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Um ano após escândalos de corrupção, CBV registra déficit de R$ 23 milhões
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Daniel Brito

<> at Carioca Arena 1 on June 9, 2016 in Rio de Janeiro, Brazil.

A CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) registrou um déficit de R$ 23 milhões em 2015, segundo apontou a demonstração de resultado financeiro publicado na página da entidade na internet. É uma diferença muito grande para o resultado do exercício anterior (2014), que terminou superavitário em R$ 2,1 milhões.

Dois fatores contribuíram para tamanha discrepância: a realização das finais do Grand Prix e da Liga Mundial no Brasil no ano passado, ambas no Rio de Janeiro, além do aumento na despesa com pessoal.

O déficit coincide com as alterações na estrutura organizacional às quais a CBV se viu obrigada a implementar para combater a corrupção na entidade, revelada pelo jornalista Lúcio de Castro em uma série de reportagens na ESPN Brasil, em 2014. As providências foram exigidas pelo Banco do Brasil, patrocinador desde o início dos anos 1990 do vôlei brasileiro, e que investe R$ 70 milhões por ano na modalidade.

“As alterações na estrutura organizacional da CBV efetuadas no exercício de 2015 impactaram diretamente nas ações de governança implementadas no exercício, porém este impacto não tem como ser mensurado no resultado de um único exercício. Os resultados poderão ser percebidos nos exercícios futuros”, informou a CBV, em nota via assessoria de imprensa.

Taxas e direitos de transmissão

A confederação aportou R$ 17,4 milhões em despesas operacionais. Dos quais, R$ 6,4 milhões foram para taxas de realização do Grand Prix, em maio, e Liga Mundial, em julho, no Rio, para a FIVB (Federação Internacional de Vôlei), “assim como taxa de liberação de espaço para realização de eventos nacionais devidas aso órgãos governamentais competentes”, acrescentou, em nota explicativa no balanço, a CBV.

Outro gasto que subiu em 2015 foi o de vídeo, som, áudio e comunicação. O desembolso que foi de R$ 1,1 milhão em 2014 saltou para R$ 4,4 milhões no exercício seguinte. “O aumento foi impactado pela aquisição da transmissão dos jogos de quadra e de praia. (…) Cerca de 115 países receberam o sinal dos jogos da Liga Mundial e do Grand Prix”.

Aumento nas gratificações

<> on July 16, 2015 in Rio de Janeiro, Brazil.

As despesas com pessoal chamam a atenção no resultado financeiro da CBV em 2015. Os gastos com salários subiram mais de 60% e bateram na casa dos R$ 9 milhões. Consequentemente, as obrigações trabalhistas acompanharam o salto: a confederação desembolsou mais para o pagamento de 13º salário, férias e, principalmente, gratificações. A entidade teve um dispêndio de R$ 423 mil com gratificações em 2014. Este valor bateu em R$ 1,5 milhão no exercício seguinte.

“Em 2015, a entidade passou a contar com um diretor executivo (CEO), que assumiu o cargo com a missão de adotar práticas responsáveis de governança e alcançar a excelência nos eventos promovidos pela CBV. E com uma gestão cada vez mais atenta e preocupada com os colaboradores, a confederação adotou um plano de cargos e salários, e melhoria nos benefícios (cartão de alimentação, plano de saúde e mental)”, publicou em nota explicativa no próprio balanço a entidade.

Ajuda de custo na Superliga

O balanço da CBV também informou em nota que a entidade distribuiu de novembro de 2015 a maio de 2016 cerca de R$ 1,8 milhão de apoio para custeio de hospedagem dos clubes participantes da Superliga masculina e feminina.

“A CBV viabilizou financeiramente a logística de viagens dos times visitantes, incluindo passagens aéreas, hospedagem, para todas equipes e também para os árbitros, além de custear taxa de arbitragem e fornecer bolas para a competição (no caso da Superliga Masculina, também incluídas alimentação e traslados terrestres).  A CBV paga ainda serviços de estatística, serviços de clipagem de exposição de marcas dos patrocinadores dos clubes e taxas de delegados, além de oferecer o empréstimo de pisos”, acrescentou a confederação, via assessoria de imprensa.

Resultado financeiro
A CBV teve uma receita de R$ 107,3 milhões em 2015, mas suas despesas bateram na casa dos R$ 134,3 milhões. O que aliviou um pouco o déficit foi o resultado financeiro líquido, advindo de aplicações, da ordem de R$ 3,1 milhões. “Para o exercício de 2016, a CBV está prevendo um equilíbrio entre as receitas e despesas. O planejamento estratégico em curso buscará assegurar a solidez financeira nos próximos exercícios”, prevê a confederação, em nota ao blog.

