Você sabia? Brasil vive um surto de doping por EPO
Daniel Brito
Um grande atleta olímpico brasileiro costumava dizer, em rodinha entre amigos de confiança, que o atleta brasileiro mal sabe se dopar. É um chiste politicamente incorreto para exemplificar a falta de profissionalismo no chamado “esporte amador” brasileiro. Pois esta frase vai perdendo sentido aos poucos no país.
Porque, sim, os brasileiros estão seguindo os métodos de dopagem mais sofisticados no exterior para tentar melhorar o desempenho nas competições internacionais. Basta observar que do final de 2014 ao início de 2016 foram registrados seis casos positivos de EPO (eritropoetina).
Se tomarmos como parâmetro o relatório mais recente da Wada (Agência Mundial Antidopagem, na sigla em inglês), com estatísticas apenas da temporada 2014, os casos positivos no Brasil representariam quase 10% das ocorrências no mundo inteiro – Wada confirmou 57 atletas flagrados no período.
O número significativo de brasileiros se deve ao trabalho da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem), que passou a investir em exames fora de competição e promover testes de sangue no recentemente erguido LBCD (Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem), antigo Ladetec, na UFRJ.
Antes do advento do LBCD, o Brasil via um ou dois atletas por temporada serem flagrados por EPO. A maioria das punições ocorriam aos que eram flagrados com estimulante, como aqueles que se vendem em farmácias com relativa facilidade. Daí o motivo da tirada infame de um certo grande atleta olímpico brasileiro, que mencionei no início deste texto.
O EPO é um hormônio produzido pelo rim que regula os glóbulos vermelhos (oxigênio) no sangue. Quando injetado em atletas, pode melhorar a performance esportiva em até 30%. É muito utilizado nas provas de endurance, como ciclismo e atletismo. Pode causar grave dano à saúde, por aumentar a viscosidade do sangue.
A ABCD não divulgou o nome dos seis desportistas que testaram positivo para EPO entre o fim de 2014 e o início de 2016.
Pelo andar da carruagem, é provável que mais brasileiros engrossem o sangue com EPO até os Jogos Olímpicos do Rio-2016 e ampliem o surto de doping por esta substância no país.