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Arquivo : Johan Ramirez

“Não me sinto como um herói”, diz “anjo” colombiano da Chapecoense
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Daniel Brito

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Johan Ramirez passou a sexta-feira, 16, em Brasília, onde foi homenageado (Divulgação/FAB)

É com olhar baixo, de timidez, e fala mansa que o colombiano Johan Alexis Ramirez, 15, evita receber o rótulo de herói do resgate dos sobreviventes do acidente com o avião da Chapecoense, há três semanas, nas cercanias de Medellin, na Colômbia.

“Não me sinto como herói. Sinceramente, não sei dizer o que sinto”, começou o jovem Johan, em entrevista à imprensa brasileira no Palácio do Planalto, em Brasília, na última sexta-feira, 16. Ele veio ao Brasil para uma visita relâmpago para receber a Ordem de Rio Branco, pelo presidente Michel Temer, ao lado de uma delegação de colombianos que ajudaram no resgate.

Johan ficou conhecido como “anjo” por ter sido um dos primeiros a socorrer os sobreviventes em uma área montanhosa próxima ao aeroporto de Medellin, onde o voo da empresa Lamia se encerrou de forma trágica na noite do dia 28 para 29 de novembro. Não fosse por orientação do garoto, os bombeiros poderiam demorar até duas horas para chegar ao local do acidente. Johan conduziu a equipe por um atalho, uma vez que mora no local com os pais e conhece bem a área. A agilidade no socorro garantiu a sobrevivência de seis passageiros.

“Sinceramente, não sei explicar, sinto-me alegre por ajudar, é maior presente que se pode levar para toda a vida. Mas herói, não me sinto”, afirmou Johan, após a condecoração em Brasília.

O pai do garoto, Miguel, em entrevista ao meu colega de UOL Esporte, Leandro Carneiro, quatro dias após a tragédia, disse: “Estou muito orgulhoso porque foi salvar vidas e não saquear as coisas que não eram dele, como fizeram muitas pessoas. É muito lindo que não tenha medo dos mortos, colaborando muito. Graças a Deus, fui premiado com esse herói“, falou Miguel, que também auxiliou no resgate.

“Ouvimos um barulho, mas estávamos vendo TV. Depois soubemos que era o avião da Chapecoense. Descobrimos, em seguida, que foi ali na nossa região. Mas nunca pensamos que aquele acidente pudesse ter sido tão pertinho da nossa casa. Dez minutos mais tarde chegaram os bombeiros, ambulâncias, Nos arrumamos e fomos ao local do acidente, vimos o avião destroçado e toda aquela gente ali”, rememorou Johan, em Brasília.

“Tenho lembranças das vítimas e das pessoas com frequência. Um momento de muita dor foi quando resgatamos uma vítima ainda com vida. Mas 10 ou 15 metros após o resgate, ele morreu. Foi um golpe muito duro para mim”, disse Johan.

A visita dele ao Brasil durou menos de 12 horas. Chegou no meio da manhã da sexta-feira, em voo da FAB (Força Aérea Brasileira) após cinco horas de viagem desde Bogotá, capital colombiana. Foi recebido com tapete vermelho na Base Aérea de Brasília, almoçou na embaixada de seu país, e seguiu para o Palácio do Planalto, onde foi homenageado. No começo da noite daquela mesma sexta-feira, já estava de volta no jato Legacy da FAB rumo à Colômbia. Antes de partir, disse que gostaria de conhecer Chapecó e de conversar com Alan Ruschel e Jackson Follmann, dois dos sobreviventes que Johan ajudou a resgatar.

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Johan recebeu o grau de cavaleiro da Ordem de Rio Branco (Beto Barata/P.R.)


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