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Arquivo : Centro de Excelência de saltos ornamentais

“Tem mais mosquito onde moro do que no Brasil”, diz canadense dos saltos
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Daniel Brito

Canadense Mitch Geller em Brasília: "Já estivemos na Índia e tantos outros lugares. A mídia faz muito barulho" (Divulgação/Ministério do Esporte)

Canadense Mitch Geller: “Já fomos à Índia e tantos lugares. A mídia faz muito barulho” (Divulgação/Ministério do Esporte)

É uma cena até engraçada. A atleta canadense tenta se concentrar na ponta do trampolim de três metros, mas é constantemente incomodada por mosquitos. Abana as mãos na frente do rosto para espantá-los e só aí consegue executar seu salto. Situação corriqueira por esses dias no centro de excelência em saltos ornamentais da UnB, em Brasília.

Não há quem garanta que algum daqueles mosquitos que atrapalhava a atleta era o temido aedes aegypti, transmissor da dengue, do vírus zika e da febre chikungunya. Mesmo que fosse, os visitantes parecem não se preocupar.

“É infestados de mosquitos lá onde moro, na província de Ontário, no Canadá. E aqui no Brasil eu quase não vi mosquitos. Fico mais preocupado com o que se passa com nossos atletas no trampolim, na plataforma e na água. Mas, claro, não deixamos de colocar repelente”, disse ao blog Mitch Geller, técnico da seleção canadense de saltos.

Canadá é um dos sete países que aclimataram-se no Distrito Federal antes de disputar a etapa da Copa do Mundo da modalidade que servirá como evento-teste para os Jogos do Rio-2016, a partir desta quarta-feira.

No Centro Aquático Maria Lenk, a competição é realizada ao ar livre, o que não ocorria desde Barcelona-1992. Aumenta, portanto, o tempo de exposição do atleta aos mosquitos. Ainda assim, não há motivo para pânico, segundo Geller.

“Nós viajamos o mundo todo competindo. Já estivemos na Índia e tantos outros lugares. Mas a mídia faz muito barulho com isso. Antes de qualquer edição dos Jogos Olímpicos, a mídia bate bem forte em qualquer situação ou problema no país-sede. Dizem que não vão estar prontos. Eu ja li que as pessoas do país não apoiam o evento. Agora tem essa questão do vírus, que vai ser perigoso, vai ter isso ou aquilo. Essa será minha setima edição dos Jogos. Claro que tomarei todas as precauções, mas tenho certeza que quando chegar o momento dos Jogos Olímpicos, vai ser tudo especial, como sempre foi”, disse o treinador.

O Canadá é uma força emergente nos saltos ornamentais. No Mundial de Desportos Aquáticos do ano passado, em Kazan, na Rússia, conquistou quatro medalhas. Uma das responsáveis foi Pamela Ware, prata no salto sincronizado do trampolim de três metros. Ela replica o discurso do treinador e diz não temer o zika vírus.

“Estou aqui no Brasil há algum tempo e ainda não fui picada por mosquito algum. Uso repelente com frequência. Mas não me preocupo, porque temos muitos mosquitos no Canadá também”, afirmou a saltadora, de 23 anos.


Ingrid, depois do Pan, tem um desafio: o salto mais difícil da carreira
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Daniel Brito

Ingrid Oliveira, 19, parecia meio chateada no dia que recebeu este blogueiro para conversar. “Um pouco de dor de cabeça”, disse, desculpando-se, após uma dúzia de respostas monossilábicas. O laconismo e a dor de cabeça podem ser explicados por alguns fatores.

Era hora do almoço e ela terminara mais uma puxada sessão de treinamentos no Centro de Excelência de saltos ornamentais, na UnB (Universidade de Brasília), em um sábado de outubro. Outro motivo: ela já demonstra um certo enfado em falar sobre o Pan e toda aquela história de exposição pelas redes sociais. Quer olhar para frente e falar da carreira.

E aí entra a terceira e principal justificativa para dor de cabeça. A saltadora, prata no sincronizado da plataforma no Pan de Toronto, está em um momento decisivo na carreira. Prepara-se para dar o salto que ninguém da equipe feminina do Brasil executa atualmente: triplo mortal e meio de costas. “Todas as meninas contra quem eu compito fazem, quero fazer também”, explicou.

Trata-se de um movimento ainda mais complicado do que aquele que ela tentou e falhou durante a competição individual no Pan de Toronto. No Canadá ela tentou o duplo mortal e meio de costas, mas caiu de costas na água. Abriu mão de repeti-lo tanto no evento continental quanto no Mundial, em Kazan, em agosto, em que terminou na 27ª posição entre 35.

A comissão técnica da seleção brasileira de saltos demonstra muita confiança em Ingrid e seu novo salto, a partir do que vem apresentando nos treinamentos. “Ela é uma atleta muito forte e tem totais condições de executar este triplo e meio de costas”, afirmou Ricardo Moreira, coordenador dos saltos na CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos).

“Meu objetivo é que esteja pronto até fevereiro do ano que vem, em tempo de me garantir minha vaga nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Ele já está 70% pronto”, estimou.

A primeira tentativa de apresentar o novo movimento em competição será na Taça Brasil, em dezembro, também em Brasília. Em seguida, ela partirá para a Copa do Mundo da modalidade,no Rio, que servirá como evento teste, no Maria Lenk. Com este salto, Ingrid acredita que possa ficar entre as 12 melhores e assegurar participação no Rio-2016.

E ela já prometeu que se atingir o objetivo olímpico, fará uma tatuagem dos aros olímpicos. E certamente a publicará nas suas redes sociais.


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