Blog do Daniel Brito

Arquivo : Marco Aurélio Klein

“Não haverá caça às bruxas”, diz campeão olímpico novo chefe do antidoping
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Daniel Brito

RogerioSampaio

O campeão olímpico Rogério Sampaio, 48, é o novo chefe da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem), órgão do Ministério do Esporte que regular os exames antidoping no país. E, antes mesmo da nomeação ser publicada no Diário Oficial, avisou: “Não haverá caça às bruxas, tem que haver respeito aos atletas”, disse Sampaio ao blog, por telefone.

Ele substitui a Marco Aurelio Klein, que fundou e estruturou a ABCD em um trabalho iniciado em 2011, atendendo a exigências da WADA (Agência Mundial Antidoping). Ele nem sequer foi informado da trocapelo ministro Leonardo Picciani (PMDB-RJ), mas sua queda já estava programada desde o início da semana, quando ele se encontrou com Sampaio e ofereceu-lhe o cargo na ABCD. A informação foi publicada no blog de Fernando Rodrigues, no UOL, na manhã desta quarta-feira, 29.
Sampaio foi ouro no judô em Barcelona-1992 e acumula experiência de 11 anos na gestão pública nas secretárias de esporte da prefeitura de Santos e de São Paulo.

Um dos fatores que pode ter acarretado a substituição de Klein por Sampaio foi a suspensão do LBCD (Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem), no Rio de Janeiro, pela Wada, por problemas técnicos.

Uma das primeiras atribuições do ex-judoca é acompanhar, na próxima semana, uma comissão da Wada que visitará o laboratório erguido ao custo estimado de R$ 180 milhões para realizar todo os exames antidopagem dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio-2016.  Ele confia que o LBCD voltará a ser considerado apto a realizar os testes durante o evento.

“Enquanto a nomeação não sai, estou tomando conhecimento de todo o processo no Brasil. Vamos seguir todas as diretrizes e programação da Wada para controle de dopagem dos atletas brasileiros e estrangeiros. Vamos trabalhar em conjunto com as confederações brasileiras. Tem que haver o respeito ao atleta, não vai  ter perseguição e nem caça às bruxas”, avisou.

Na tarde desta quarta-feira, 29, a assessoria de imprensa do Ministério do Esporte divulgou nota informando que a saída de Klein não tem relação com a suspensão do LBCD. Confira a íntegra da nota, abaixo:

 

A troca no comando da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) se deu seguindo determinação do ministro do Esporte, Leonardo Picciani, já anunciada desde que tomou posse, de que faria alterações nas secretarias do ministério para ter como assessores próximos pessoas de sua confiança. A mudança não tem nada a ver com a suspensão do Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD) pela Agência Mundial Antidopagem (Wada, na sigla em inglês). O ministro agradece Marco Aurelio Klein pelo trabalho realizado no período. Para sua vaga, o ministro convidou o ex-campeão olímpico Rogério Sampaio, que aceitou.


Brasília está em chamas, mas Dilma ainda precisa tratar sobre doping*
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Daniel Brito

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Laboratório preparada para os Jogos-16 pode ficar sem uso (divulgação)

*Atualizada às 12h30

É, no mínimo, curioso que uma operação chamada Lava Jato tenha incendiado Brasília nos últimos dias. E que, em meio às chamas da destruição, haja um decreto em cima da mesa da presidente Dilma Rousseff, à espera de assinatura, que pode livrar o Brasil de um vexame internacional na esfera esportiva.

Encerra-se amanhã, sexta-feira, 18, o prazo dado pela Wada (sigla em inglês para Agência Mundial Anti-doping) para que o país regularize sua legislação esportiva e canalize em um único tribunal todos os julgamentos de casos de doping no Brasil. Ou faz isso, ou é descredenciado pela Wada.

O Brasil sabe dessa condição desde novembro último. O melhor cenário seria apresentar uma proposta de emenda constitucional na Câmara dos Deputados, em Brasília, e fazê-la vencer todos os trâmites no legislativo. Mas o calendário pesou contra. Primeiro, porque o Congresso Nacional está em ebulição sob a gestão Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal). Depois, dezembro só houve expediente na primeira quinzena, e em ritmo lento, janeiro e início de fevereiro houve o recesso parlamentar. Da segunda quinzena de fevereiro até este dia 18 de março não haveria tempo hábil para debater e aprovar uma PEC na Câmara no cenário atual.

Entraram em cena Casa Civil e AGU (Advocacia Geral da União). Entendeu-se, portanto, que era melhor um decreto presidencial. No início de março foi divulgado que algum dia entre 15 e 18 de março a presidente Dilma assinaria o decreto.

Nele, os casos de doping que hoje são julgados nos tribunais de cada confederação esportiva iriam direto para uma espécie de STF do doping, com a diferença de ser a primeira e única instância nos julgamentos no país. Cairia de 60 para 21 dias o limite para julgamento de sanções disciplinares, em consonância com regulamentação da Wada de 2013.

Como se vê, Brasília está em chamas. A presidente envolta em crise que parece longe do fim. Nem mesmo o ministro do Esporte, George Hilton (PRB-MG), sabe até que dia (ou melhor, até que horas) vai ter o direito de ocupar a sala que utiliza no alto do Bloco A da Esplanada dos Ministérios. Na ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem) há um otimismo insofismável quanto à assinatura, apesar da conjuntura. Até porque, é tudo o que o Brasil precisa para levar à Wada: a assinatura e não a instalação imediata do tal STF do doping.

