Abbey D’agostino – Blog do Daniel Brito http://blogdobrito.blogosfera.uol.com.br Um espaço sobre esportes olímpicos, não-olímpicos, paraolímpicos, futebol e um pouco do que é dito sobre isso tudo na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Fri, 31 Mar 2017 16:22:36 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 O que aconteceu à corredora que ajudou a rival que caiu em prova na Rio-16? http://blogdobrito.blogosfera.uol.com.br/2017/01/11/o-que-aconteceu-a-corredora-que-ajudou-a-rival-na-rio-2016/ http://blogdobrito.blogosfera.uol.com.br/2017/01/11/o-que-aconteceu-a-corredora-que-ajudou-a-rival-na-rio-2016/#comments Wed, 11 Jan 2017 06:00:23 +0000 http://blogdobrito.blogosfera.uol.com.br/?p=1787 RIO DE JANEIRO, BRAZIL - AUGUST 16: Abbey D'Agostino of the United States (R) and Nikki Hamblin of New Zealand react after a collision during the Women's 5000m Round 1 - Heat 2 on Day 11 of the Rio 2016 Olympic Games at the Olympic Stadium on August 16, 2016 in Rio de Janeiro, Brazil. (Photo by Ian Walton/Getty Images)

Abbey D’Agostino (número 6) rompeu o ligamento cruzado do joelho esquerdo na prova dos 5.000m (Walton/Getty)

Foi uma das cenas mais marcantes dos Jogos Olímpicos Rio-2016. Aconteceu em um fim de manhã quente de agosto, na pista azul de atletismo do Estádio Olímpico Nilton Santos. Dezessete mulheres disputavam a segunda bateria dos 5.000m. Na altura dos 3.200m, a neozelandesa Nikki Hamblin tropeçou na japonesa Misak Onishi e foi ao chão. Imediatamente atrás, vinha a americana Abbey D’Agostino, que não conseguiu frear e tombou ao lado. A japonesa nada sofreu e seguiu a corrida.

Abbey rapidamente se recompôs e, em vez de sacudir a poeira e terminar sua prova, puxou Nikki pelo ombro e disse algumas palavras de incentivo. Ao tentar retomar o ritmo, desabou no chão. Só no replay do tropeção é que dá para perceber.

A perna esquerda da americana fizera um movimento brusco, quase formando uma letra S, que resultou na ruptura total do ligamento cruzado anterior do joelho, além de lesão no menisco e torção no ligamento medial colateral. Quem já sofreu este tipo de contusão sabe o quão angustiante é ver alguém vivendo esta experiência.

Lesão pouco frequente no atletismo

RIO DE JANEIRO, BRAZIL - AUGUST 16: Abbey D'Agostino of the United States (R) and Nikki Hamblin of New Zealand react after a collision during the Women's 5000m Round 1 - Heat 2 on Day 11 of the Rio 2016 Olympic Games at the Olympic Stadium on August 16, 2016 in Rio de Janeiro, Brazil. (Photo by Ian Walton/Getty Images)

(RIan Walton/Getty Images)

Quantos jogadores de futebol já não saíram de maca, aos prantos, após romper os ligamentos do joelho? É uma contusão até certo ponto comum em modalidades em que se exige a mudança de direção do atleta, como futebol e outros esportes com bola (basquete, vôlei, handebol). No atletismo acontece, mas com frequência irregular.

Pois Abbey tombou com o joelho esquerdo em frangalhos. Aí foi a vez da neozelandesa Nikki Hamblin retribuir a delicadeza e incetivá-la a terminar a prova. “Quando eu caí, me flagrei pensando: ‘Deus, o que aconteceu, por que eu estou no chão?’ Aí eu senti uma mão no meu ombro, era Abbey D’Agostino dizendo: ‘Levante-se, vamos terminar esta prova, estamos nos Jogos Olímpicos’”, relatou Nikki Hamblim aos jornalistas após a bateria.

O que D’Agostino fez a seguir parecia impossível para quem acabara de romper um ligamento, torcer o outro e lesionar o menisco. Completou os 1.800 metros restantes e fechou a prova em 17min10s02 (mais rápido que o blogueiro – o que não é difícil). Na soma do tempo de todas as participantes, a americana foi a antepenúltima, à frente de uma atleta das Ilhas Salomão e do Congo, porém, três minutos mais lenta que a campeã olímpica dos 5.000m, a queniana Vivian Cheroiyot.

Abbey D’Agostino deixou a pista em cadeira de rodas. Ganhou uma vaga na final, porém, não tinha a menor condição de competiu. E não o fez desde então. No dia seguinte já estava tudo pronto para a cirurgia de reconstrução do ligamento (praticamente do joelho todo) nos primeiros dias de setembro.

Status de campeã olímpica em casa
A partir daí, ela se tornou celebridade. Sua imagem puxando Hamblin para retomar a corrida foi tão vista pelo mundo quanto a conquista dos ouros de Phelps e Bolt ou o penâlti de Neymar contra a Alemanha. Entrou para o hall de momentos inesquecíveis, como o da maratonista Gabrielle Andersen, ao final da maratona dos Jogos de Los Angeles-84, totalmente debilitada a dar a última volta no estádio olímpico para cumprir os 42km da prova.

Abbey retornou a Boston, onde mora e estuda. Foi homenageada em um jogo do Boston Red Sox, no mítico estádio de Fenway Park, também compareceu em um jogo da NFL para receber honrarias do New England Patriots, e no jogo do Boston Celtics, da NBA. Juntou-se à judoca Kayla Harrison, que faturou o bi olímpico na Rio-16, e outros medalhistas do Estado de New England e foi laureada pelos feitos.

Espera-se que agora em janeiro ela possa retomar os treinos normalmente. “Eu espero, de verdade, que possa voltar a correr em alto nível, que ainda tenha uma jornada para seguir no mundo do atletismo”, disse ao Boston Globe, em dezembro, Abbey D’agostino.

RIO DE JANEIRO, BRAZIL - AUGUST 17: New Zealand distance runner, Nikki Hamblin and American runner, Abbey D'Agostino pose for a portrait on August 17, 2016 in Rio de Janeiro, Brazil. Hamblin and D'Agostino came last in their 5000m heat on Tuesday after they collided and fell midway through their race. The pair have been commended for their sportsmanship after they helped each other up to finish the race. (Photo by Chris Graythen/Getty Images)

Abbey (à esq.) e Nikki se tornaram amigas após o incidente (Chris Graythen/Getty Images)

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