Parte de delegação paraolímpica do Brasil é vítima de violência no trânsito
Daniel Brito
Cinquenta atletas da delegação brasileira paraolímpica carregam em sua história de vida um capítulo de um grave problema social do país. Eles foram vítimas de acidente de trânsito, seja batida de carro ou ônibus, ocorrência com motocicleta ou até mesmo atropelamento. Isso representa mais de 17% do time nacional que disputará os Jogos do Rio-2016 a partir desta quarta-feira, dia 7. O Brasil conta com 283 atletas nas Paraolimpíadas.
A delegação paraolímpica nacional tem 17 vítimas de acidentes com carros ou ônibus, 14 de atropelamento e 19 de moto. Nenhum outro tipo de acidente, seja de trabalho ou com armas de fogo, ou até mesmo vítimas de assalto, possui tamanha representatividade na equipe brasileira na Rio-2016.
Casos como o da pernambucana Natália Mayara, 22, que foi atropelada por um ônibus que subiu a calçada em alta velocidade e ainda a arrastou por alguns metros. Ela tinha apenas dois anos e precisou amputar as duas pernas. Hoje é um talento do tênis em cadeira de rodas do Brasil. Há também o do campineiro Alexandre Giuriato, 34, que foi vítima de dois acidentes de trânsito que causaram lesões graves na medula e no braço esquerdo. Em 2015, ele foi eleito o melhor jogador de rúgbi em cadeira de rodas do Brasil. Também estará na Rio-16.
No vôlei sentado, por exemplo, o capitão da equipe masculina, Renato Leite, era motoboy até 2002 quando foi abalroado por um carro. Passou um mês internado no hospital em São Paulo e precisou amputar a perna direita. Descobriu o esporte como forma de reabilitação física e motora. Hoje, acumula duas medalhas de ouro nos Jogos Parapan-Americanos (Rio-07 e Toronto-15) e uma prata do Mundial em 2014. Porém, ganhou notoriedade em recente polêmica na qual “emprestou” sua prótese para que o ator Paulo Vilhena posasse para uma foto-montagem em uma revista de moda com o intuito de divulgar o esporte paraolímpico.
No time de vôlei sentado, dos 24 convocados, 16 foram vítimas de acidente automobilístico. É a modalidade com maior quantidade de registro desta natureza na delegação verde e amarela.
De acordo com relatório divulgado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) em outubro do ano passado, apenas em 2013, mais de 41 mil pessoas perderam a vida nas estradas e ruas brasileiras. Desde 2009, o número de acidentes de trânsito no país deu um salto de 19 por grupo de 100 mil habitantes para 23,4 por 100 mil habitantes, o maior registro na América do Sul.