Blog do Daniel Brito

Arquivo : Carlos Arthur Nuzman

COB põe teto em salário de dirigentes, mas paga mais a seus executivos
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Daniel Brito

O Comitê Olímpico Brasileiro estabeleceu um teto salarial para os presidentes das confederações filiadas. Nenhum diretor estatutário (eleito em assembleia) pode ter vencimento mensal superior a R$ 22 mil. O corpo diretivo do comitê, entretanto, não se enquadra nesta regra e a remuneração de um executivo pode superar os R$ 40 mil.

Ambas as informações estão no site do COB, na seção “gestão financeira”.

A regulamentação do salário dos “diretores estatutários” das confederações foi oficializada em portaria publicada na página do comitê no final de novembro último passado. Duas semanas mais tarde, o TCU (Tribunal de Contas da União) pôs em pauta no plenário um relatório sobre os salários dos dirigentes, entre outras coisas.

A tabela de cargos e salários de todos os funcionários do COB, publicada após exigência do TCU  por utilizar dinheiro público, aponta: diretor-executivo e secretário-geral ambos embolsam rendimentos superiores a R$ 40 mil. O UOL Esporte revelou a queda do sigilo dos salários do COB em março de 2015, quase dois anos atrás.

(O presidedente do COB, Carlos Arthur Nuzman, na cadeira desde 1995, portanto, 22 anos, não recebe salário,  como você já leu no link do parágrafo acima)

Os salários dos demais cartolas do COB, de acordo com o próprio comitê, seguem parâmetros estabelecidos em pesquisa de mercado, levando-se em conta a capacidade e experiência de cada funcionário. Já a cartolagem das filiadas (confederações) mantidas, majoritariamente, à base de verba da Lei Piva (arrecadação das loterias – recurso público), precisa obedecer lei federal que regula limite salarial do funcionalismo público.

Ao blog, o COB explicou, por intermédio de sua assessoria de imprensa, a disparidade nos salários entre seus executivos e os presidentes de confederações. “O limite da remuneração dos servidores públicos federais equivale ao subsídio de Ministro do STF, cujo valor é R$33.763,00. Portanto, para fins de cálculo da remuneração dos dirigentes estatutários (presidentes eleitos em suas Confederações são dirigentes estatutários) calculou-se 70% desse teto, que daria R$23.634,10, segundo o TCU  e se padronizou que, com recursos da Lei Agnelo Piva o valor seria R$22.000,00”.

Os técnicos do TCU que elaboraram o relatório posto em pauta em dezembro-16 pelo ministro Vital do Rêgo Filho, conhecido na Paraíba, seu Estado de origem, como Vitalzinho (citado repetidas vezes em delações na Operação Lava Jato), entendem que o COB paga “salário superior, em seu valor bruto, a 70% do limite estabelecido para a remuneração de servidores do Poder Executivo Federal”.  O relatório aponta que o comitê pode até ultrpassar o limite do funcionalismo federal, desde que o faça com recursos da iniciativa privada e não da Lei Piva.

Ao blog, o COB deu seu justificativa: “Caso o COB decida remunerar seus dirigentes com recursos públicos, pois hoje não o faz, certamente observará o mesmo teto:70% (setenta por cento) do limite estabelecido para a remuneração de servidores do Poder Executivo federal”.

 


Nuzman diz que não fará mais eventos esportivos: “Cheguei ao meu limite”
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Daniel Brito

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Nuzman fez palestra aos servidores do Senado, em Brasília (Jefferson Rudy/Agência Senado)

O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, 74, disse que não irá organizar mais eventos esportivos. A afirmação ocorreu na tarde de terça-feira, 25, no Senado, em palestra voltada apenas para servidores da casa. Em pouco mais de uma hora, Nuzman falou sobre os resultados dos Jogos Olímpicos e comentou sobre seus próximos passos.

“É muito importante vivermos de desafios. Eu adoro. Saindo aí de 15 anos organizando grandes eventos: Jogos Sul-Americanos-2002, Pan-Americanos-2007, Jogos Olímpicos-2016, é natural que eu tenha me questionado sobre os próximos desafios. Bom, em breve eles virão, mas eu não vou organizar mais eventos. Chega. Cheguei ao meu limite ao terminar os Jogos Olímpicos”.

Como já é sabido, Nuzman conquistou o direito de passar mais quatro anos à frente do Comitê Olímpico Brasileiro. Se este for seu último mandato, como se crê, deixará a entidade em 2020, após os Jogos de Tóquio, com 25 anos de presidência. Cogitou-se a possibilidade de ele candidatar-se à presidência da ODEPA (Organização Desportiva Pan-Americana), responsável pela organização do Pan e dos Jogos Sul-Americanos.

Após o fim da palestra, questionei Nuzman sobre esta afirmação. O diálogo transcorreu da seguinte forma.

– Blog do Brito: Em sua apresentação, você disse que não fará mais eventos esportivos, porque chegou ao seu limite. Quais são seus próximos planos?
Carlos Arthur Nuzman: Por enquanto não tem nada. Quando houver, anunciarei.
– Mas a Odepa é um horizonte?
Não tenho nenhuma decisão a respeito. 
– Vitor de Moraes (repórter do Correio Braziliense): Existe a possibilidade de você se afastar do COB para concorrer à presidência da Odepa?
Eu me afastar? Primeiro, não precisaria. Segundo, eu não decidi sobre isso.

Também perguntei sobre sua sucessão no COB e o novo vice-presidente da entidade, Paulo Wanderley, advindo da Confederação Brasileira de Judô. “O André Richer [vice de Nuzman no COB até então] foi durante muito tempo meu vice, mas ele já não queria mais continuar. Então escolhi o Paulo Wanderley, pelo excepcional trabalho que faz no judô. Agora, sobre sucessão, quem trata são as confederações, não sou eu”.

Antes de Tóquio-2020, bem antes, Nuzman afirma querer lançar dois livros e um filme sobre os Jogos Olímpicos do Rio-2016, do qual era presidente do Comitê Organizador. Os livros serão sobre a candidatura do Rio para receber a Olimpíada e outro sobre os Jogos em si. Já o filme, será como um documentário do evento. “Até o final do ano fica pronto, Aí a gente traz aqui [no Senado] e convida os senadores. Vamos dar essa colher de chá para eles”.


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