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Arquivo : Dubai

Torcedores do River protestam em voo de volta do Japão. Sobrou para o Boca
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Daniel Brito

Quando os torcedores do River Plate começaram a cantar, pular nos assentos e batucar nos compartimentos de malas do Boeing 777-300 da Emirates, era muito mais um protesto do que uma celebração.

Eles estavam em Dubai, após 12 horas de voo desde Tóquio, de onde viram o time ser facilmente batido pelo Barcelona, no domingo, no Japão. Deixaram a capital japonesa duas noites após a  decisão do mundial de clubes, e desembarcaram em Dubai para uma espera de seis horas até atravessarem a África e o Atlântico em outras 14 horas de voo até São Paulo. Dali, outras oito horas de espera para entrar em uma aeronave da Aerolíneas Argentinas rumo a Ezeiza, em Buenos Aires.

Mas uma falha no sistema de circulação de ar na cabine de repouso das comissárias de bordo minutos antes da decolagem empacou toda a saga ainda em Dubai e desatou a loucura Millonaria, um dos apelidos do River.

Foram 90 minutos embarcados e parados à espera de 1) explicação e 2) decolagem. Veio a opção 3) nenhuma das anteriores. O comandante disse apenas que “um pequeno problema” atravancava o prosseguimento da viagem e pediu, gentilmente, que todos desembarcassem para que novos testes fossem feitos com a aeronave vazia. A promessa era de que dentro de 1h30, todos estariam reacomodados prontos para voar.

Quem paga a conta do atraso?
Deram-lhes voucher de alimentação no McDonald’s, Burger King ou equivalente. Como o aeroporto de Dubai e a companhia aérea são do mesmo sheik, a fatura saiu da mesma cofre.

A espera que seria de 1h30 durou mais de 2h. Los Millonarios seguiram todas as orientações sem reclamações. Não só eles, como o zagueiro Lúcio, que voltava da Índia, onde disputou uma liga independente de futebol, alguns outros companheiros de equipe, o ex-governador do Estado do Ceará e ex-ministro da Educação, Cid Gomes, entre outros.

Mas esses estavam na primeira classe e executiva. Não viram quando, após um segundo embarque, o tal sistema de circulação de ar na cabine de repouso das comissárias de bordo tornou a falhar. Foi impossível conter o protesto, um tanto bem humorado, diga-se, daquele grupo de mais de 100 torcedores do River. Quase cinco minutos de cantoria e batucada. Cantaram várias coisas, mas dedicaram-se a plenos pulmões a  repetir uma música feita para provocar os torcedores do Boca Juniors, a quem chamam de “bosteros”:

Te sacamos de la copa, te sacamos otra vez
che bostero hijo de puta te volvimos a coger
lloraste por las patadas
lloraste como un cagon
llora ahora que la copa la ves por television
tiraste gas, abandonaste
lo suspendiste porque no tenes aguante

Até que a chefe de cabine decidiu sair da primeira classe e encarar a hinchada:
“Ou vocês param de gritar e pular nas cadeiras ou vou chamar a polícia para tirá-los da aeronave”, ameaçou no sistema de som.
A pequena multidão se calou aos poucos, afinal ainda faltava muito para chegar em casa e era antevéspera de natal. Ninguém ali parecia estar disposto a ficar nem mais um minuto num lugar tão árido como o aeroporto de Dubai. Ainda mais no dia 24 de dezembro.

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Por causa do atraso, os argentinos também perderam a conexão em Guarulhos.


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