FIESP escala medalhistas olímpicos para criticar ajuste fiscal do governo
Daniel Brito
A FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) escalou dois atletas olímpicos para atacar o ajuste fiscal anunciado pelo governo em setembro. O casal Murilo Endres e Jaqueline Carvalho gravaram um vídeo em que criticam a proposta de “aumento dos impostos” para cobrir o déficit previsto para o orçamento da União de 2016.
“Se a gente não protestar, o governo vai aumentar os impostos ainda mais”, começa dizendo Murilo na gravação. Eles pedem o engajamento do público para assinar um manifesto que a FIESP pretende entregar no Congresso Nacional com 1 milhão de assinaturas.
Murilo e Jaqueline são atletas do Sesi, equipe de vôlei mantida pela FIESP. Ele talvez seja o mais combativo e politizado desportista da modalidade no país. Quando a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) se viu envolta em uma grave crise por causa de mal feitos atribuídos – e comprovados pela CGU – durante a gestão de Ary Graça, Murilo foi o primeiro atleta a se levantar e protestar contra o dirigente. E contou com o apoio de toda a classe.
E agora, a instituição que representa pode ser diretamente afetada pelas medidas do pacote do governo. A União apresentou proposta para reter 30% do que é arrecadado pelo Sistema S (Sesc, Senai, Sebrae e Senac) para cobrir o rombo no orçamento. Este percentual corresponde a aproximadamente R$ 6 bilhões a menos para o Sistema S no próximo ano. O que afetaria diretamente, entre outras coisas, as atividades esportivas do Sesi, pelos quais jogam Murilo e Jaqueline.
O Sesi investe em alto rendimento na equipe de polo aquático, e em atletas da maratona aquática, atletismo paraolímpico e luta olímpica. Não há nada definido ainda sobre cortes no apoio ao esporte.
O departamento de comunicação da FIESP informou que os atletas não foram obrigados a participar da campanha, apenas convidados. Por enquanto, só atletas do vôlei se engajaram publicamente.