Ela terminou Pequim-2008 em 6º mas descobriu no Facebook que ganhou bronze
Daniel Brito
Oito anos depois de disputar os Jogos Olímpicos de Pequim-2008, em casa, passeando pelo facebook, Chaunte Howard Lowe recebeu os parabéns pela medalha de bronze na prova do salto em altura. Veio de uma amiga e rival da Alemanha. Ela ignorou.
Chaunte guardava uma certa mágoa por sua participação em Pequim-2008. Fora vice-campeã mundial em 2005, na Finlândia, era uma das favoritas ao pódio na Olimpíada da China. Mas saltou 1,99m e terminou na sexta colocação. Por isso ignorou a mensagem da alemâ em seu Facebook, oito anos mais tarde, um dia qualquer de 2016.
Minutos depois, outra concorrente também parabenizou Chaunte pelo bronze em Pequim-2008. Foi aí que leu nas redes sociais que todas as três competidoras que terminaram à frente dela na prova de salto em altura naqueles Jogos Olímpicos. foram flagradas em exames antidoping feitos em 2016.
A medalha de bronze caiu no seu colo, na sala de casa, enquanto esperava o marido buscar as filhas na escola, em alguma cidadezinha no interior do Estado da Flórida, no sul dos Estados Unidos. “Eu gritei pela casa, pulei, não sabia o que fazer, a quem contar”, relembra Chaunte.
O caso dela é idêntico ao da equipe brasileira feminina de revezamento 4x100m do atletismo também em Pequim-2008. Por causa do doping da equipe da Rússia, campeã da prova, as brasileiras pularam da quarta colocação para a terceira. Neste mês de março, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) deve promover uma cerimônia de pódio para elas.
Até o astro maior do atletismo teve que passar pelo constrangimento de devolver uma medalha. Também em Pequim-08, igualmente em teste de doping feito em 2016, descobriu-se que um de seus companheiros no revezamento 4x100m, Nesta Caster, fez uso de substância que melhora a performance esportiva e, portanto, é proibida. A equipe da Jamaica perdeu aquele ouro e Bolt teve de mandar de volta a medalha para a Suíça, onde fica a sede do COI (Comitê Olímpico Internacional). Agora, sua coleção de ouros conta com “apenas” oito medalhas e não mais nove.
No caso específico de Chaunte, ela ainda não recebeu seu bronze no salto em altura de Pequim-2008. Mas teve bastante prejuízo por causa do doping das russas e ucranianas que foram desclassificadas. “A gente teve que entregar a casa, trocar de aluguel, foi um período difícil, porque nos faltou dinheiro. Se eu tivesse levado aquela medalha, teria recebido bônus por ela, não teríamos que ter passado por aquela situação”, conta Chaunte.
“Agora eu sinto um misto de alegria, raiva, euforia, tristeza”, resumiu ao repórter Eric Adelson, do Yahoo Sports, dos Estados Unidos.