Tem país desistindo da Olimpíada para não amargar a lanterna
Daniel Brito
O Comitê Olímpico da África do Sul decidiu que as seleções masculina e feminina de hóquei na grama do país não participarão dos Jogos do Rio-2016. O motivo é tão simples quanto controverso: as equipes não reúnem condições de disputar medalha olímpica. Logo, se é para para fugir da lanterninha aqui no Brasil, melhor nem vir.
Assim sendo, a vaga adquirida pelos sul-africanos ao sagrarem-se campeões continentais não teve valor algum para o Comitê Olímpico da África do Sul, cuja sigla em inglês é SASCOC. O comitê entende que a vaga teria de ser conquistada na Liga Mundial, contra os melhores do mundo e não apenas os rivais do continente. Fato que não ocorreu.
A decisão polêmica foi levada até ao COI (Comitê Olímpico Internacional) pela federação nacional de hóquei na grama, mas a entidade sediada na Suíça deu razão ao SASCOC.
Iniciou-se então campanha na internet, que pedia a adesão de 25 mil pessoas, mas só conseguiu 16 mil apoiadores.
O hóquei sul-africano frequenta os Jogos Olímpicos desde 1996 seja com uma equipe no masculino ou no feminino. Mas sempre ocupou a última ou penúltima colocação ao final. Raramente, conseguiu ser apenas o terceiro pior de uma Olimpíada. E é isto que o SASCOC diz querer evitar.
A entidade, no entanto, tem sido questionada pelo apoio que vem dando ao futebol feminino. Em sua coluna no jornal The Citizen, de Johannesburgo, o jornalista Jaco van der Merwe apontou a diferença no tratamento dado às duas modalidades.
“Depois que se classificaram para o Rio-2016, as jogadoras da seleção de futebol foram tratadas como heroínas, angariaram milhões de rands [moeda local] em contribuições do público, mas se esquecem que elas terminaram em 10º entre 12 participantes nos Jogos de Londres-2012”, afirmou Van der Merwe. “Tanto as seleções de hóquei quanto o time de futebol feminino são medíocres e ambos lutariam para evitar ficar com a ‘wooden spoon’ no Rio-2016”, apontou o jornalista, usando o termo em inglês que corresponde à “lanterninha da competição” em português.
No lugar dos sul-africanos, a Nova Zelândia ganhou a vaga no masculino e a Espanha, no feminino.