Ela é prima de miss, fez balé e será primeira a disputar medalha na Rio-16
Daniel Brito
A catarinense Rosane Budag, 42, terá a responsabilidade de ser a primeira atleta brasileira a disputar medalha nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Ela entra em ação na prova da carabina de ar de 10m, de tiro esportivo, às 8h30 da manhã do dia 6 de agosto, horas após a cerimônia de abertura, na noite do dia 5, no Maracanã.
Este será o primeiro evento a dar medalha no Rio-2016. Diferentemente do torneio olímpico de futebol, em que as seleções brasileiras estrearão antes mesmo da abertura e a tabela se estenderá até o último dia dos Jogos, a prova feminina da carabina de ar de 10m promoverá a primeira cerimônia de pódio no Rio-16 antes mesmo do fim da manhã daquele 6 de agosto.
Rosane é campeã brasileira e sul-americana, e vice do Íbero-americano, e já se prepara para a enfrentar a pressão. Está se submetendo a treinamentos, inclusive psicológicos, para não sucumbir. “Faço um treinamento que é chamado de neuro-feedback, que é uma maneira de isolar o pensamento de ideias ou situações que te façam perder o foco no objetivo principal, que no meu caso é a prova”, explicou Rosane.
Ela espera uma presença grande de imprensa, ávida por notícia dos primeiros brasileiros a competir no Rio-16, além dos familiares e amigos, o que só aumenta a pressão. E este é um fator decisivo no tiro esportivo. “Nossa modalidade e 30% de técnica e 70% de equilibrio emocional, por isso o neuro-feedback ajuda bastante a não se desconcentrar”, disse a atiradora.
Mudança de hábitos
A presença de público e imprensa em sua prova é algo com o qual Rosane tem pouco hábito, dado que as competições de tiro dificilmente atrai atenção de torcedores e jornalistas. Mas mudar de hábitos não parece ter sido um problema até aqui para a catarinense de Blumenau.
Ela foi bailarina clássica, participou de apresentações para o público em seu Estado, que possui uma grande tradição em dança. “Há muito em comum entre o balé clássico e o tiro: a percepção corporal, o equilíbrio, a concentração”, enumerou a ex-bailarina.
Antes de aderir ao tiro esportivo, Rosane era gerente executiva de uma multinacional em Joinville, Santa Catarina. Para desestressar-se, ia ao estande de tiro com então marido e praticava a modalidade. Começou a disputar competições na cidade até adotar de vez a condição de atleta.
Ocupação um pouco diferente do que já fez alguns outros membros da família Budag, de origem alemã. Rosane é prima de Ingrid Budag, Miss Brasil em 1975 e uma das 12 finalistas do Miss Universo daquele ano. “Minha família tem umas três Misses Santa Catarina, tem a Ingrid que foi Miss Brasil, é muita gente bonita na família, tu precisas ver”, disse, divertindo-se. Perguntada se nunca tentou aderir ao mundo de concursos de beleza e passarela, Rosane foi taxativa: “Não. Meu pai nunca deixou”, explicou antes de cair na gargalhada.