Blog do Daniel Brito

Arquivo : antidoping

Brasil vai à Escócia para evitar perder o credenciamento da Wada
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Daniel Brito

O Brasil pode perder, ainda nesta semana, o credenciamento da Wada (sigla em inglês para Agência Mundial Antidoping). Encontro marcado para este final de semana em Glasgow, na Escócia, vai definir o futuro da estrutura brasileira responsável pelo controle de doping no Brasil. O chefe da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem), o campeão olímpico do judô, Rogério Sampaio, irá nesta quinta-feira, 17, à Escócia tentar evitar o descredenciamento da ABCD.

A Wada questiona a lentidão brasileira em instalar e por em funcionamento um tribunal único antidopagem. A agência mundial estabeleceu fevereiro de 2017 como limite para que já esteja pronto. Porém, o processo segue a liturgia burocrática brasileira e nem sequer os integrantes deste tribunal foram definidos. A previsão é de que ao final de novembro, na próxima reunião do Conselho Nacional de Esportes, haja a escolha.

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Rogério Sampaio (à dir.) no Conselho Nacional de Esporte: nomes para o Tribunal sairão neste mês (Francisco Medeiros/ME)

A Wada pediu que o Brasil instalasse este tribunal para dar mais transparência aos julgamentos dos casos de doping. Até hoje, eles são realizados dentro da estrutura organizacional das próprias federações esportivas. A Wada quer um tribunal autônomo. As federações estão indignadas, acreditam que um Tribunal Único Antidopagem seria inconstitucional e preparam uma ADIN (Ação Direita de Incostitucionalidade), sob a alegação de não ser permitido um tribunal esportivo mantido pela União.

Outro aspecto que também incomoda a Wada é a baixa frequência de testes fora de competição. Até junho, ainda na gestão de Marco Aurélio Klein à frente da ABCD, que antecedeu Sampaio, havia uma taxa semelhante a 50% dos testes feitos fora do período de competições. O COB (Comitê Olímpico Brasileiro) queixou-se desta frequência na reta final da preparação dos atletas brasileiros para a Rio-2016. Após a saída de Klein, exonerado pelo ministro Leonardo Picciani, já no governo Michel Temer, o LBCD (Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem), antigo Ladetec, foi entregue à organização dos Jogos do Rio-2016, para atender à demanda da Olimpíada e Paraolímpiada -o que já era previsto. Só retornando à sua atividade normal em setembro.

Sampaio garante que continua que os testes fora de competição, mas não apresentou números e tampouco quais já foram feitos de setembro até hoje. Sampaio já esteve em contato com a Wada no início de outubro, ao lado do ministro do Esporte, Leonardo Picciani, e de Eduardo de Rose, responsável pelo antidoping na Rio-2016, altamente criticado pela Wada. Porém, a ameaça de perder o credenciamento persiste.

“Mostramos à Wada que estamos seguindo tudo á risca, de acordo com as exigências da agência mundial, mas também seguindo a tramitação da legislação brasileira. Vamos reforçar que seguimos neste caminho e que não há razão para descredenciamento. Estou confiante de que a Wada entenderá a situação”, disse Sampaio.
Além do Brasil, outras agências nacionais estão sob o risco de descredenciamento: Grécia, Azerbaijão, Guatemala e Indonésia. A decisão deve ser anunciada até a próxima segunda-feira, 21.


Italiano consegue a proeza de ser pego no doping com 11 substâncias ilegais
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Daniel Brito

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Foram encontrados 10 anabolizantes e uma substância de uso feminino no sangue de Vasta (reprodução/Twitter)

O italiano Davide Vasta, jogador de rúgbi do Amatori Catania, da terceira divisão italiana, entrou para a história como o que pode ser considerado o atleta mais dopado de todos os tempos. Em teste realizado fora de competição, foram encontradas onze (onze!) substâncias proibidas no sangue. Eram dez anabolizantes e um para combater o aumento dos seios, de uso exclusivamente feminino.

Não há registro confiável de algum outro atleta profissional que tenha ingerido tantos produtos e sido flagrado em controle de dopagem. O caso chocou a agência de combate ao doping da Itália. O clube de Vasta emitiu uma nota, horrorizado, informando tratar-se de um caso estritamente pessoal e alheio à agremiação.

Junto com Vasta, outro companheiro de clube também testou positivo, mas “apenas” para quatro substâncias.
À agência de notícias italiana Ansa, Davide Vasta pediu desculpas. “Cometi um erro, fiz por pura ignorância. Há um ano participei de um concurso de fisioculturismo e tomei substâncias que não sabiam que eram proibidas”, justificou-se.

