Estádio de Copa recebe jogo de lanternas da segundona do DF com 270 pessoas
Daniel Brito
O estádio que recebeu o maior público da Série A do Campeonato Brasileiro deste ano, em setembro, com mais de 68 mil pessoas, sediou na manhã deste sábado, 31, o melancólico encontro entre o lanterna e o antepenúltimo colocado da segunda divisão do Distrito Federal, diante de aproximadamente 270 pagantes.
Dom Pedro, pior time da Série B do DF, e Legião, 10º colocado se enfrentaram na última rodada do certame no estádio Mané Garrincha, reconstruído para a Copa-2014 ao valor estimado de R$1.6 bilhão (hum bilhão e seiscentos milhões de reais) do dinheiro público. A arena tem capacidade para 72 mil espectadores e recebeu sete jogos no Mundial da Fifa.
Logo, neste sábado, sobraram em torno de 71.730 assentos vazios no duelo entre Legião e Dom Pedro. Cada testemunha desembolsou R$ 5 e um quilo de alimento não perecível para assistir à partida. O que gerou uma renda de R$ 1.350 (hum mil, trezentos e cinquenta reais). Foram colocados pouco mais de seis mil ingressos à venda.
O GDF (Governo do Distrito Federal), dono do estádio, deu um tremendo desconto na taxa de ocupação para o Legião, dono do mando de campo. Apenas 1% (hum por cento) da renda será cobrado ao clube pela realização do jogo no estádio. Assim, o GDF deve receber R$ 13,50 (treze reais e cinquenta centavos) pela cessão do campo. Os alimentos não perecíveis não ficarão para o governo.
Os números oficiais devem ser publicados na terça-feira, 3, no site da Federação de Futebol do DF. A informação sobre o total de pagantes foi repassada a este blogueiro por um funcionário da entidade, que estava responsável pela bilheteria da partida.
Turista, claque e familiares
Entre o público presente, estavam 30 crianças carentes do Centro Espírita Irmã Celina, de Planaltina, cidade a 40 quilômetros do estádio. Outros 45 adolescentes de 12 a 17 anos da escola do bairro Pacaembu na cidade de Valparaíso de Goiás, na divisa com o Distrito Federal, também ocuparam as cadeiras do Mané nesta manhã de sábado.
“Os jovens ficaram emocionadas em conhecer o estádio, nenhum deles havia tido esta oportunidade de entrar no novo Mané Garrincha”, contou o vereador Elvis Santos (SD-GO), presidente da Câmara dos Vereadores de Valparaíso, que disse ter alugado o ônibus por conta própria para transportar os estudantes.
Sozinho em uma fileira de cadeiras estava o catarinense Wellington Dallabilia. De passagem por Brasília, acompanhando a mulher que participa de um congresso de radiologia, tirou a manhã de sábado para conhecer o estádio. “Eu vim conhecer, descobri na porta que estava tendo jogo, resolvi entrar. É bonito mesmo, grande, né?”, disse Wellington.
Um pouco mais próximo do gramado estava Antônio Carlos Santana. Ele é pai do lateral-direito do Dom Pedro, André, que estuda proposta para defender o Operário de Ponta Grossa (PR) na próxima temporada. Antes de ir embora, Antônio tirou do bolso um saquinho plástico e recolheu o lixo deixado pelos torcedores que estavam ao seu redor. “Educação é sempre bom para todos. Faço isso em todos os jogos que vou e em todos os estádios”, garantiu.
Manutenção
O Mané Garrincha é um grande problema para o GDF. Custa, mensalmente, R$ 700 mil apenas para manutenção. Só recebeu nove jogos de futebol neste ano. Com o deste sábado, completaram-se dez.
Uma dessas partidas foi Flamengo 0 x 2 Coritiba, na noite de 17 de setembro de 2015. Mais de 68 mil pessoas, a maioria rubro-negra, pagaram para assistir à derrota do clube da Gávea em Brasília. O ingresso mais barato custava dez vezes mais que o de Legião x Dom Pedro: R$ 50.
O GDF deu um desconto de 50% para que o Flamengo pudesse atuar no DF e cobrou apenas 7% da renda do jogo pela taxa de ocupação. O que proporcionou ao GDF uma arrecadação de R$ 268.273,00.
Há a previsão de que o time comandado por Oswaldo de Oliveira volte a jogar em Brasília em 22 de novembro, contra a Ponte Preta, pela 36ª rodada.
E o jogo?
Bom, o jogo.
Legião e Dom Pedro tiveram, neste sábado, seus últimos compromissos na temporada 2015. Em campo, um campeão mundial: Márcio Costa, ex-volante do Corinthians no título de 2000, disputado no Brasil. É o capitão do Dom Pedro. No Legião, Jefferson, sobrinho do zagueiro pentacampeão Lúcio, que é de Brasília, compunha o meio de campo. Aliás, o time é presidido e treinado pelo padrasto do zagueirão, hoje no futebol indiano.
Com o gramado alto e um tanto falho, devido à falta de manutenção, conforme publicou nesta semana o Correio Braziliense, os dois times tiveram dificuldades em proporcionar uma manhã divertida aos torcedores.
Ao final dos 90 minutos, o Legião saiu-se melhor, e venceu por 1 a 0, gol de Brayan, após falha de Márcio Costa.