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Arquivo : Fabiana Beltrame

Já que não deu no futebol, que tal investir nos esportes olímpicos, Eurico?
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Daniel Brito

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Eurico: “O maior retorno que você encontra no esporte olímpico é a conquista” (Crédito: Folhapress)

A resposta para a pergunta que dá título a esta nota, vindo de Eurico Miranda, não poderia ser outra: não, não vale a pena. Financeiramente, o esporte olímpico dificilmente é um investimento atrativo, considera o presidente do Vasco.

No dia em que conversou com este blogueiro, após uma sessão da CPI do Futebol no Senado, em outubro, Eurico explicou que quando apoia outras modalidades além do futebol, não espera retorno financeiro. “Eu acho que esse negócio de investimento, retorno no esporte olímpico e no paraolímpico…eu acho que o maior retorno que você encontra nisso aí é a conquista. Para o clube, se você pensar em um tipo de resultado [financeiro], não vai trazer. Não vai trazer. É que isso aí [esportes olímpicos] representa muito para a instituição. Porque você sabe que o Vasco não é só um clube de futebol, é muito mais que só um clube de futebol”, explicou o cartola.

Assim sendo, o momento é ideal para diversificar o investimento e levantar a autoestima do clube, dado que o rebaixamento para a Série B do Brasileiro poderia ser amenizado pelo desempenho dos atletas olímpicos vascaínos.

Mas o Vasco até hoje paga dívidas contraídas no ciclo olímpico de Sydney-2000. Numa época pré-Lei Piva, o Vasco de Eurico bancou 40% da delegação brasileira nos Jogos da Austrália, no qual o Brasil terminou na 53ª colocação, com 12 pódios, mas nenhuma medalha de ouro.

“Eu vou mantendo os esportes que a gente está podendo manter, é um esforço nosso, sempre que podemos, vamos dando apoio. Hoje muito mais nos paraolímpicos do que nos olímpicos”, apontou Eurico.

Grande parte da seleção brasileira de futebol de sete (para portadores de paralisia cerebral), que faz parte do programa dos Jogos Paraolímpicos, atua pelo Vasco. Mas o grande nome do clube para os Jogos Rio-2016 está no remo olímpico, com Fabiana Beltrame. “Fabiana é nosso ícone, eu lamento que o remo não tenha o incentivo que merecia ter, mas ela é uma medalhista mundial e merece nosso apoio”, concluiu .


Remo brasileiro naufraga em crise crônica às vésperas dos Jogos-2016
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Daniel Brito

Daniel Scelza/ABI/Folhapress

Provas de remo na Rio-2016 serão na Lagoa Rodrigo de Freitas

Os Jogos Olímpicos do Rio-2016, veja só, tornaram-se um problema para o remo brasileiro. Por causa das obras na Lagoa Rodrigo de Freitas, onde serão realizadas as provas da modalidade no próximo ano, a seleção nacional perdeu seu local de treinamento. A observação é de Edson Altino Pereira Júnior, presidente da CBR (Confederação Brasileira de Remo).

“Tivemos que sair da nossa área de treinamento para reforma do estádio e da raia de competição que serão utilizados nos Jogos do Rio-2016. Por isso, temos que tirar a seleção de seu local de treinamento e isso é uma dificuldade a mais. Acho que é o único esporte que teve que sair do seu local para dar espaço para os Jogos”, lamentou Altino durante sessão da Comissão de Esporte na Câmara dos Deputados.

Do modo que fala, o dirigente parece ter sido pego de surpresa pela realização dos Jogos, apesar de a escolha da Lagoa como uma dos locais de competição da olimpíada ter ocorrido há mais de seis anos. Mas o discurso de Altino demonstra um problema ainda maior no remo nacional.

É grave a crise na modalidade às vésperas do Rio-2016.

