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Arquivo : Annemiek van Vleuten

Ela sofreu uma queda feia na Rio-16, agora usa o acidente como motivação
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Daniel Brito

GEELONG, AUSTRALIA - JANUARY 28: Annemiek Van Vleuten of Orica Scott and the Netherlands crosses the line to win the Elite Women's race during the 2017 Cadel Evans Great Ocean Road Race on January 28, 2017 in Geelong, Australia. (Photo by Robert Cianflone/Getty Images for 2016 Cadel Evans Great Ocean Road)

Van Vleuten liderava a Rio-16 faltando 12km para o fim, quando sofreu um acidente feio (Robert Cianflone/Getty)

A holandesa Annemiek van Vleuten , 34, entrou para a história dos Jogos Olímpicos do Rio-2016 após uma grave queda durante a prova de ciclismo de estrada, logo no segundo dia de competições, em agosto passado.

Ela liderava a prova, restavam 12 quilômetros para a linha de chegada. Por algum motivo estranho, ela perdeu a tangência em uma curva, que nem era tão acentuada, e escapou da pista. A holandesa caiu de cabeça em uma vala de cimento à margem da estrada, e permaneceu imóvel no local da queda.

As cenas são chocantes e foram transmitidas para o mundo inteiro. Van Vleuten sofreu uma concussão e três fraturas menores na espinha lombar. Teve de ser internada em uma UTI, mas manteve-se consciente e não passou pelo risco de sofrer sequelas.

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Reprodução da transmissão oficial de TV do momento da queda

Deu sorte.

Neste mesmo percurso, mas em outro ponto, 45 dias mais tarde, no último dia de competições dos Jogos Paraolímpicos do Rio-2016, o ciclista iraniano Bahman Golbarnezhad bateu a cabeça numa pedra na descida de Grumari, um dos locais mais rápidos do circuito montado pelos organizadores. Ele era ex-combatente da guerra entre Irã e Iraque, amputado de uma perna, não sobreviveu à queda e morreu no Rio de Janeiro.

Exatamente um mês depois do acidente, a holandesa Van Vleuten já estava competindo. “Eu não me lembro exatamente da queda, só me lembro da descida e de pensar em não assumir muitos riscos para manter a liderança e conquistar o ouro olímpico”, relembrou Van Vleuten à revista australiana The Advertiser.

“Não quero exatamente que a memória daquele dia desapareça. Porque eu fazia até ali a melhor prova da minha vida, não posso nunca me esquecer disso -a não ser pelo final da prova [a queda]”, afirmou à imprensa australiana antes de uma prova no final de semana passado.

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Reprodução da transmissão da TV momentos antes de Van Vleuten ser socorrida: atendimento chegou rápido ao local

Van Vleuten (se pronuncia : Van Vluiten) é a 12ª colocada no ranking mundial da UCI (União Ciclística Internacional), carrega no currículo um título da Volta da Bélgica e um Campeonato Mundial, ambos em 2011. No Rio-2016, ela considera que estava na melhor forma, e pronta para o ouro.

“Para ser sincera, passei uma semana pensando em como pude perder o ouro olímpico, mas depois parei. Não ajudaria muito ficar remoendo isso”, afirmou.

Uma semana após deixar o Rio, Van Vleuten exilou-se voluntariamente nas montanhas da Itália para pensar na vida e matar o tempo até que pudesse voltar a pedalar. “Houve um período em que eu estava sem poder pedalar, nem falar ao telefone eu podia, por causa das lesões na cabeça. Minha mãe cuidou de mim”, relatou.

Em setembro de 2016, a holandesa já estava treinando normalmente. Em seguida, retornou o ritmo de competição. Mesmo sem considerar estar na melhor forma, foi campeã de uma prova com o top 100 do mundo próximo a Melbourne, com um sprint incrível na reta de chegada. Após a vitória, revelou surpresa pelo resultado. E voltou a falar de sua passagem pelo Rio-2016:

“Se quiserem falar comigo sobre a corrida inteira, tudo bem. Espero que falem sobre isso, não apenas do acidente. Foi uma grande prova de ciclismo entre mulheres, foi lindo de assistir. Para mim, teve um final triste, mas foi bom poder mostrar ao público que minha performance  me inspirou para seguir nesta temporada atual”.

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Van Vleuten postou esta selfie em seu Twitter antes de deixa ro Rio, em agosto-16


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