No sangue do jogador de rúgbi foram encontrados: testosterona, boldenona metabólica,  drostanolona, mesterolona, methandienone, methasterona (popularmente chamada de Superdroll),  Methyl-D (methyldienolone), stenbolone metabólica, clomiphene, 19-noretiocholanolone e, (ufa!) 19-norandrosterona.

Um médico ouvido pelo jornal italiano Gazzetta dello Sport afirmou que é impossível que tamanha combinação permaneça no organismo de uma pessoa por um ano. E afirmou que a ingestão de tais substâncias pode fazer com que Davide Vasta corre o risco de se tornar infértil, sofrer com psicose ou até mesmo morrer por infarto.
Ele está suspenso preventivamente. Ainda não houve o julgamento do caso.


Você sabia? Brasil vive um surto de doping por EPO
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Daniel Brito

Uênia Fernandes, ciclista e militar, amarga um gancho de quatro por uso de EPO (divulgação)

Uênia Fernandes, ciclista e militar, amarga um gancho de quatro anos por uso de EPO (divulgação)

Um grande atleta olímpico brasileiro costumava dizer, em rodinha entre amigos de confiança, que o atleta brasileiro mal sabe se dopar. É um chiste politicamente incorreto para exemplificar a falta de profissionalismo no chamado “esporte amador” brasileiro. Pois esta frase vai perdendo sentido aos poucos no país.

Porque, sim, os brasileiros estão seguindo os métodos de dopagem mais sofisticados no exterior para tentar melhorar o desempenho nas competições internacionais. Basta observar que do final de 2014 ao início de 2016 foram registrados seis casos positivos de EPO (eritropoetina).

Se tomarmos como parâmetro o relatório mais recente da Wada (Agência Mundial Antidopagem, na sigla em inglês), com estatísticas apenas da temporada 2014, os casos positivos no Brasil representariam quase 10% das ocorrências no mundo inteiro – Wada confirmou 57 atletas flagrados no período.

O número significativo de brasileiros se deve ao trabalho da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem), que passou a investir em exames fora de competição e promover testes de sangue no recentemente erguido LBCD (Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem), antigo Ladetec, na UFRJ.

Antes do advento do LBCD, o Brasil via um ou dois atletas por temporada serem flagrados por EPO. A maioria das punições ocorriam aos que eram flagrados com estimulante, como aqueles que se vendem em farmácias com relativa facilidade. Daí o motivo da tirada infame de um certo grande atleta olímpico brasileiro, que mencionei no início deste texto.

O EPO é um hormônio produzido pelo rim que regula os glóbulos vermelhos (oxigênio) no sangue. Quando injetado em atletas, pode melhorar a performance esportiva em até 30%. É muito utilizado nas provas de endurance, como ciclismo e atletismo. Pode causar grave dano à saúde, por aumentar a viscosidade do sangue.

A ABCD não divulgou o nome dos seis desportistas que testaram positivo para EPO entre o fim de 2014 e o início de 2016.

Pelo andar da carruagem, é provável que mais brasileiros engrossem o sangue com EPO até os Jogos Olímpicos do Rio-2016 e ampliem o surto de doping por esta substância no país.


Ciclistas recebem salário das Forças Armadas mesmo punidos por doping
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Daniel Brito

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Uênia (a terceira da esq. para dir.) no pódio do Mundial Militar, na Coreia do Sul (Divulgação)

Os ciclistas Uênia Fernandes e Alex Arseno estão suspensos de competições esportivas pelos próximos quatro anos após terem sido flagrados em exame antidoping realizado em setembro. Alex e Uênia também são terceiro sargento da Aeronáutica, recebem mensalmente R$ 3,774 de salário.

Eles tornaram-se militares pelo programa de alto rendimento das Forças Armadas do Brasil, que seleciona atletas com potencial olímpico para ingressar no Exército, Aeronáutica ou Marinha. Mesmo punidos na esfera esportiva pelo uso de substâncias proibidas, Alex e Uênia permanecem normalmente como terceiro sargento das Forças Armadas, inclusive recebendo salário, segundo informou a assessoria da FAB (Força Aérea Brasileira).

A FAB explica que não excluiu Alex e Uênia de seus quadros porque não recebeu notificação oficial da CBC (Confederação Brasileira de Ciclismo) informando da suspensão da dupla. A CBC, no entanto, informou que não precisa noticiar a FAB sobre o resultado do julgamento, uma vez que a informação está publicada na página da confederação na internet.

