Ingrid, depois do Pan, tem um desafio: o salto mais difícil da carreira
Daniel Brito
Ingrid Oliveira, 19, parecia meio chateada no dia que recebeu este blogueiro para conversar. “Um pouco de dor de cabeça”, disse, desculpando-se, após uma dúzia de respostas monossilábicas. O laconismo e a dor de cabeça podem ser explicados por alguns fatores.
Era hora do almoço e ela terminara mais uma puxada sessão de treinamentos no Centro de Excelência de saltos ornamentais, na UnB (Universidade de Brasília), em um sábado de outubro. Outro motivo: ela já demonstra um certo enfado em falar sobre o Pan e toda aquela história de exposição pelas redes sociais. Quer olhar para frente e falar da carreira.
E aí entra a terceira e principal justificativa para dor de cabeça. A saltadora, prata no sincronizado da plataforma no Pan de Toronto, está em um momento decisivo na carreira. Prepara-se para dar o salto que ninguém da equipe feminina do Brasil executa atualmente: triplo mortal e meio de costas. “Todas as meninas contra quem eu compito fazem, quero fazer também”, explicou.
Trata-se de um movimento ainda mais complicado do que aquele que ela tentou e falhou durante a competição individual no Pan de Toronto. No Canadá ela tentou o duplo mortal e meio de costas, mas caiu de costas na água. Abriu mão de repeti-lo tanto no evento continental quanto no Mundial, em Kazan, em agosto, em que terminou na 27ª posição entre 35.
A comissão técnica da seleção brasileira de saltos demonstra muita confiança em Ingrid e seu novo salto, a partir do que vem apresentando nos treinamentos. “Ela é uma atleta muito forte e tem totais condições de executar este triplo e meio de costas”, afirmou Ricardo Moreira, coordenador dos saltos na CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos).
“Meu objetivo é que esteja pronto até fevereiro do ano que vem, em tempo de me garantir minha vaga nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Ele já está 70% pronto”, estimou.
A primeira tentativa de apresentar o novo movimento em competição será na Taça Brasil, em dezembro, também em Brasília. Em seguida, ela partirá para a Copa do Mundo da modalidade,no Rio, que servirá como evento teste, no Maria Lenk. Com este salto, Ingrid acredita que possa ficar entre as 12 melhores e assegurar participação no Rio-2016.
E ela já prometeu que se atingir o objetivo olímpico, fará uma tatuagem dos aros olímpicos. E certamente a publicará nas suas redes sociais.