RIO DE JANEIRO, BRAZIL - JULY 19: A general view of the arena during the FIVB World League Group 1 Finals gold medal match between Serbia and France at Maracanazinho on July 19, 2015 in Rio de Janeiro, Brazil. Maracanazinho will host the volleyball competition during the Rio 2016 Olympic Games. (Photo by Matthew Stockman/Getty Images)

(Matthew Stockman/Getty)


“O esporte está acima da crise”, afirma novo ministro
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Daniel Brito

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Leyser premia jogadora do Praia Clube em seu primeiro evento público como ministro do Esporte (Ivo Lima/ME)

O paulistano Ricardo Leyser foi nomeado oficialmente como ministro do Esporte há uma semana, na terça-feira, 29, e no domingo, 3, fez seu primeiro compromisso público no cargo. Esteve na final da Superliga feminina de vôlei, no ginásio Nilson Nelson, em Bras ília, premiou as três melhores equipes da competição e conversou por cinco minutos com o blog.

A crise econômica e política que o Brasil atravessa parece, pelo discurso de Leyser, passar ao largo da organização dos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Ele vê a realização do mega evento esportivo em agosto como um mecanismo para não só aliviar como superar as vicissitudes.

O novo ministro, que tem um orçamento inicial de R$1,3 bilhão, aproveitou para apontar sua preocupação com a gestão dos recursos públicos aportados nas entidades esportivas do país – de acordo com o TCU, serão R$ 7 bilhões desde 2012.

Já é possível notar no tom de Leyser um prenúncio de que após os Jogos-2016 esse investimento deixe de existir, por isso tem como meta “aproximar a iniciativa privada ao financiamento de projetos esportivos”.
Confira abaixo trechos da conversa com Leyser após a final da Superliga feminina de vôlei, no domingo, 3, em Brasília.

BLOG DO BRITO: como você vê a realização dos Jogos Olímpicos em meio a esta crise política e econômica?
RICARDO LEYSER: Os Jogos vêm na hora certa. Porque nas horas de dificuldade que nós precisamos achar projetos que unam a nação. Acredito que todas as pessoas, apoiem o governo ou sejam contra, gostam do esporte, torcem pelo Brasil, querem melhor para o país. E os Jogos Olímpicos é um projeto em que não importa em quem você tenha votado, você é o Brasil. Além disso, você tem a oportunidade de conhecer atletas que nunca teria acesso normalmente. Acredito que a população vai gostar demais dos Jogos, vai ajudar a superar o momento de crise e intolerância e é a contribuição do esporte para geração de emprego, de renda.

Acredita que as manifestações populares também atinjam a organização dos Jogos-2016?
Tudo o que temos visto é apoio, todos felizes apoiando. As pessoas entendem que o esporte está acima de tudo isso e o país está acima de tudo isso.

Agora na condição de ministro, você tem algum projeto que pensa em se dedicar?
Estamos vindo de uma linha já de anos com vários ministros mantendo o trabalho dos antecessores. Isso explica um pouco do sucesso do Ministério do Esporte, por isso que o Ministério consegue entregar suas obras, como Copa do Mundo e Jogos Olímpicos. Mas temos algumas questões a olhar estrategicamente. Um deles é a gestão das entidades esportivas, como é que a gente consegue dar um salto nessa gestão. É claro que tem melhorado, já há bons indicadores, mas ainda precisamos melhorar muito. Temos que nos preparar para gerir o legado dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos e o da Copa do Mundo. Com uma infraestrutura sensacional, como receber outros eventos? Do ponto de vista nacional, você tem 12 cidades que receberam a Copa, fora outros estádios que foram construídos, como do Palmeiras e do Grêmio. E todo o legado olímpico, com pistas de atletismo e ginásios. É importante um trabalho para gerir isso. Outro trabalho que achamos importante, é aproximar mais a iniciativa privada do financiamento do esporte. O esporte ainda depende demais do governo federal. Esporte é prioridade no governo Dilma, mas nós gostaríamos que houvesse uma maior aproximação das empresas privadas, para que a gente possa ir realocando os recursos públicos mais na base e na inclusão, para identificar o segmento que está precisando mais e destinar o investimento público. Trazer a iniciativa privada é uma das nossas tarefas.

Qual é o acordo com o Palácio do Planalto? Você fica como interino até que seja nomeado novo ministro?
A presidente me convidou para tocar Jogos Olímpicos e estamos normalmente, um dia depois do outro nos dedicando ao trabalho.


Decisão do vôlei às 9h da manhã faz jogadoras acordarem de madrugada
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Daniel Brito

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Walewska criticou o horário: “Não somos consultadas” (Adalberto Marques/Inova Foto/CBV)

A campeã olímpica Natália teve de acordar antes das 6h da manhã para defender o Rexona Ades às 9h no ginásio Nilson Nelson, em Brasília, na final da Superliga 2015/16 contra o Praia Clube, de Uberlândia, Minas Gerais. Por causa da transmissão na TV aberta, o jogo do título do principal campeonato de vôlei do país ocorreu nas primeiras horas deste domingo, 3. Horário cruel para um domingo, ainda mais para as atletas, acostumadas a jogar de tarde ou de noite durante toda a temporada.

“Não é fácil. Acordei 5h50 hoje para despertar, tomar um café forte, para chegar bem às 9h da manhã, a gente não está acostumada a jogar neste horário, são coisas do vôlei”, contou a ponteira, após o jogo em que seu time superou, além do sono da manhã, e o Praia Clube por três sets a um, após duas horas e 16 minutos de embate.

