Atleta russa que “deve medalha” olímpica ao Brasil se recusa a entregar
Daniel Brito
A corredora Yulia Gushchina, 33, amargou a experiência de ter suas três medalhas olímpicas perdidas por causa de doping. Mas não foi por causa dela, e sim, por conta de suas companheiras de equipe. Ela acumulou um ouro, uma prata e um bronze em Pequim-2008 e Londres-2012 em provas do revezamento do atletismo. Mas perdeu todas porque uma ou mais parceiras testou positivo no exame antidoping. Gushchina, no entanto, jamais foi flagrada.
Uma dessas medalhas interessa ao Brasil. A Rússia foi ouro no revezamento 4x100m rasos em Pequim-2008. Porém, uma das componentes do time russo falhou no reexame das amostras de urina e sangue feitas pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) entre 2015 e 2016. Assim, a Rússia perdeu o ouro, O Brasil – que terminara aquela prova na quarta colocação com Rosemar Coelho, Lucimar de Moura, Thaissa Presti e Rosangela Santos – herdou o bronze. As belgas ficaram com o ouro, e as nigerianas, com a prata.
Quando consultada pela imprensa russa sobre a perda das medalhas, Gushchina soltou o verbo. “Eu não sei das outras garotas, mas eu não devolvo a minha”, afirmou a corredora após ser informada da terceira perda consecutiva, desta feita em reexames de urinas coletadas em Londres-2012. “Já estou levando uma vida completamente diferente, estou esperando meu segundo filho, não vou aos tribunais por causa disso”, completou.
O regulamento do COI diz que, em caso positivo de doping, o atleta medalhista é obrigado a devolver a láurea. Veja, por exemplo, o caso de Usain Bolt. Ele perdeu o ouro no revezamento 4x100m de Pequim-2008 e já devolveu sua medalha, apesar de o doping ter sido confirmado em um companheiro de equipe e não nele.
Mas os russos que estão sendo flagrados por atacado em reexames do COI de Pequim-08 e Londres-12, estão demorando para devolver. O presidente do Comitê Olímpico Russo, Alexander Zhukov, disse às agências internacionais de notícias que nenhuma desportista flagrado em doping havia devolvido a medalha. Havia a suspeita de que esse fosse um pedido expresso de Vitaly Mutko, ministro do esporte, e home forte do governo Putin. O governo, no entanto, recusou-se a comentar o caso.
O Brasil já faz planos de receber as medalhas do quarteto que herdou o bronze em Pequim-2008. Agora em março deve haver um pódio temporão.