Mas se o decreto não sair até sexta-feira, o Brasil perde o credenciamento da Wada no ano dos Jogos Olímpicos no país. Não que isto já não tenha ocorrido. Em 2014, a Copa do Mundo Fifa foi realizada sem o credenciamento do país para analisar exames antidopagem. A diferença é que agora, o Brasil tem um laboratório de controle de doping novinho, no qual foram empreendidos quase R$ 190 milhões pensando nos Jogos-2016. E sem o decreto presidencial, sem a assinatura em meio ao caos, este laboratório ficará sem uso durante a Rio-2016.

Amanhã é o último dia.

Atualização: Foi publicado na edição desta quinta-feira, 17, no Diário Oficial da União a portaria que cria o Código Brasileiro Antidopagem, em que estabelece normas e diretrizes para o controle de dopagem no país. O Tribunal Antidopagem é citado na portaria, mas sua criação ainda não foi oficializada, que é esperada para ainda esta quinta-feira, 17. “Hoje uma edição extra do Diário Oficial completa o conjunto de medidas que atendem todas as exigências da Wada-AMA. Portanto, o Brasil manterá a sua conformidade com o Código Mundial Antidopagem. Hoje foi dado um enorme passo na luta contra a dopagem no esporte no Brasil e fica assegurado o LBCD (Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem) como o laboratório dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016”, afirmou o secretário nacional para a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), Maurco Aurelio Klein.


Ministério promete ir ao TAS contra ciclista militar absolvida do doping
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Daniel Brito

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Uênia (terceira, da esq. para dir.) foi campeã por equipes no Mundial Militar (Divulgação)

A ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem) entrou com pedido de anulação da decisão da Confederação Brasileira de Ciclismo de absolver a ciclista matogrossense Uênia Fernandes, 31, do doping por EPO (eritropoietina). O órgão, vinculado ao Ministério do Esporte, promete levar o caso até o Tribunal Arbitral do Esporte, em Lausanne, na Suíça.

É raro, quase inédito, um atleta ser flagrado em exame de dopagem com EPO e ainda ser absolvido. Uênia alegou que a equipe da ABCD que realizou a coleta da urina em teste surpresa em setembro foi feita de forma errada e sofreu contaminação. A defesa da ciclista disse que ela não pôde se hidratar, ficou por horas submetida aos exames, e a coleta da urina do ciclista Alex Arseno, também flagrado com EPO no mesmo dia, conspurcou o frasco em que estava a urina de Uênia.

No julgamento da Comissão Disciplinar do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) do ciclismo, em 10 de dezembro, a ABCD foi citada nominalmente como responsável pela resultado positivo de doping. Porém, a entidade não foi convocada para dar sua versão, o que vai contra o CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva). Ainda assim, a comissão julgou procedente a defesa de Uênia e a absolveu.

“Mesmo que não tivesse sido citada na defesa da atleta, a ABCD tem que ser intimada a participar do julgamento, mas nem isso ocorreu”, explicou o chefe do órgão, Marco Aurélio Klein. “A decisão do STJD do ciclismo foi uma afronta à Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem. Foi dada uma sentença a um julgamento feito de forma irregular. Não questiono o resultado, mas o fato de o CBJD não ter sido obedecido. Nós vamos até ao TAS para que este julgamento seja revisto”, acrescentou.

Histórico de doping na família
Uênia é 3º sargento da Força Áerea Brasileira e é beneficiária do programa de alto rendimento das Forças Armadas. Representou o país na prova de estrada nos Jogos Militares, na cidade sul-coreana de Mungyeong, e conquistou o ouro por equipes na prova de estrada, ao lado das primas Clemilda e Janildes. Flávia Oliveira também compôs o time, mas sobre esta não recai nenhuma suspeita de doping.

Curiosamente, a família Fernandes tem uma história maculada pelo doping no ciclismo. Além de Clemilda, e Uênia, há registro de utilização de substância proibida por parte de Márcia, irmã de Clemilda e Janildes. Mais curioso ainda, todas foram flagradas utilizando-se da mesma substância: EPO.

“Não há hipótese de um atleta flagrado com EPO ser absolvido. Observa-se que há uma concentração de casos neste núcleo, mas não podemos julgar a Uênia pela Clemilda e nem por ninguém, a não ser por ela mesma”, opinou Klein.


São Silvestre deste ano terá blitz de controle antidoping
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Daniel Brito

A São Silvestre deste ano terá uma operação especial da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem). Uma equipe com profissionais do Rio e de Brasília está em São Paulo preparando uma blitz antidoping na tradicional prova do dia 31 de dezembro.

“Nosso objetivo é fazer cerca de 20 coletas de urina para serem analisadas no LBCD”, explicou Marco Aurélio Klein, chefe da ABCD, citando o recém-inaugurado Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem, o antigo Ladetec, no Rio.

O número representa o dobro do que costumeiramente a São Silvestre submeteu seus atletas. Klein explicou que não apenas os atletas que forem ao pódio serão testados, mas também outros participantes serão alvo, alguns até indicados pelo serviço de inteligência da agência no combate e prevenção ao doping. Inclusive os estrangeiros.  “Serão realizados todas as análises possíveis da urina coletada, e apenas da urina. Inclusive a utilização da EPO”, informou Klein, referindo-se ao hormônio chamado eritropoietina, que aumenta a oxigenação do sangue.

Nas últimas oito edições, apenas um brasileiro conseguiu sagrar-se campeão: Marílson Gomes dos Santos, em 2010. De 2007 para cá, foram cinco triunfos quenianos e dois etíopes. No feminino o jejum é ainda maior. O último triunfo brasileiro foi de Lucélia Peres, em 2006.

A largada da prova feminina da São Silvestre neste ano será às 8h40 (de Brasília) desta quinta, 31. Às 9h, ocorre a partida da elite masculina.


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