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Brasileiro celebra punição a russos: “Perdi dinheiro por causa de drogados”
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Daniel Brito

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Caio foi bronze no Pan-2015 nos 20kms

Por azar, ou vai ver foi sorte, o marchador brasiliense Caio Bonfim, 24, compete contra a maioria dos atletas russos que foram flagrados em exames antidoping. Foram mais de 25 “drogados”, aspas para Caio, que falharam em testes. E agora a WADA (Agência Mundial Antidoping) declarou guerra aberta contra a Rússia, pedindo a suspensão do país de todas as competições de atletismo.

O azar de Caio é que marchar contra quem usa substâncias proibidas o tirou de pódios importantes. Isso o fez perder a oportunidade de ganhar a bolsa pódio, investimento do governo federal que pode pagar até R$ 15 mil por mês ao atleta, de acordo com o ranking mundial.

Caio foi o quarto colocado no Mundial juvenil de 2010, atrás de dois russos, um deles suspenso por doping. O outro abandonou o esporte. Depois esteve no Mundial da modalidade em 2012 e 2014, além do Mundial de atletismo em Daegu-2011, na Coreia do Sul, em que foi superado por russos, quase todos sancionados anos mais tarde.

“O Mundial de 2011 eu terminei em 21º, mas ganhei três posições depois que acabou, por causa das punições aos russos”, conta Caio. Entre os flagrados, um foi suspenso por dois anos, outro por oito, e o terceiro, Vladimir Kanayakin, banido do esporte, por ser reincidente.

“Não consegui me tornar elegível para receber o bolsa pódio porque em 2014 não obtive o resultado necessário, competindo contra esses russos drogados”, queixa-se o brasiliense. “Então, quer dizer, um atleta olímpico em preparação para os Jogos em casa não pôde contar com investimento federal por conta dos erros e das drogas que os caras tomavam lá na Rússia. É brincadeira?”, conclui Caio.

Suspeitou desde o princípio
Se somarmos os pódios olímpicos da Rússia e da União Soviética na marcha atlética, chegamos à incrível marca de 25 medalhas, oito das quais de ouro. Eles sempre foram o “Dream Team” deste esporte. “A gente já foi muito fã desses russos, porque eles dominam a técnica. A parte psicológica e a dedicação aos treinamentos eram impressionantes”, conta Caio.

De Daegu-2011 para cá, no entanto, a admiração perdeu espaço para a suspeição. Os russos se insurgiram quando a IAAF (sigla em inglês para Federação das Associações Internacionais de Atletismo) determinou que todo competidor que fizesse check in na vila dos atletas teria de se submeter a um exame de sangue, para teste de doping. “Eles adiaram a entrada na vila, só chegaram lá 24 horas antes do início da competição, que é um procedimento fora de todos os padrões”, relembra o brasileiro.

Em Moscou-2013, em casa, os marchadores locais eram minoria, as investigações corriam em segredo para a comunidade internacional, mas já devassavam os atletas russos. “Nós, atletas, suspeitávamos que alguma coisa estava acontecendo, mas eu particularmente nunca soube de nada, claro. E quando você está ali na competição, não dá mais para pensar nisso, é só concentração na prova mesmo. Mas hoje já vejo as coisas fazerem sentido”, diz Caio.

Sorte ou azar
Caio é especialista na prova dos 20km, e conversou com este blogueiro após o treino da tarde quente e seca de segunda-feira, em Sobradinho, Distrito Federal. Acompanhou pela internet o noticiário sobre a possível suspensão da Rússia de todas as competições de atletismo. Inclusive do Rio-2016. E comemorou.

“Tem gente que fica triste que isso esteja acontecendo na marcha atlética, mas eu acho é bom, porque limpa o esporte”, opinou.

E é aí que mora a sorte de Caio Bonfim por viver este momento do atletismo mundial. Sem os russos, suas perspectivas são maiores ainda. Ele foi sexto colocado no Mundial de Pequim, em agosto, e só não foi o melhor brasileiro na competição porque Fabiana Murer pegou a prata no salto com vara. Faturou o bronze no Pan de Toronto-2015, uma das poucas medalhas da seleção nacional da modalidade no Canadá. Nos prognósticos do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), ele é um dos quatro desportistas do país com chance de ir ao pódio no atletismo no Rio-2016. Sem os russos, as chances aumentam.

“Desde a saída dos russos, houve uma diversificada nos países vencedores das principais competições. No Mundial de Pequim foi um espanhol, por exemplo. Melhor para quem compete de forma honesta, como eu, e tantos outros”, comemorou.


BM&F Bovespa recebe R$ 2 milhões da Caixa para clube de atletismo
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Daniel Brito

A Caixa Econômica Federal vai destinar R$ 2 milhões para a equipe de atletismo da BM&F Bovespa em forma de patrocínio, sem a necessidade de licitação. Assim, o banco completa quase R$ 25 milhões de investimento nos principais atletas do país nas provas de campo e pista.

A BM&F contribuiu com um terço dos atletas que compuseram a delegação nacional no Mundial da modalidade, em agosto, em Pequim, na China. Entre os quais, Fabiana Murer, vice-campeã do salto com vara. O restante da equipe brasileira decepcionou, marcando presença em apenas cinco finais.

A Caixa investe, anualmente, R$ 22,5 milhões à CBAT (Confederação Brasileira de Atletismo). Este valor correspondeu a mais da metade da receita da entidade em 2014. Assim, a Caixa acaba por patrocinar duas vezes o núcleo duro da seleção brasileira de atletismo: por meio da BM&F e também pela CBAT.

Diferentemente da confederação, a BM&F pode contar com o apoio da iniciativa privada. Nike e Pão de Açúcar são os outros patrocinadores da sua equipe, sediada em São Caetano do Sul. A prefeitura da cidade do ABC Paulista completa o quarteto de investidores do clube de atletismo da Bolsa de Valores de São Paulo.

Agência Luz/BM&FBovespa

Juliana dos Santos (E) e Fabiana Murer em homenagem do diretor presidente da BM&F, Edemir Pinto (D)


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