Pode vir do cinema um alento na venda de ingressos dos Jogos Paraolímpicos
Daniel Brito
Ao terminar de assistir ao documentário Paratodos, que entra em cartaz em todo o país na próxima semana, lembrei-me de uma conversa que tive com um amigo jornalista que hoje é editor de política de um grande veículo de comunicação. Ele me perguntou, certa feita, após Londres-2012: “O que fazem os atletas paraolímpicos entre cada edição dos Jogos Paraolímpicos?”.
O filme de Marcelo Mesquita, mesmo diretor de “Cidade Cinza”, é um belo mosaico de personagens. São quase duas horas de histórias de pessoas que levam a vida como atleta. Em determinado momento da película, lá pelo minuto 50 ou 70, você se dá conta que tratam-se de pessoas com diversos graus de deficiência.
É disso que o filme Paratodos diz respeito. De esporte, da vida de atleta, do ganhar e perder de todo o dia, enfim, do caminho até o Rio-2016.
Meu colega de blog no UOL Esporte, Juca Kfouri, há duas semanas o descreveu da seguinte maneira: ''Não sei se é comovente porque é profundamente alegre ou se é alegre porque é profundamente comovente.''
Cá, de minha parte, digo que é alegre, comovente e intrigante. Porque nos mostra um lado esquecido do noticiário esportivo. E também nos apresenta atletas que acreditamos que só existam a cada quatro anos, mas estão ai, todos os dias, em sua árdua missão de fazer do esporte uma razão de viver.
Vão além da surrada máxima de que eles são heróis da superação ou “heróis nacionais”, como foi dito há um par de dias. Como elevar alguém a este status se não sabemos contra quem estão competindo? Qual é o nome de seus rivais? São argentinos, americanos, franceses, russos, chineses?
Nunca ouvimos falar. Por diversos motivos.
O filme Paratodos não me parece querer vender o lugar comum, o clichê, o pensamento fácil. Ele põe a refletir ante a um cenário multicores.
Somos bons, somos maus, somos falíveis, temos vida. Nossos atletas paraolímpicos triunfam, vacilam, como cada um de nós. E, olha que legal, eles têm alguma deficiência. Pode ser física ou pode ser visual. Isso já não faz a menor diferença em determinado momento do filme. São atletas e levam a vida a vencê-la.
E é aí que mora a esperança de ver os Jogos Paraolímpicos do Rio-2016 tão grande quanto foram os Jogos de Londres-2012, de arenas lotadas, popularidade altíssima e audiência na TV jamais vista no Reino Unido. Paratodos pode ser o incentivo que a organização tanto busca para incrementar a venda de ingressos para os Jogos Paraolímpicos – até aqui tem apenas a garantia da prefeitura de ter mais claque do que torcedor de verdade.
E, de quebra, Paratodos ajuda a responder à dúvida do meu amigo jornalista e de todas as outras pessoas que só assistem ao esporte paraolímpico a cada quatro anos.