centre de Toronto é 4 estrelas e localização privilegiada (Divulgação)

O COB (Comitê Olímpico Brasileiro) gastou mais de R$ 300 mil em hospedagens para presidentes das confederações esportivas ligadas à entidade e diretores do próprio comitê durante os Jogos Pan-Americanos de Toronto-2015, no Canadá. Esse dinheiro é de origem pública, provém de um percentual arrecadado na premiação das loterias federais, chamada de Lei Piva.

No total, o COB gastou US$ 142 mil. Dos quais, US$ 102 mil foram para 409 diárias no hotel Sheraton Centre Toronto Hotel, classificado como 4.1 estrelas, no centro da cidade que sediou o Pan, com vista para a famosa CN Tower e para a Nathan Philip Square, praça principal de Toronto. Outros US$ 25 mil foram gastos apenas para pagar o café da manhã dos cartolas e mais US$ 15 mil para pagar por uma sala de trabalho.

As informações constam do relatório produzido pela equipe técnica do TCU (Tribunal de Contas da União), levado a plenário na semana passada, pelo relator do processo, ministro Vital do Rêgo.

O valor total em reais à época chegou a R$ 318 mil contratado de forma direta, sem licitação.

“A prestação de serviços de hospedagem pelo Hotel Sheraton Centre Toronto foi atestada pela Gerente de Relações Internacionais do COB sem que constassem do processo os dados que permitiriam liquidar a despesa. Não foram anexadas lista de hóspedes, indicação do período, recibo ou nota fiscal”, informa o Relatório de Fiscalização do TCU,

Ao Tribunal de Contas da União, o COB expressou que o hotel foi escolhido por ser o local oficial de hospedagem do Comitê Olímpico Internacional. Além disso, os dirigentes participaram de atividades que ajudam a fomentar as modalidades olímpicas no Brasil.

“O fomento de uma atividade esportiva perpassa pelas atividades desenvolvidas pelo dirigente da entidade esportiva, no estrito cumprimento da sua função de representante daquela modalidade, e que a participação dos dirigentes das entidades em eventos esportivos internacionais, tais como o Pan Americano de Toronto, é atividade de fundamental importância para o fomento da modalidade. No caso concreto, as atividades executadas com recursos da Lei são estritamente institucionais”, justificou o Comitê Olímpico Brasileiro.

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Foram 409 diárias em 2015 no Sheraton Centre de Toronto (Divulgação)

E prosseguiu: “Não é possível concluir pela ilegalidade na aplicação dos recursos oriundos da Lei Agnelo/Piva por dois motivos sintetizados: (i) não há proibição legal; (ii) as atividades são inerentes ao fomento da atividade desportiva”.

A equipe técnica do TCU, no entanto, tem outro posicionamento. Consta do relatório que recursos da lei não devem ser empregados para a contratação de serviços de hospedagem e de alimentação a dirigentes e a pessoal de apoio do COB, “salvo quando demonstrado de forma inequívoca a importância da presença dos mesmos para a participação dos atletas na competição, inclusive, com justificativas específicas para pagamentos das retrocitadas despesas em dias que antecedem e/ou sucedem à competição”.

Já o ministro relator, o paraibano Vital do Rêgo, conhecido em seu Estado de origem como Vitalzinho, posicionou-se de forma contrária aos técnicos no seu voto: “Não percebi, entre os critérios avaliados e as evidências trazidas pela equipe de fiscalização, confronto legal a ponto de culminar em uma irregularidade. (…) No caso concreto, porquanto os indícios da auditoria não demonstraram que a participação dos dirigentes nos eventos tenha sido desvinculada do propósito estabelecido na lei e no decreto em questão”.

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Vitalzinho relatou a matéria no TCU foi senador e está citadao na Lava Jato


COB gastou R$ 21 milhões além do que recebeu da Lei Piva em 2015
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Daniel Brito

O COB (Comitê Olímpico do Brasil) recebeu R$ 244 milhões em 2015 da premiação das loterias federais, por intermédio da Lei Piva. A informação consta no “Demonstrativa de Aplicação dos Recursos” da lei, publicada na página do comitê em maio. Este montante representa 11% além do que a entidade angariou da mesma fonte em 2014.

Trata-se de um recorde de arrecadação, uma vez que o comitê estimou que receberia “apenas” R$ 202 milhões em 2015.
A entidade, no entanto, gastou R$ 244 milhões desta mesma origem, de acordo com o “Demonstrativo”. Ou seja, uma disparidade superior a R$ 21 milhões.

É importante ressaltar que em 2014, embora tenha recebido menos (arrecadou R$ 218 milhões), conseguiu acumular R$ 55 milhões no fundo de reserva.

Muito dessa diferença apontada no “Demonstrativo” de 2015 se deve ao investimento direto da Lei Piva nas confederações, que saltou de R$ 74 milhões em 2014 para R$ 165 milhões no exercício seguinte. O ano passado foi marcado pela realização dos Jogos Pan-Americanos, em Toronto, no qual o Brasil terminou na terceira colocação pelo critério de total de medalhas (141) e total de ouros (42), atrás dos Estados Unidos e do anfitrião Canadá.

O blog procurou o COB há 10 dias para explicações, mas não obteve respostas para os questionamentos. A entidade alegou que não conseguira atender à demanda porque a equipe já está toda voltada para a operação nos Jogos Olímpicos do Rio-2016.

