Romário evita manobra para livrar presidente da CBF de condução coercitiva
Daniel Brito
A sessão da CPI do Futebol nesta quarta-feira, 9, no Senado durou menos de trinta segundos. O presidente da comissão Romário (PSB-RJ) em duas frases abriu a reunião e a encerrou em seguida alegando falta de quórum.
No plenário estavam apenas Ciro Nogueira (PP-PI) e Hélio José (PMB-DF). De acordo com o regimento interno do Senado, são necessários seis parlamentares para ter o quórum mínimo nesta CPI.
Com esta manobra, Romário barrou uma ofensiva da bancada da CBF que tenta derrubar a convocação do presidente interino da confederação, Coronel Antonio Nunes, para depor na CPI. A Justiça Federal do Pará expediu mandado de condução coercitiva para comparecer ao Senado na próxima quarta-feira, 16.
Na sessão de hoje, os aliados da CBF se movimentaram nos bastidores para converter a convocação de Nunes, que tem status de intimação, em convite. A entidade quer evitar o constrangimento de envolver seu mandatário em uma ação com a Polícia Federal. “Sou contra a condução coercitiva, qualquer tipo de condução coercitiva”, disse ao UOL Esporte após a sessão relâmpago o senador piauiense Ciro Nogueira .
Nunes estava convocado para depor na semana passada, dia 2, mas alegou compromissos no dia seguinte e não compareceu. Por este motivo, Romário pediu a condução coercitiva do cartola. A CBF publicou comunicado dizendo ser desnecessário procedimento e informou que Nunes se colocara à disposição para ir à CPI mas como convidado no dia 16.
A pauta da sessão desta quarta-feira, dia 9, continha requerimentos para convocar Rogério Langanke Caboclo, diretor-executivo de gestão da CBF; Antônio Osório Ribeiro Lopes da Costa, ex-diretor financeiro da CBF; Ariberto Pereira dos Santos Filho, ex-tesoureiro da CBF; Júlio Cesar Avelleda, ex-secretário-geral da CBF, além do convite à ex-namorada do presidente licenciado da CBF, Marco Polo Del Nero, a modelo e apresentadora de TV, Carolina Galan.
A sessão
Raramente a sessão da CPI do Futebol começa pontualmente. A desta quarta-feira estava marcada para as 14h45. O primeiro a chegar no plenário, com quase 15 minutos de antecedência, foi Ciro Nogueira. Sua presença costuma ser bissexta na CPI. E sua relação de proximidade com a CBF vem desde os tempos da CPI da Nike, na Câmara dos Deputados, há 15 anos.
O fato de o piauiense ter sido o primeiro a chegar indicava que a bancada da confederação, que conta com os senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Romero Jucá (PMDB-RR), além de Ciro Nogueira (e outros), se faria presente em peso nesta tarde. Porém, como as sessões não são pontuais, os parlamentares ainda não haviam chegado, apesar da movimentação do diretor de assessoria legislativa da CBF, Vandembergue Machado, nos corredores do Senado, avisando aos senadores e seus assessores sobre o início da sessão.
Apenas Ciro Nogueiro e Hélio José estavam no plenário 13 da Ala Senador Alexandre Costa quando Romário abriu a sessão às 14h50 (cinco minutos além do horário previsto) e falou: ''Havendo número regimental, declaro aberta a 21ª Reunião. (Pausa.) Não havendo número regimental para deliberação, comunico que está encerrada a reunião''. Assim, o ex-jogador deixou a sala sem falar com a imprensa e nem cumprimentar os parlamentares presentes.
Na saída do plenário, Ciro Nogueira pareceu fazer pouco caso da sessão relâmpago. ''Não houve quórum, não teve sessão. Só isso'', disse-me.
A próxima reunião da CPI do Futebol no Senado será no dia 16, e o Coronel Nunes é aguardado conduzido coercitivamente pela Polícia Federal.