Assim, Alex e Uênia vivem uma situação pitoresca. São membros das Forças Armadas do Brasil somente porque se enquadraram no perfil de esportista que os militares querem em suas fileiras, contudo, estão proibidos de competir porque foram punidos por uso de doping.

Falha de comunicação
Não é a primeira vez que caso desse tipo acontece. O arguto repórter do UOL Esporte, meu amigo Fábio Aleixo, mostrou em agosto do ano passado o caso do nadador João Gomes Jr. Ele é terceiro sargento da Marinha e foi suspenso por doping em fevereiro de 2015. Ficou seis meses impedido de competir, ainda assim manteve-se nas Forças Armadas, onde permanece até hoje.

O edital público para o qual Alex, Uênia e até João Gomes Júnior aplicaram para se tornar miliatares é bem claro quanto aos casos de desportistas punidos por doping: exclusão do programa de alto rendimento das Forças Armadas. Falta, como se vê, uma maior comunicação neste aspecto entre os militares e as confederações esportivas.

Porque, Alex Arseno, por exemplo, não só admitiu que fez uso de substância que melhora a performance esportiva como anunciou publicamente o fim da carreira como atleta. Uênia, por sua vez, foi julgada duas vezes pelo STJD da CBC. Na primeira, foi estranhamente absolvida, no que seria um raro caso de inocetar um atleta flagrado com taxa alterada de EPO (eritropoetina) no organismo. Foi preciso a ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem) intervir e identificar falhas no julgamento, para que houvesse novo arbitrio e, aí sim, Uênia levou um gancho de quatro anos.

O caminho da burocracia
Os casos já foram encerrados na justiça desportiva no Brasil. Se quiserem recorrer, Uênia e Alex terão de ir ao TAS (Tribunal Arbitral do Esporte), na Suíça. O que não ocorreu até o momento. É importante lembrar, também, que Uênia vem de uma familia com casos frequentes de doping.

Entre o exame que a flagrou com EPO e a punição, ela representou o país na prova de estrada nos Jogos Militares, na cidade sul-coreana de Mungyeong, e conquistou o ouro por equipes na prova de estrada, ao lado das primas Clemilda e Janildes.

Segundo a assessoria da CBC, este resultado deve ser invalidado, e aí a suspensão deve chegar naturalmente à FAB. Basta que a UCI (União Ciclística Internacional) registre em seu site a punição a Uênia. Em seguida, O CISM (Conselho Internacional de Esportes Militares) será notificado, e só ai as Forças Armadas do Brasil poderão ser oficialmente informadas do caso.

Nas últimas duas semanas, o blog vem contatando a assessoria de imprensa da FAB para saber se havia alguma novidade sobre o caso. Em todas as ocasiões foi sempre muito bem atendido e ouviu que os atletas permanecem normalmente na Força Aérea até que receba uma notificação da confederação, aí eles serão desligados pela Aeronáutica, conforme previsto no edital de convocação.

O último contato foi na tarde da sexta-feira, 26.


São Silvestre deste ano terá blitz de controle antidoping
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Daniel Brito

A São Silvestre deste ano terá uma operação especial da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem). Uma equipe com profissionais do Rio e de Brasília está em São Paulo preparando uma blitz antidoping na tradicional prova do dia 31 de dezembro.

“Nosso objetivo é fazer cerca de 20 coletas de urina para serem analisadas no LBCD”, explicou Marco Aurélio Klein, chefe da ABCD, citando o recém-inaugurado Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem, o antigo Ladetec, no Rio.

O número representa o dobro do que costumeiramente a São Silvestre submeteu seus atletas. Klein explicou que não apenas os atletas que forem ao pódio serão testados, mas também outros participantes serão alvo, alguns até indicados pelo serviço de inteligência da agência no combate e prevenção ao doping. Inclusive os estrangeiros.  “Serão realizados todas as análises possíveis da urina coletada, e apenas da urina. Inclusive a utilização da EPO”, informou Klein, referindo-se ao hormônio chamado eritropoietina, que aumenta a oxigenação do sangue.

Nas últimas oito edições, apenas um brasileiro conseguiu sagrar-se campeão: Marílson Gomes dos Santos, em 2010. De 2007 para cá, foram cinco triunfos quenianos e dois etíopes. No feminino o jejum é ainda maior. O último triunfo brasileiro foi de Lucélia Peres, em 2006.

A largada da prova feminina da São Silvestre neste ano será às 8h40 (de Brasília) desta quinta, 31. Às 9h, ocorre a partida da elite masculina.


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