Manutenção da entidade x investimento nas confederações

Um item que registrou aumento substancial de investimento com recursos da Lei Piva foi a “manutenção da entidade”. Para se ter ideia, o COB aplicou nele próprio quase o mesmo montante que distribuiu às 29 confederações durante o ano de 2014. O item “manutenção da entidade” cresceu 26% de 2013 para o ano seguinte. E de 2014 para o exercício subsequente outros 15%. Alcançou a marca de R$ 71.5 milhões em 2015. As 29 confederações receberam, em 2014, R$ 74 milhões, contra R$ 61 milhões aplicados em “manutenção” do COB no período.

Desde 2001, 2% do prêmio das loterias federais é destinado ao Comitê Olímpico (1,7%) e  Comitê Paraolímpico Brasileiro (0,3%). A partir deste ano, os paraolímpicos passaram a receber 1%, enquanto o COB manteve seu percentual.


Ex-ministro podia não ser chegado ao esporte, mas se divertiu para valer
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Daniel Brito

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Havia sete meses que George Hilton caíra de paraquedas no Ministério do Esporte. Na cerimônia de entrega de medalhas dos Jogos Pan-Americanos de Toronto-2015, ele subiu ao degrau mais alto do pódio para entregar o ouro ao judoca brasileiro Charles Chibana. Mal percebeu a grande heresia que cometera, ou na linguagem das ruas, uma tremenda gafe.

Quem é do esporte sabe: pódio é solo sagrado, só os atletas premiados podem pisar nele.

Com o gesto, George Hilton apenas confirmou o que deixara avisado no dia de sua posse, ainda na primeira semana de janeiro de 2015: “Posso não entender de esporte, mas entendo de gente”.

O destino reservou a Semana Santa para que o pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, egresso do PRB e hoje no PROS, fosse ejetado do cargo de ministro do Esporte.

Hilton vai-se da Esplanada com um inventário raso para o Esporte, com poucos programas de autoria própria. Foi beneficiado pelo trabalho feito na gestão anterior, de Aldo Rebelo, hoje na Defesa. Mas ocupou o quadro de secretários do segundo escalão com antigos correligionários do PRB, partido que ele trocou para permanecer no cargo. O que não ocorreu. E os secretários permanecem, sem perspectiva de sair.

Pode orgulhar-se, contudo, de ter passado alguns dos 15 meses mais divertidos da sua vida.

Se não, vejamos:

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Time de polo aquático dos EUA dividirá CT com atletas olímpicos brasileiros
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Daniel Brito

Atual sede da Escola Naval já foi palco de batalha com franceses em 1560 (Crédito:Divulgação)

Atual sede da Escola Naval já foi palco de batalha com franceses em 1560
(Crédito:Divulgação)

Os atuais campeões Pan-Americanos de pólo aquático poderão compartilhar do mesmo espaço de treinamento de alguns dos atletas olímpicos brasileiros antes e até mesmo durante os Jogos do Rio-2016. O USOC (sigla em inglês para Comitê Olímpico dos Estados Unidos) firmou parceria com a Escola Naval e as duas equipes de pólo, masculina e feminina, estão autorizadas a utilizar as instalações esportivas e não-esportivas do local.

O acordo passou a valer em 14 de setembro e vai até o final de outubro do próximo ano. A Escola Naval está situada na Ilha de Villegagnon, estrategicamente posicionada dentro da Baía de Guanabara.

Ali será também a casa de atletas e treinadores brasileiros antes e durante os Jogos-2016. A parceria do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) com a Escola Naval foi firmada no segundo semestre do ano passado. A Ilha de Villegagnon deve servir de base na preparação para as equipes de tiro esportivo, polo aquático e vela. Cerca de 130 pessoas, entre atletas e comissões técnicas das três modalidades, utilizarão o local. Eles ficarão alojados na ilha nas duas semanas que antecederem à entrada dos competidores na Vila Olímpica, na Barra da Tijuca.

Além da Escola Naval, os atletas brasileiros das demais modalidades também utilizarão outro ponto histórico no Rio. A Fortaleza de São João, na Urca, de propriedade do Exército, poderá abrigar até 260 atletas em período de treinamento para os Jogos-2016.

Já os Estados Unidos possuem um acordo com o Flamengo, no qual utilizarão as instalações do clube como base de treinamento da maior parte de seus atletas.

Haverá, portanto, um reencontro entre os brasileiros e seus algozes na última edição dos Jogos Pan-Americanos de Toronto-2015. Tanto a seleção masculina quanto a feminina do país caíram diante dos americanos no Canadá, em julho. As mulheres foram derrotadas na semifinal, por 16 a 3, mas terminaram com o bronze. Os homens perderam o ouro para os Estados Unidos por 11 a 9, em uma partida recheada de rivalidade.

Local histórico

A Ilha de Villegagnon guarda um pedaço quase esquecido da história do Brasil Colônia. Alguns de seus primeiros registros datam do ano de 1555, quando os portugueses eram os donos do litoral brasileiro e os índios canibais ocupavam a região. Mas foram os franceses que trataram de ocupar o arquipélago. Com três navios, o cavalheiro francês Nicolas de Villegagnon aporta na ilha e onde ergue uma fortaleza.

Mas após conflitos religiosos entre os próprios franceses e uma investida portuguesa em 1560, Villegagnon e seus asseclas foram expulsos do local. Mas seu nome permanece até hoje. A Escola Naval se alojou na década de 1930 na área e é um importante centro esportivo da cidade do Rio de Janeiro.


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