Só o Flamengo alivia as contas do Mané Garrincha em 2015. Saiba como
Daniel Brito
O Flamengo jogou apenas duas vezes no estádio Mané Garrincha em 2015 e rendeu ao GDF (Governo do Distrito Federal), que administra a arena, quase a metade do que foi arrecadado nesses últimos 10 meses. Todos os eventos e a arrecadação oficial do gigante de 72 mil lugares foram publicados no DODF (Diário Oficial do Distrito Federal), há uma semana.
O clube da gávea enfrentou em janeiro, ainda na pré-temporada, o Shakhtar Donetsk, que contemplou o GDF com pouco mais de R$ 290 mil, para um público anunciado de 26 mil pagantes. O Flamengo só voltou a se apresentar no Distrito Federal em setembro, contra o Coritiba, pelo Campeonato Nacional. Com o recorde de 68 mil espectadores, a arrecadação do dono do Mané Garrincha foi de R$ 268.273,00.
A soma dos dois eventos dá algo em torno R$ 558 mil. E isso é o suficiente para representar 45% do que o Mané angariou com eventos neste ano. Segundo o DODF, o estádio rendeu aos cofres públicos R$ 1.2 milhão em 2015 com taxa de ocupação.
Definições de elefante branco
Diz-se que um estádio é um elefante branco por não ter uso, servir para pouco (ou poucos) ou quase nada. Este é um dos conceitos da expressão tão usada desde a Copa do Mundo. Mas veja você que o Mané Garrincha, que recebeu sete jogos no Mundial-14, acumulou em sua agenda nada menos que 35 acontecimentos desde de 1º de janeiro até outubro.
Foram os mais variados tipos de eventos. Só de shows foram nove. Desde a banda de rock Kiss, em abril, até a gravação do DVD do cantor de música popular Wesley Safadão. Aconteceram também festas, circuito nacional de vôlei de praia, exposições, festivais de pets e de cerveja. Houve dez jogos de futebol, uma média de um por mês.
Mas isso aí tudo, somado, não chega a R$ 800 mil de arrecadação. Nesta conta aí, como se vê, não estão os dois jogos do Flamengo.
Acontece que o estádio é tão grande e é tão caro mantê-lo de pé e funcionando que nem esta quantidade de eventos é suficiente para bancar os custos do Mané Garrincha. De onde extraímos, portanto, mais uma definição de elefante branco: aquele espaço incapaz de produzir receita suficiente para pelo menos cobrir as despesas.
Quanto custa o Mané Garrincha?
O Tribunal de Contas do Distrito Federal calculou que R$1,6 bilhão dos cofres da capital federal foram utilizados para derrubar o antigo Mané Garrincha, aquele para 40 mil torcedores, construído em 1974, para levantar este gigante de concreto com 72 mil assentos, para a Copa do Mundo.
Passado o Mundial, o estádio agora tem o custo mensal de manutenção em torno de R$ 800 mil. Ou seja, com o que foi angariado com esses 35 eventos no dá para cobrir o que o Mané Garrincha consome de dinheiro público em dois meses.
Para evitar que o espaço fique ocioso, o GDF concede isenções aos que querem promover eventos no estádio. O Banco do Brasil, por exemplo, deveria pagar R$ 170 mil para realizar a etapa de Brasília do circuito de vôlei de praia. Mas o governo deu 99% de isenção e o banco só desembolsou R$ 1,7 mil.
O jogo entre Flamengo e Coritiba, em setembro, também ganhou desconto do governo. A taxa de ocupação foi de apenas 7% da bilheteria e não os usais 15%. O que fez com que o GDF recebesse menos que a FERJ (Federação de Futebol do Estado do Rio).
No último final de semana, do feriado de Finados, o último e o antepenúltimo colocados da segunda divisão do futebol do DF jogaram pela última rodada do certame, com igual promoção na taxa de ocupação (99% de desconto). Não foram vendidos mais do que 300 bilhetes na entrada.
Volta, Flamengo
Para alívio do GDF, há a previsão de que o time comandado por Oswaldo de Oliveira volte a jogar em Brasília em 22 de novembro, contra a Ponte Preta, pela 36ª rodada.