Boicote ao Campeonato Brasileiro
Na semana passada, Fabiana Beltrame, talvez a única remadora de destaque no país, publicou um desabafo nas redes sociais contra as decisões da CBR. A mais recente, que incentivou um boicote de Flamengo, Vasco e Botafogo, alterou para o final de outubro um campeonato brasileiro em Brasília, quando para esta mesma data já estava agendado o campeonato do Rio de Janeiro.

“Há falta de organização, mudanças de planejamento e guerra entre entidades que supostamente deveriam trabalhar em conjunto, os clubes, federações e confederação”, postou Fabiana, que representa o Vasco.

Segundo Altino, sobre este problema só os clubes do Rio reclamaram. “Toda essa polêmica se dá pelo fato de a sede da confederação ser no Rio de Janeiro, vizinho de Flamengo e Botafogo. A história do remo sempre foi da CBR apoiando os clubes do Rio. E quando este apoio deixa de ser como eles estão acostumados, há a crítica”.

Tem dinheiro, falta resultado
Altino tem uma posição interessante sobre os remadores brasileiros. “Os atletas do remo no país são os mais apoiados do mundo inteiro. Eles têm mais suporte financeiro do que os outros atletas”, aponta. O Remo tem o patrocínio do Bradesco, por intermédio da lei de incentivo ao esporte, e foi contemplado com R$ 2.8 milhões da Lei Piva pelo COB no último ano.

Mas pelas contas apresentadas pelo dirigente na Câmara, cerca de 70% desse montante vai para os atletas nas equipes permanentes, comissões técnicas, equipe de manutenção dos barcos, além de apoio para participar de competições e treinamentos. “O atleta só precisa chegar com a vontade, o resto é por nossa conta”, afirmou o presidente da CBR. Os outros 30% servem para manutenção da entidade e cursos de formação, segundo Altino.

O remo poderia até contar com mais recursos. Não há um único projeto de convênio celebrado com o Ministério do Esporte. O que torna a CBR uma das poucas confederações que não apresentou proposta, apesar do interesse da pasta.

Os resultados dos brasileiros estão longe de ser expressivos nas competições internacionais neste ciclo olímpico. No Mundial realizado na França, no início do mês, o destaque ficou por conta do quarto lugar de Fabiana Beltrame no single skiff peso leve, prova em que fora campeã mundial na Eslovênia, em 2011. Na categoria “Dois sem” masculino, Vinicius Delazeri e Victor Ruzicki ficaram em 23º entre 26 concorrentes.

No skiff masculino, a CBR apoiou o brasileiro de nascimento mas radicado há décadas na Suíça, Steve Hiestand, que terminou em 6º na final C (18º no geral). Altino disse que após o Mundial visitou o atleta na Suíça e prometeu mais apoio da confederação na preparação para o Rio-2016.

Quem se encarrega em renovar?
Aliás, Fabiana Beltrame, 33, sozinha, sustenta o remo no noticiário esportivo, com sua performance. Ela está no cenário desde antes dos Jogos Olímpicos de Atenas-2004.

Questionado pelo blogueiro pela ausência de jovens talentos neste ciclo olímpico, Altino atribuiu a falta de renovação aos clubes. “Fabiana é um talento que se destaca, grande parte do nosso retorno de mídia está relacionado a ela. Mas a renovação da equipe deve partir dos clubes, porque muitas vezes a confederação é apontado como culpada pela não renovação, mas isso é de responsabilidade dos clubes. A confederação não tem escolinha de remo, não capta os atletas na escola de ensino e leva para competição internacional, o atleta precisa chegar a um nível mínimo para estar na seleção brasileira”, justificou.

Futuro é duvidoso
Os atletas do alto rendimento do remo nacional ainda não têm certeza se participarão do próximo Campeonato Brasileiro, marcado para Brasília. E, caso participem e atinjam um bom nível para chegar à seleção, não sabe onde vão treinar, já que a raia da seleção estará “ocupada” por um bom tempo…


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