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Arquivo : Walter Feldman

“Del Nero não viaja para não ser preso”, admite Feldman em CPI na Câmara
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Daniel Brito

Em depoimento à CPI da Máfia do Futebol na Câmara dos Deputados, o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, admitiu que o presidente da confederação, Marco Polo Del Nero, não sai do Brasil porque pode ser preso pelo FBI. Segundo o cartola, “mesmo sendo inocente”.
A resposta veio a partir de uma pergunta do deputado João Derly (Rede-RS), já perto do fim da sessão desta terça-feira, 31, em Brasília.

Veja abaixo como se deu o diálogo entre Feldman e Derly sobre o motivo das ausências de Marco Polo em viagens internacionais:

WALTER FELDMAN – Por que o presidente Marco Polo não viaja?  Porque o modelo americano [de investigação] policia o mundo. Qualquer denúncia, prende-se e depois aguarda uma delação. Agora, eu pergunto, se fosse o senhor, deputado João Derly,  viajaria nesta condição? Mesmo tendo convicção da sua inocência?
JOÃO DERLY – Viajaria, porque tenho a consciência tranquila.
FELDMAN – Eu lhe digo que não. Porque o FBI o prenderia mesmo se o senhor fosse inocente. Eu não tenho nenhuma dúivida da minha inocência, mas nesse quadro, eu não viajaria.
DERLY – Então ele tem receio de ser preso…
FELDMAN – Não. Não sei se são essas as razões, mas é assim que funciona. Presidente Marco Polo não viaja porque o sistema de funcionamento de tentativa de delação por parte dos que têm alguma denúncia, mesmo sendo inconsistentes, é assim. Marco Polo tem tomado medidas de defesa, mesmo sem ter elementos sobre o que esta sendo acusado. O que é muito difícil. Imagina que no sistema democrático você tem direito a saber tudo sobre o processo, mas nós não sabemos. Eu vou dizer por mim, eu não viajaria num quadro desses.

Antes desse diálogo, Feldman relativizou a investigação da Justiça americana, que colocou em prisão domiciliar José Maria Marin, antecessor de Del Nero na CBF, e outros dirigentes do continente.
“Vamos supor que o FBI demore dez anos para comprir suas análises. Ficaremos aguardando? Daremos tempo aos americanos de fazer, de acordo com suas normas juridicas e investigatórias, suas análises. Enquanto isso, todo o futebol está sob suspeita, não dá para avançar. E todos que estão aí, em princípio, são puníveis – acho que é este o termo. O FBI também já cometeu seus equívocos, já fez investigações que não eram tão certas.

Ele até considera que a investigação sobre o atual mandatário da confederação pode ser um erro de investigação.
“Do futebol sul-americano, todos caíram, só Marco Polo que não caiu. Que proteção especial que ele tem? Contra todo mundo, contra o FBI, contra a Comissão de Ética da Fifa, contra o senso comum? Eu diria, não é possível. Só ele não caiu, não existe uma denúncia sustentável. Será que não cabe uma dúvida? Sera que não há um equívoco como tantos que ja foram cometidos até em pena de morte lá nos EUA. Fico com a inocência”.

A sessão durou pouco mais de três horas. Foi bastante parabenizado pelo trabalho na CBF por alguns deputados, disse que a Copa Verde é um sucesso, que o técnico Dunga é bom e que Tite não tem experiência com seleção. Ao se despedir, disse que gostaria de ter falado um pouco mais.


Coronel Nunes vai à CPI do Futebol escoltado por tropa de choque da CBF
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Daniel Brito

Coronel Antonio Nunes, presidente interino da CBF, confirmou presença na sessão da CPI do Futebol no Senado nesta quarta-feira. Chegará como convocado, e não na condição de convidado, como pretendia. Também não será alvo de condução coercitiva, pedido que derrubado pelo ministro Teori Zavascki, do STF, e como testemunha, não investigado.

Livrou-se do constrangimento de ir ao Senado escoltado pela Polícia Federal.

Seu séquito será formado pelo secretário-geral da CBF, Walter Feldman, e da equipe de “assessoria legislativa” da confederação, que atua na CPI sob o comando de Vandembergue Machado. Ele é o responsável por arregimentar os senadores que defendem os interesses da CBF na comissão parlamentar de inquérito. Feldman veio a Brasília em junho, quando do depoimento de Marco Polo Del Nero à comissão de esporte da Câmara e deixou a sessão, que durou quase cinco horas, cantando vitória.

Feldman e o coronel chegaram na terça-feira, 15, a Brasília e se hospedaram em um hotel na Asa Norte, com vista para o Congresso Nacional. Na primeira vez que Nunes foi ao Senado nesta CPI do Futebol, em outubro, falou por 10 minutos sobre seus feitos à frente da Federação Paraense de Futebol, cargo que ocupa há mais de 20 anos.

Licenciou-se da entidade estadual em janeiro para assumir a presidência interina da CBF no lugar de Marco Polo Del Nero, citado nominalmente nas investigações do FBI que levaram José Maria Marin à prisão. Antes, porém, em dezembro, Nunes foi eleito vice-presidente da confederação. Por ser o vice mais velho, 77 anos, tornou-se o primeiro na linha sucessória na CBF, deixando para trás Delfim Peixoto, presidente da federação catarinense, de 74 anos, e desafeto de Marco Polo.

Por isso, sobre Nunes recai a pecha de figura decorativa na presidência da confederação. Policial militar reformado, recebe um soldo mensal de R$ 14.768,00 da Força Aérea Brasileira (FAB) como anistiado, “vítima de ato de exceção de motivação política”, conforme mostrou reportagem do jornalista Lúcio de Castro na Agência Pública, em janeiro.

O cartola terá de explicar o que foi feito dos repasses do Governo do Estado do Pará à federação que presidiu até assumir a CBF em janeiro. Assim como suas relações com Marco Polo Del Nero, José Maria Marin e Ricardo Teixeira. Este último pode ser convocado a depor caso requerimento do senador Romário (PSB-RJ), presidente da CPI, seja aprovada na sessão desta quarta-feira.

Por fim, o coronel Antonio Nunes pode explicar porque o Estado do Pará ganhou mais uma vaga na Série D do Campeonato Brasileiro, enquanto que Santa Catarina, de Delfim Peixoto e mais bem ranqueada na CBF, ficou de fora deste pacote de bondades anunciado nesta terça-feira, 15, pela confederação.


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