Blog do Daniel Brito

Arquivo : PyeongChang-2018

Jamaicanos fazem vaquinha na internet para repetir “abaixo de zero” em 2018
Comentários Comente

Daniel Brito

Jamaica disputa os Jogos de Inverno desde Calgary-88 (Streeter Lecka/Getty Images)

O time da Jamaica de bobsled recorreu a doações na internet para fazer valer a tradição, que ora completa três décadas, de disputas dos Jogos Olímpicos de Inverno. Um crowd funding, nome em inglês para financiamento coletivo, tenta arrecadar desde o ano passado US$ 30 mil ( R$ 92 mil) para que os jamaicanos tenham a oportunidade de contratar um técnico e possam disputar os Jogos de PyeongChang-2018, na Coreia do Sul.

Em quase cinco meses de campanha, no entanto, eles não passaram de R$ 20 mil (pouco mais de US$ 6 mil).

Desde Calgary-1988 que a Jamaica participa dos Jogos de Inverno. Uma presença insólita eternizada no cinema no filme “Jamaica Abaixo de Zero”, produzido pelos estúdios Disney em 1993, dirigida por Jon Turteltaub, o mesmo de “Enquanto Você Dormia”, com Sandra Bullock, e o mais recente “A Lenda do Tesouro Perdido”, com Nicolas Cage.

O filme sobre os jamaicanos do bobsled custou, à época, US$ 14 milhões e arrecadou US$ 154 milhões, e romanceou a aventura dos caribenhos na inédita disputa de uma prova dos Jogos Olímpicos de Inverno. Como todos sabem, neve é o que menos tem na Jamaica.

Depois daquele episódio, a Jamaica disputou Albertville-92, Lillehammer-94 e Sochi-2014. Participações que inspiraram outros países tropicais a se aventurar nos esportes do gelo e da neve. O próprio Brasil aderiu as disputas em Albertville-92, na edição seguinte à estreia dos jamaicanos, porém um ano antes da comédia dirigida por Turteltaub.

Para a última edição dos Jogos de Inverno, Jamaica contou com o investimento de uma gigante coreana do ramo de telefones celulares e eletrônicos. Desta feita, contudo, a empresa coreana não se manifestou, embora os Jogos sejam na Coreia do Sul.

Na página do financiamento coletivo na internet, os textos dão conta de que a Jamaica teria até condições de brigar por uma medalha no bobsled em PyeongChang-18, precisa somente contratar um novo John Candy – que no “Jamaica Abaixo de Zero” interpretou um técnico bastardo que aceitou treinar os jamaicanos, e é o protagonista do filme.

Camdy morreu no ano seguinte ao lançamento da produção da Disney. E o curioso é que esta figura de um treinador para os jamaicanos nunca existiu, foi apenas uma licença poética de Turteltaulb para romancear ainda mais a história.

Contratando ou não um novo técnico, o fato é que John Candy sempre fará falta. Seja no time jamaicano de bobsled, seja nas comédias.

Jamaicanos buscam financiar um treinador, que no cinema foi interpretado por John Candy


Ela venceu grave doença cardíaca, agora tenta vaga nos Jogos de Inverno-18
Comentários Comente

Daniel Brito

Bruna passou por delicada cirurgia no coração e retomou a prática esportiva

Quando o Brasil estiver fervendo nos dias que antecedem ao carnaval, a paulista Bruna Moura estará encarando a neve da cidade de Lahti, na Finlândia, em busca de uma vaga nos Jogos Olímpicos de Inverno no esqui cross country. É lá que será realizado o mundial da modalidade, nesta quarta-feira, 22, e quinta-feira, 23.

Para chegar na Escandinávia, ela teve que enfrentar um caminho mais longo e sinuoso que a maioria de suas rivais. E não é só pelo fato de ser brasileira e não ter neve para treinar. Há quatro anos, Bruna submeteu-se a uma delicada cirurgia no coração para corrigir um problema congênito chamado Comunicação Interatrial (Cia).

Quando descobriu a doença, ela era atleta do mountain bike. Chegou a integrar a seleção brasileira em algumas etapas de copa do mundo. Ela teve que parar com todas as atividades esportivas ao ser diagnosticada com Cia. Caiu em depressão, engordou até encontrar com a ex-técnica de ciclismo Jaqueline Mourão.

Jaqueline é uma das mais experientes atletas olímpicas do Brasil. Em Atenas-04 e Pequim-08, representou o Brasil no mountain bike. Em Torino-06, Vancouver-10 e Sochi-14, estava lá com a bandeira verde-amarela no esqui cross country e no biatlo, prova que combina resistência (esqui) e precisão (tiro esportivo) na neve.

Foi ela quem guiou Bruna no auge do trauma pela descoberta da doença. Jaqueline ajudou a conseguir, após muito esforço e sorte, uma cirurgia gratuita no Instituto Dante Pazzanese, do governo do Estado de São Paulo.

Quando não está fora do Brasil, Bruna treina com roller esqui, no interior de SP

Entre a descoberta da doença e a cirurgia, Bruna conheceu o roler esqui, modalidade utilizada pelos brasileiros adeptos do esporte na neve para treinar sem neve por essas bandas. Gostou, mas não podia dedicar-se integralmente por causa de sua saúde. Mas a CBDN (Confederação Brasileira de Desporto na Neve) guardou seus contatos.

E os utilizou meses após Bruna recuperar-se da cirurgia. Sem a enfermidade, Bruna pôde voltar a praticar esportes em alto rendimento. Quando preparava-se para voltar ao mountain bike, recebeu o telefone da CBDN convidando para retomar as atividades no roler esqui.

“Eu fiz uma última prova de mountain bike, para me despedir, e fui me dedicar ao roler esqui”, conta ao blog, Bruna. A primeira temporada completa de competições no exterior foi em 2015, sem resultados expressivos.

Já em 2017, disputou a Universíade de inverno (jogos mundiais universitários), em Almaty, no Cazaquistão. Competiu nos 15km Class Start Classic, em que todos os participantes largam ao mesmo tempo. Nas últimas três provas que disputou – 5km Individual Classic, 5km Pursuit Free e Sprint Classic – ela esteve muito próxima de alcançar o índice olímpico, que deve ser abaixo de 300 pontos da Federação Internacional de Esqui (FIS). Na 15km Mass Start Classic, Bruna alcançou a pontuação FIS 380.34.

Como ironia do destino, ela disputa uma vaga para chegar a PyeongChang-2018, sede dos Jogos Olímpicos de Inverno, com sua “anjo da guarda”, Jaqueline Mourão, que a ajudou quando mais precisava.

Bruna tenta vaga no esqui cross country nos Jogos de Inverno de PyeongChang-2018


< Anterior | Voltar à página inicial | Próximo>