Blog do Daniel Brito

COB gastou R$ 21 milhões além do que recebeu da Lei Piva em 2015

Daniel Brito

O COB (Comitê Olímpico do Brasil) recebeu R$ 244 milhões em 2015 da premiação das loterias federais, por intermédio da Lei Piva. A informação consta no “Demonstrativa de Aplicação dos Recursos” da lei, publicada na página do comitê em maio. Este montante representa 11% além do que a entidade angariou da mesma fonte em 2014.

Trata-se de um recorde de arrecadação, uma vez que o comitê estimou que receberia “apenas” R$ 202 milhões em 2015.
A entidade, no entanto, gastou R$ 244 milhões desta mesma origem, de acordo com o “Demonstrativo”. Ou seja, uma disparidade superior a R$ 21 milhões.

É importante ressaltar que em 2014, embora tenha recebido menos (arrecadou R$ 218 milhões), conseguiu acumular R$ 55 milhões no fundo de reserva.

Muito dessa diferença apontada no ''Demonstrativo'' de 2015 se deve ao investimento direto da Lei Piva nas confederações, que saltou de R$ 74 milhões em 2014 para R$ 165 milhões no exercício seguinte. O ano passado foi marcado pela realização dos Jogos Pan-Americanos, em Toronto, no qual o Brasil terminou na terceira colocação pelo critério de total de medalhas (141) e total de ouros (42), atrás dos Estados Unidos e do anfitrião Canadá.

O blog procurou o COB há 10 dias para explicações, mas não obteve respostas para os questionamentos. A entidade alegou que não conseguira atender à demanda porque a equipe já está toda voltada para a operação nos Jogos Olímpicos do Rio-2016.

Manutenção da entidade x investimento nas confederações

Um item que registrou aumento substancial de investimento com recursos da Lei Piva foi a “manutenção da entidade”. Para se ter ideia, o COB aplicou nele próprio quase o mesmo montante que distribuiu às 29 confederações durante o ano de 2014. O item “manutenção da entidade” cresceu 26% de 2013 para o ano seguinte. E de 2014 para o exercício subsequente outros 15%. Alcançou a marca de R$ 71.5 milhões em 2015. As 29 confederações receberam, em 2014, R$ 74 milhões, contra R$ 61 milhões aplicados em “manutenção” do COB no período.

Desde 2001, 2% do prêmio das loterias federais é destinado ao Comitê Olímpico (1,7%) e  Comitê Paraolímpico Brasileiro (0,3%). A partir deste ano, os paraolímpicos passaram a receber 1%, enquanto o COB manteve seu percentual.