“O esporte está acima da crise”, afirma novo ministro
Daniel Brito
O paulistano Ricardo Leyser foi nomeado oficialmente como ministro do Esporte há uma semana, na terça-feira, 29, e no domingo, 3, fez seu primeiro compromisso público no cargo. Esteve na final da Superliga feminina de vôlei, no ginásio Nilson Nelson, em Bras ília, premiou as três melhores equipes da competição e conversou por cinco minutos com o blog.
A crise econômica e política que o Brasil atravessa parece, pelo discurso de Leyser, passar ao largo da organização dos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Ele vê a realização do mega evento esportivo em agosto como um mecanismo para não só aliviar como superar as vicissitudes.
O novo ministro, que tem um orçamento inicial de R$1,3 bilhão, aproveitou para apontar sua preocupação com a gestão dos recursos públicos aportados nas entidades esportivas do país – de acordo com o TCU, serão R$ 7 bilhões desde 2012.
Já é possível notar no tom de Leyser um prenúncio de que após os Jogos-2016 esse investimento deixe de existir, por isso tem como meta “aproximar a iniciativa privada ao financiamento de projetos esportivos”.
Confira abaixo trechos da conversa com Leyser após a final da Superliga feminina de vôlei, no domingo, 3, em Brasília.
BLOG DO BRITO: como você vê a realização dos Jogos Olímpicos em meio a esta crise política e econômica?
RICARDO LEYSER: Os Jogos vêm na hora certa. Porque nas horas de dificuldade que nós precisamos achar projetos que unam a nação. Acredito que todas as pessoas, apoiem o governo ou sejam contra, gostam do esporte, torcem pelo Brasil, querem melhor para o país. E os Jogos Olímpicos é um projeto em que não importa em quem você tenha votado, você é o Brasil. Além disso, você tem a oportunidade de conhecer atletas que nunca teria acesso normalmente. Acredito que a população vai gostar demais dos Jogos, vai ajudar a superar o momento de crise e intolerância e é a contribuição do esporte para geração de emprego, de renda.
Acredita que as manifestações populares também atinjam a organização dos Jogos-2016?
Tudo o que temos visto é apoio, todos felizes apoiando. As pessoas entendem que o esporte está acima de tudo isso e o país está acima de tudo isso.
Agora na condição de ministro, você tem algum projeto que pensa em se dedicar?
Estamos vindo de uma linha já de anos com vários ministros mantendo o trabalho dos antecessores. Isso explica um pouco do sucesso do Ministério do Esporte, por isso que o Ministério consegue entregar suas obras, como Copa do Mundo e Jogos Olímpicos. Mas temos algumas questões a olhar estrategicamente. Um deles é a gestão das entidades esportivas, como é que a gente consegue dar um salto nessa gestão. É claro que tem melhorado, já há bons indicadores, mas ainda precisamos melhorar muito. Temos que nos preparar para gerir o legado dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos e o da Copa do Mundo. Com uma infraestrutura sensacional, como receber outros eventos? Do ponto de vista nacional, você tem 12 cidades que receberam a Copa, fora outros estádios que foram construídos, como do Palmeiras e do Grêmio. E todo o legado olímpico, com pistas de atletismo e ginásios. É importante um trabalho para gerir isso. Outro trabalho que achamos importante, é aproximar mais a iniciativa privada do financiamento do esporte. O esporte ainda depende demais do governo federal. Esporte é prioridade no governo Dilma, mas nós gostaríamos que houvesse uma maior aproximação das empresas privadas, para que a gente possa ir realocando os recursos públicos mais na base e na inclusão, para identificar o segmento que está precisando mais e destinar o investimento público. Trazer a iniciativa privada é uma das nossas tarefas.
Qual é o acordo com o Palácio do Planalto? Você fica como interino até que seja nomeado novo ministro?
A presidente me convidou para tocar Jogos Olímpicos e estamos normalmente, um dia depois do outro nos dedicando ao trabalho.