“Mas esse costuma ser o horário da final, então a gente meio que já sabe. Mas é importante comer bem, porque agora já são que horas? Nem sei que horas são, é meio pesado. Eu comi um sanduíche com queijo branco e peito de peru, umas frutas, café, essas coisas”, revelou a jogadora. O ritual deu certo, porque Natália foi eleita a melhor em quadra na decisão deste domingo.

Houve, contudo, quem acordasse cedo há mais dias para não sentir-se mal em quadra. “Eu venho de uma rotina de quatro dias, de acordar às 6h da manhã, que é a hora em que tivemos que acordar hoje. Eu faço um pilates, tenho acordada sozinha, faço há quatro dias, por isso não senti o jogo. Mas à noite eu vou estar quebrada”, contou Walewska, campeã olímpica com a seleção em Pequim-2008, e central do Praia Clube.

Do alto de seus 36 anos e mais de 10 anos de serviços prestados à seleção nacional, Walewska não deixou de se indignar com a situação. “A gente é muito refém da televisão. Ninguém pergunta aos atletas o melhor horário. Dormimos às 21h de ontem, acordamos às 6h da manhã. Jogamos às 9h, muda a rotina toda do atleta. É uma falta de respeito com todos os atletas, tem que ter uma comissão de atletas para rever isso. Nós nunca somos questionados, e isso é sim um protesto” criticou a atleta.


Levantadora da seleção está grávida e se “banha” de repelente contra zika
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Daniel Brito

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Fabíola com a filha Andressa, de 10 anos (crédito: arquivo pessoal)

A levantadora Fabíola, 33, se viu obrigada a acrescentar a prevenção contra o mosquito aedes aegypti à sua rotina de gestante. Ela entrou há pouco no sexto mês de gravidez da segunda filha. E ainda acalenta a esperança de disputar em agosto, os Jogos Olímpicos do Rio-2016 pela seleção de José Roberto Guimarães.

Fabíola parece levar tudo com tranquilidade e paciência. Até porque duas dessas três experiências ela já viveu: foi mãe pela primeira vez há 10 anos, e experimentou a ansiedade pré-Jogos Olímpicos no ciclo para Londres-2012, quando amargou um corte da seleção um mês antes do embarque.

20160223143118O que a assusta neste momento é o zika vírus e a microcefalia, que pode acometer bebês ainda na barriga da mãe. Por isso, cobre-se de repelente desde o minuto em que acorda de manhã até a hora de dormir. “Passo muito repelente pelo corpo o dia inteiro. Só ando de calça e uso roupas de manga longa”, explicou Fabíola, após mais uma tarde de treino no Brasília Vôlei, de Taguatinga, Distrito Federal, que disputa a Superliga feminina.

“O noticiário sobre zika vírus é assustador. Todo dia a gente recebe uma enxurrada de informação difícil de processar. Outro dia eu vi uma mãe que perdeu bebê aos seis meses de gestação por causa do vírus. Não tem como ficar tranquila com isso. Mas estou tomando todos os cuidados possíveis”, explicou.

Fabíola é de Ceilândia a maior cidade do Distrito Federal e chegou há cerca de três meses da Suíça, onde jogava, exatamente quando a epidemia ganhou força e o número de casos de microcefalia aumentou no país inteiro. Até agora, ela diz não ter tido contato com ninguém com dengue, zika ou chikungunya, mas assustou-se com uma virose que seus pais trouxeram após uma viagem à Paraíba. “Eles voltaram mal, com febre, diarreia, mas esses não são os sintomas da dengue, fiquei mais tranquila”, contou.

Ela sabe o mal que o aedes aegypti causa ao organismo. Até hoje se recorda com calafrios dos dias que sofreu, há quatro anos, quando contraiu dengue em Osasco, São Paulo. “Nossa, passei dias terríveis, perdi quatro quilos, você acredita? Quatro quilos. Porque não dá vontade de fazer nada, febre alta o tempo inteiro é horrível. Agora você imagina esses sintomas estando grávida?”, se questiona a levantadora.

Ela tem uma visita agendada ao médico para realizar nova bateria de exames pré-natal. Enquanto isso, mantém uma rotina de treinamentos diários com bola, junto com a comissão técnica do Brasília Vôlei, e pilates. Fabíola conta que os exercícios servem para manter-se em atividade e, principalmente, para tentar atender ao chamado de José Roberto Guimarães.

Em janeiro, ele ligou para a levantadora e disse que gostaria de contar com ela para os Jogos do Rio-2016. Como Ana, a segunda filha de Fabíola, nasce em maio, seriam três meses até a estreia olímpica no Maracanãzinho. “Olha, quando nasceu a Andressa [primeira filha], há dez anos, eu já estava em quadra menos de um mês após o parto. Não tenho mais 23 anos, mas naquela época também não conhecia pilates. Então, vamos ver, pode ser que dê certo”, projeta a brasiliense de Ceilândia, cujo último time foi o Volero, da Suíça.

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Grávida de seis meses, Fabíola treina, com o corpo coberto, com a comissão técnica do Brasília Vôlei (Divulgação)


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