Salário da NBA, lesão incurável: os últimos dias de Fab Melo em atividade
Daniel Brito
Fab Melo, encontrado morto no sábado, 11, em Juiz de Fora, Minas Gerais, tentou por quatro meses voltar a jogar no Brasília, atual líder do NBB. Chegou em agosto do ano passado, com um salário modesto para os padrões do time, mas pediu para sair quatro meses mais tarde, após jogar somente dois minutos em sua estreia, na sétima rodada do Nacional, sob a alegação de que voltaria para os EUA para tratar-se de uma lesão na panturrilha.
O Brasília o contratou porque estava barato no mercado nacional. Recebia mensalmente R$15 mil – o teto salarial no grupo chega a R$ 50 mil. Seus vencimentos eram baixos para seu inventário, no qual constavam a passagem bem sucedida na NCAA (liga universitária dos EUA), escolha na primeira rodada do Draft da NBA e passagem pelo Boston Celtics (ainda que como figurante). Um currículo daqueles que pode chamar público aos ginásios brasileiros e somar talento para qualquer elenco no NBB.
Treinou por não mais que 20 dias seguidos tão logo desembarcou no planalto central, mas teve de se apresentar ao departamento médico. O diagnóstico: lesão na panturrilha direita. E foi isso que o atormentou.
“Estava na quinta contusão só neste ano [de 2016], não consegui dar sequência aos jogos da temporada. Preciso me retirar para tratar a lesão, focar minhas energias no tratamento”, explicou o jogador mineiro, ao deixar o time em dezembro.
Em quatro meses, disputou sete jogos por Brasília. Seis valendo pela Liga Sul-Americana, na qual acumulou média de 12 minutos, e uma única apresentação no NBB. Dia 30 de novembro de 2016 foi sua última partida oficial. Foram dois minutos e quarenta e cinco segundos em quadra contra o Pinheiros: dois pontos, um erro e um rebote ofensivo. Não jogou mais porque não suportava o incômodo causado pela lesão.
Por causa dela, foi chamado por José Carlos Vidal, diretor do Brasília, para conversas em particular. “Houve uma omissão na lesão. Nosso fisioterapeuta, o Carlinhos, foi atrás do histórico dele e viu que havia essa contusão de 2012 ou 2014 que pode ter sido mal resolvida e reverberou por anos”, disse Vidal. “Quando pediu pra nos deixar, já estávamos em busca de um novo pivô, e o Fab Melo nos disse que iria voltar para os Estados Unidos para se recuperar lá”, completou.
Vidal relata que em todo o tempo que ficou em Brasília, Melo atrasou-se apenas uma , antes de um amistoso de pré-temporada, mas por motivos de problemas com avião. “Eu dizia para ele: ‘Conheço todos os lugares de Brasília. Se você atrasar, vou saber onde esteve'”, relembrou o dirigente, que acrescentou não ter registrado problemas de comportamento do jogador.
Após a rescisão, amigável e sem custos para ambas as partes, segundo Vidal, o diretor do Brasília contou que recebeu a informação de que o pivô de Minas Gerais ainda recebia salários da NBA. Escolhido no Draft de 2012 ainda na primeira rodada, teve direito ao equivalente a R$ 10 milhões (na cotação de hoje) pelo contrato de três anos com o Boston Celtics.
Entenda o que aconteceu com Fab Melo
O jogador foi encontrado morto dentro de sua casa por sua mãe, que mora no andar de baixo. Ela acionou o SAMU (Serviço de atendimento Móvel de Urgência), que constatou o óbito e levou o corpo para o IML.
A autópsia realizada no local apontou morte natural por causa indeterminada, e a Polícia Civil de Juiz de Fora não vai abrir inquérito para apurar o caso.
O enterro de Fab Melo aconteceu no último domingo na cidade mineira.