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Em plena crise hídrica, DF estima gastar meio milhão em água no estádio
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Daniel Brito

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Mané Garrincha em jogo do campeonato do DF de 2016: R$ 1,7 de água por dia (Daniel Brito/UOL)

O Governo do Distrito Federal empenhou R$ 634 mil para pagar as despesas no Estádio Nacional Mané Garrincha com água e esgoto. O gigante de 72 mil lugares erguido para a Copa do Mundo Fifa-14 no coração de Brasília vai consumir R$ 1,7 mil de água e esgoto por dia ao longo de 2017.

Estaria dentro da média dos grandes estádios do Brasil, como o Maracanã nos bons tempos (com jogos toda semana) não fosse o fato de o Distrito Federal atravessar uma inédita crise hídrica. As cidades mais populosas da capital estão com fornecimento restrito por até três dias na semana, sendo um desses dias sem um pingo d’àgua na torneira.

Em pleno período de chuvas, o nível do reservatório de Santo Antônio do Descoberto, na divisa com Goiás, está em 19%, quando em anos anteriores estava próximo de 100%. A partir de maio começa a temporada de seca, que dura quatro a cinco meses e o risco de que o racionamento se assevere por falta de água é iminente.

Já no Plano Piloto, onde está situado o Estádio Nacional, ainda não se iniciou o racionamento, porque o reservatório de Santa Maria, dentro do Parque Nacional de Brasília, que abastece a região, está em 40%. Porém, a pressão da água nas torneiras foi reduzida, numa tentativa de economizar antes da seca.

Em comparação com 2016, este empenho para o estádio é inferior em 9%. O GDF contingenciou R$ 700 mil no ano passadoporém utilizou R$ 559 mil. A informação é do secretário adjunto do Turismo no DF, Jaime Recena. É sua pasta quem faz a gestão do estádio.

A CAESB (Companhia de Água e Esgoto de Brasília) não fornece informações sobre consumo dos clientes.

Recena explicou que o empenho é apenas uma previsão do gasto, baseado no histórico do ano anterior e que não necessariamente deve ser executado o valor total do contrato (R$ 634 mil para 2017). Além disso, ele afirmou que o estádio tem em pleno funcionamento um sistema de armazenamento e reuso da água chuva – justamente o que está faltando em Brasília e o que provocou a crise hídrica.

“A captação da água da chuva permite que ela seja usada na irrigação do gramado, nos banheiros, na lavagem da piso. Além disso, substituímos o uso da mangueira por baldes, que gera uma economia maior”, explicou Recena.
No estádio, além dos jogos de futebol, funcionam quatro secretárias de governo, o que o GDF considera como uma economia, já que evita pagar aluguel para alojar seus servidores.

Se mantiver a média de R$ 1,7 mil por dia de água, o Mané Garrincha pagará R$ 52 mil mensais, isso representa 7% do custo mensal do gigante, que gira em torno de R$ 700 mil.

O GDF prometeu fazer no ano passado uma chamamento público para atrair empresas para gerir o estádio em uma parceria público-privada. O edital deve ser lançado nas próximas semanas. Enquanto isso, o governo da capital comemora o fato de ter confirmado com o Flamengo a realização de pelo menos seis partidas no Mané Garrincha na temporada 2017.

“A expectativa é de fecharmos mais jogos de outras equipes”, afirmou Recena. “Assim, mantivemos a média de um evento por semana no estádio, por isso é errado dizer que o Estádio de Brasília é um elefante branco. Pode ser um elefante, mas de outra cor, porque branco ele não é. Está em pleno funcionamento”, completou o secretário adjunto.

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Palco da Copa-14 e Olimpíadas-16 ainda serve como terminal de ônibus nas horas vagas (Daniel Brito/UOL)


Só o Flamengo alivia as contas do Mané Garrincha em 2015. Saiba como
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Lanternas da segundona do DF jogam em Mané vazio (Crédito: Daniel Brito/UOL)

O Flamengo jogou apenas duas vezes no estádio Mané Garrincha em 2015 e rendeu ao GDF (Governo do Distrito Federal), que administra a arena, quase a metade do que foi arrecadado nesses últimos 10 meses. Todos os eventos e a arrecadação oficial do gigante de 72 mil lugares foram publicados no DODF (Diário Oficial do Distrito Federal), há uma semana.

O clube da gávea enfrentou em janeiro, ainda na pré-temporada, o Shakhtar Donetsk, que contemplou o GDF com pouco mais de R$ 290 mil, para um público anunciado de 26 mil pagantes. O Flamengo só voltou a se apresentar no Distrito Federal em setembro, contra o Coritiba, pelo Campeonato Nacional. Com o recorde de 68 mil espectadores, a arrecadação do dono do Mané Garrincha foi de R$ 268.273,00.

A soma dos dois eventos dá algo em torno R$ 558 mil. E isso é o suficiente para representar 45% do que o Mané angariou com eventos neste ano. Segundo o DODF, o estádio rendeu aos cofres públicos R$ 1.2 milhão em 2015 com taxa de ocupação.

Definições de elefante branco
Diz-se que um estádio é um elefante branco por não ter uso, servir para pouco (ou poucos) ou quase nada. Este é um dos conceitos da expressão tão usada desde a Copa do Mundo. Mas veja você que o Mané Garrincha, que recebeu sete jogos no Mundial-14, acumulou em sua agenda nada menos que 35 acontecimentos desde de 1º de janeiro até outubro.

