Rio-16 tenta o que DF não conseguiu: salvar o gramado do Mané Garrincha
Daniel Brito
O Comitê Organizador Rio-2016 tem 25 dias para salvar o gramado do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Desde 11 de julho a arena está entregue à organização dos Jogos, que montou força-tarefa dedicada ao campo de jogo. No próximo dia 4, às 16h, a seleção masculina estreia contra África do Sul, no Distrito Federal.
O gramado é um ponto de preocupação no gigante de 72 mil lugares erguido para receber o Mundial da Fifa, dois anos atrás. No último dia 10, o Flamengo enfrentou o Atlético-MG com o campo em condição lastimável. A grama estava queimada, dava até a impressão de que um trator havia arado o terreno minutos antes de a bola rolar. Havia areia em todo o campo, a pequena área estava remendada com placas de grama. Os jogadores reclamaram das condições publicamente.
De acordo com a Comitê Rio-2016, nada disso será visto quando começarem os Jogos. “Uma equipe de especialistas trabalha na recuperação e preparação do gramado. Com a interrupção do uso do estádio e o trabalho intensivo dos agrônomos, o campo estará em melhores condições para receber as dez partidas programadas para Brasília”, informou o Rio-16, por meio de sua assessoria.
Serão vetados treinamentos no Nacional. Nem sequer o tradicional reconhecimento de gramado, no dia que antecede à partida, será permitidos, apenas um passeio, sem chuteira, só de tênis, pelo campo.
Problema crônico
Brasília foi contemplada com 10 partidas de futebol nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 em um período de oito dias, de 4 a 12 de agosto. Assim, o Estádio Nacional terá quase 50% a mais de jogos nas Olimpíadas do que no Mundial Fifa-14. A Copa do Mundo levou ao Distrito Federal sete partidas em um período de 24 dias. Após os primeiros 270 minutos de bola rolando (três jogos), contudo, o gramado brasiliense começou a apresentar algumas falhas.
Para a Rio-16, o prazo de 72 horas entre duas partidas, respeitado pela Fifa, só será considerado uma única vez. Até porque os Jogos Olímpicos têm 16 dias de duração, contra 30 da Copa do Mundo. Para aumentar o drama do gramado, haverá rodadas duplas do torneio olímpico nos dias 7, 9 e 10 de agosto.
O gramado é um dos problemas crônicos desta arena, de valor estimado em R$ 1,9 bilhão, de acordo com o Tribunal de Contas do Distrito Federal. O GDF (Governo do Distrito Federal) até agora não se mostrou capaz de deixar o campo de jogo em estado perfeito, ainda que ele seja subutilizado. O mesmo Tribunal de Contas também estimou que houve um superfaturamento de R$ 1 milhão do gramado quando da reconstrução do estádio.