Blog do Daniel Brito

Basquete feminino tenta há cinco anos naturalizar atleta para a seleção

Daniel Brito

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Cubana Ariadna está no Brasil há 10 anos e hoje defende o Americana-SP (Divulgação)

A ideia é fazer algo semelhante ao que a seleção comandada pelo argentino Rúben Magnano já fez. Transformar um talento estrangeiro, desperdiçado ou esquecido pelo seu país de origem, em atleta do Brasil para disputar os Jogos Olímpicos pelo selecionado feminino.

No masculino, o escolhido foi o armador Larry Taylor, nascido em Chicago, mas naturalizado nos idos de 2011 para reforçar o Brasil em Londres-2012. Calhou de ele atuar no NBB (Novo Basquete Brasil) por um bom tempo, saber português, ter uma certa bagagem, e desempenhar uma função até então carente no escrete de Magnano.

Esse é o problema no feminino. Grande parte das estrangeiras que aqui estão chegaram há pouco tempo, o que dificulta (mas não inviabiliza) no processo de naturalização, ou desempenham função na qual a seleção está bem servida, que é o caso das pivôs e alas-pivôs. Às vezes, as duas coisas juntas impedem que a CBB (Confederação Brasileira de Basquete) concretize seu planejamento.

Na semana passada, por exemplo, encontrei-me com o presidente da CBB, Carlos Nunes, na porta do Ministério do Esporte, em Brasília. Em um papo de 10 minutos, ele me contou que estava confiante quanto à liberação da verba de convênio para o time feminino e, quando perguntado sobre uma possível naturalização de uma atleta, Nunes me agradeceu: “Pois é, rapaz, a gente está vendo isso aí. Foi bom você me lembrar, porque vou até cobrar uma posição do departamento técnico.''

Em novembro do ano passado, após uma audiência pública da Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados, em Brasília, o diretor técnico da CBB, Vanderlei Mazzuchini me contou que havia uma procura por uma jogadora estrangeira. Citei o caso da cubana Ariadna, ala-armadora hoje no Americana, de São Paulo. “É uma opção. Mas ela não pode, eu acho”, disse-me Mazzuchini.

Ariadna não esconde o desejo de defender o Brasil, mas esbarra em alguns problemas: ela não é armadora, mas ala-armadora, e o mais grave de todos, defendeu o selecionado adulto de Cuba no Pan de Santo Domingo, em 2003, o que a impede de atuar por outra equipe nacional. “Mas eu adoraria, pena que não posso”, comentou Ariadna, em entrevista por telefone em novembro do ano passado.

Desde 2011 que a CBB menciona a possibilidade de naturalizar uma armadora. Hortência, então diretora da confederação, disse à Folha de S.Paulo em janeiro daquele ano que procurava uma atleta para substituir Adrianinha, que iria deixar a seleção após Londres-12. Adrianinha até anunciou aposentadoria do time nacional, mas teve de voltar por falta de opções. Os anos se seguiram, e a ideia manteve-se viva de alguma maneira do departamento técnico da CBB. Chegou 2016, estão chegando os Jogos Olimpicos e a seleção feminina não conseguiu 1) trabalhar a base suficientemente bem para desenvolver jogadoras de nível internacional e 2) ninguém conseguiu executar o plano de naturalizar uma atleta para defender o Brasil no Rio-2016.