Foram os mais variados tipos de eventos. Só de shows foram nove. Desde a banda de rock Kiss, em abril, até a gravação do DVD do cantor de música popular Wesley Safadão. Aconteceram também festas, circuito nacional de vôlei de praia, exposições, festivais de pets e de cerveja. Houve dez jogos de futebol, uma média de um por mês.

Mas isso aí tudo, somado, não chega a R$ 800 mil de arrecadação. Nesta conta aí, como se vê, não estão os dois jogos do Flamengo.

Acontece que o estádio é tão grande e é tão caro mantê-lo de pé e funcionando que nem esta quantidade de eventos é suficiente para bancar os custos do Mané Garrincha. De onde extraímos, portanto, mais uma definição de elefante branco: aquele espaço incapaz de produzir receita suficiente para pelo menos cobrir as despesas.

Quanto custa o Mané Garrincha?
O Tribunal de Contas do Distrito Federal calculou que R$1,6 bilhão dos cofres da capital federal foram utilizados para derrubar o antigo Mané Garrincha, aquele para 40 mil torcedores, construído em 1974, para levantar este gigante de concreto com 72 mil assentos, para a Copa do Mundo.

Passado o Mundial, o estádio agora tem o custo mensal de manutenção em torno de R$ 800 mil. Ou seja, com o que foi angariado com esses 35 eventos no dá para cobrir o que o Mané Garrincha consome de dinheiro público em dois meses.

Para evitar que o espaço fique ocioso, o GDF concede isenções aos que querem promover eventos no estádio. O Banco do Brasil, por exemplo, deveria pagar R$ 170 mil para realizar a etapa de Brasília do circuito de vôlei de praia. Mas o governo deu 99% de isenção e o banco só desembolsou R$ 1,7 mil.

O jogo entre Flamengo e Coritiba, em setembro, também ganhou desconto do governo. A taxa de ocupação foi de apenas 7% da bilheteria e não os usais 15%. O que fez com que o GDF recebesse menos que a FERJ (Federação de Futebol do Estado do Rio).

No último final de semana, do feriado de Finados, o último e o antepenúltimo colocados da segunda divisão do futebol do DF jogaram pela última rodada do certame, com igual promoção na taxa de ocupação (99% de desconto). Não foram vendidos mais do que 300 bilhetes na entrada.

Volta, Flamengo
Para alívio do GDF, há a previsão de que o time comandado por Oswaldo de Oliveira volte a jogar em Brasília em 22 de novembro, contra a Ponte Preta, pela 36ª rodada.


Jogo do Fla no DF rendeu mais à FERJ do que ao dono do Mané Garrincha
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Daniel Brito

A FERJ (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) lucrou mais que o dono do estádio Mané Garrincha no jogo da quinta-feira, 17, em Brasília. Na vitória do Coritiba por 2 a 0 sobre o Flamengo diante de mais de 67 mil torcedores a entidade fluminense apurou R$ 383.247,00. O Governo do Distrito Federal (GDF), que ainda administra o estádio, recebeu 30% a menos.

Os anfitriões ficaram com somente R$ 268.273,00 que corresponde a 7% da renda bruta. Já o quinhão da FERJ representa 10%. O jogo bateu recorde de bilheteria. Foram arrecadados, segundo divulgou a FERJ em borderô publicado no sábado, no site da CBF, R$ 3.995.500.

Abaixo, o resumo do boletim financeiro da partida:

Receita R$ 3.995.500
Taxa FERJ R$ 383.247
INSS 5% Decreto 832 R$ 188.775
Arbitragem (taxa de arbitragem, seguro, reembolso passagem) R$ 10.219,76
Despesa operacional (com INSS) R$ 24.000
Delegado (com INSS) R$ 2.760
Controle de Doping R$ 4.920
Seguro público presente R$ 3.350,55
Taxa de ocupação do estádio R$ 268.273,25
Material de expediente R$ 20
Taxa Federação Brasiliense de Futebol R$ 191.623
Credenciamento R$ 3.675
Ingressos promocionais R$ 163.025
Supervisor de protocolo CBF R$ 1.000
Despesa do Flamengo R$ 6.000
Operação do jogo R$ 1.286.274
Retenções (INSS e IRRF arbitragem, operacional) R$ 2.108,31
Total de despesas R$ 2.548.165,00
Penhora R$ 217.100,25
Resultado Final para o Flamengo R$ 1.230.234,75

O Flamengo só jogou em Brasília porque o GDF promoveu um desconto de 50% na taxa de ocupação do Mané Garrincha, que até então só havia recebido cinco partidas neste ano. O estádio representa um problema para o governo da capital.

Sem uso, ele consome aproximadamente R$ 800 mil mensais de manutenção do GDF. A taxa de 15% é considerada alta pelos clubes, que quando querem vender o mando de campo a alguma empresa, vão para Cuiabá, por exemplo. Por isso, o governo teve de dar este abatimento, principalmente no momento em que o DF passa por um severa crise financeira. A reconstrução do Mané Garrincha para a Copa do Mundo, no valor estimado de R$ 1,8 bilhão contribuiu para o agravamento do problema.


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