Blog do Daniel Brito

Estádio da Copa no DF teve superfaturamento de R$ 365 mi, indica tribunal

Daniel Brito

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Foto de 2013 do Estádio Nacional Mané Garrincha (divulgação)

Fiscalização do TCDF (Tribunal de Contas  do Distrito Federal) apontou um superfaturamento de R$ 365 milhões na reforma do Estádio Nacional Mané Garrincha para a Copa do Mundo Fifa-2014. E o valor final da obra ficou na casa de R$ 1,9 bilhão.

O desfalque financeiro se deve a contratos que ainda estão ativos, como reformas no entorno da arena. Ela deveria estar pronta para o Mundial da Fifa, realizado há quase dois anos, mas nem sequer teve inicio. Há, também, duplicidade de custo de alguns equipamentos alugados; utilização indevida de encargos trabalhistas, valor de vale transporte super dimensionado, pagamento indevido de serviços não executados e sobrepreço em alguns itens.

Só a obra do gramado, que foi motivo de muita polêmica, custou R$ 1 milhão acima do previsto, de acordo com a auditoria permanente do TCDF no Estádio Nacional. ''O nivelamento foi feito em três etapas que não eram necessárias, e isso foi cobrado. Também houve pagamento por metragem maior do que a executada no serviço'', informou Renato Rainha, presidente do TCDF, em entrevista coletiva nesta quinta-feira, 5.

Outro ponto de superfaturamento exposto pela fiscalização foi a reforma da cobertura. Houve antecipação de pagamento da estrutura metálica, cabos e partes fundidas sem o devido desconto, além de aplicaçao indevida de desoneração indevida prevista no Recopa (regime de benefício fiscais aprovados para a Copa do Mundo).

Há ainda uma última etapa da auditoria permanente do TCDF, que examinará os demais aditivos financeiros do contrato de construção do estádio e a reavaliação do Recopa. O Tribunal vai fazer uma avaliação da qualidade da arena. Neste processo, os auditores vão analisar o conforto, a acessibilidade, a segurança e o acabamento da obra de construção do Estádio.

Sobre as obras do entorno, que nunca começaram, o TCDF encaminhou ofício ao governador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) recomendando a suspensão desse contrato no valor R$ 287 milhões.

É importante ressaltar que as obras do Estádio Nacional estão no escopo das investigações da Operação Lava Jato. Em novembro de 2015, a empreiteira Andrade Gutierrez revelou que pagou propina para realizar algumas obras da Copa do Mundo.  A empresa atuou, sozinha ou em consórcio, na reforma do estádio do Maracanã, no Rio, do Mané Garrincha, em Brasília, no Beira-Rio, em Porto Alegre, e na construção da Arena da Amazônia, em Manaus, Amazonas.